Imagem da matéria: CPI das Pirâmides Financeiras quebra sigilo bancário de Ronaldinho Gaúcho
Ronaldinho Gaúcho na CPI das Pirâmides Financeiras (Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados)

A CPI das Pirâmides Financeiras aprovou a quebra do sigilo fiscal e bancário de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto de Assis. O pedido foi feito no Requerimento 214/2023, do deputado Ricardo Silva (PSD/SP), relator da comissão, e aprovado em votação na quarta-feira (27). 

Na justificativa para quebrar os sigilos de Ronaldinho, o deputado afirmou que a empresa 18k Ronaldinho promoveu a ideia de retornos financeiros de até 400% em menos de um ano e que existem mais de 300 queixas no Reclame Aqui de investidores que não conseguem recuperar seus investimentos. Esses são indícios que se trata de uma pirâmide financeira

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“É crucial analisar os Relatórios de Inteligência Financeira do Sr. Ronaldo Moreira e do Sr. Roberto Moreira para compreender a magnitude e extensão desse esquema fraudulento”, disse o deputado Ricardo Silva.

O Bruxo e a CPI

A história de Ronaldinho e a CPI das Pirâmides Financeiras é conturbada. Primeiro houve uma incerteza na hora de convocá-lo: o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL/SP) entrou com um pedido para retirar de tramitação o requerimento que havia feito na CPI das Pirâmides Financeiras, no qual pedia a convocação de Ronaldinho Gaúcho na condição de investigado. 

Isso foi aparentemente um arranjo de bastidor, para que o deputado Ricardo Silva prevalecesse com o requerimento que convocava o ex-jogador na condição de testemunha.

Depois começou o drama da presença de Ronaldinho na CPI. O ex-atleta faltou duas vezes e enervou os deputados, que disseram que iriam imediatamente buscar na Justiça uma ordem para que o convocado fosse conduzido coercitivamente para a Câmara dos Deputados.

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Mas no dia 31 de agosto, finalmente Ronaldinho compareceu. O ex-jogador disse que tinha apenas um contrato para licenciar sua imagem para venda de relógios. Os empresários, Rafael Horácio Nunes de Oliveira e Marcelo Lara Marcelino, teriam então feito uma nova empresa para promover a pirâmide, sem que o pentacampeão tivesse dado autorização. 

“Nunca foi autorizado que a 18k Ronaldinho utilizasse meu nome e minha imagem ou apelido na razão social da empresa”, disse ele, cravando: “Fui vítima”.

Os cassinos do Ronaldinho

Ronaldinho Gaúcho tem uma longa lista de promoções de projetos que naufragaram e até mesmo operações suspeitas de serem de pirâmides financeiras. Incluindo a polêmica 18k, são pelo menos dez ações suspeitas que tiveram ex-craque como protagonista.

Em junho, o ex-jogador da Seleção lançou um portal próprio, que mistura apostas esportivas com jogos de azar online, justamente em meio a polêmicas que envolve empresas como BlazeStake.comBetano e Bet365 no Brasil.

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Conforme anunciado pelo jogador apelidado de “Bruxo”, o nome do seu novo negócio é Bruxo10.bet. Apesar de levar o nome do jogador, a plataforma é de responsabilidade da companhia Digital Ventures N.V., registrada em Curaçao – mesmo país do Caribe onde está registrado o cassino de jogos de azar Blaze.

O Bruxo10.bet é mais um negócio estrangeiro que atua com bets, ou apostas esportivas. No caso do novo negócio de Ronaldinho, no entanto, o que chama a atenção é a associação com jogos de azar, como roletas e máquinas de caça-níquel, que são formalmente proibidos no Brasil, tendo um projeto de lei para legalização aprovado na Câmara e que espera por votação no Senado.

As empresas desse setor operam através de zonas cinzentas da legislação, alegando que são estabelecidas em outros países e que respondem apenas às regras locais.

O fato de empresas desse tipo serem sediadas fora do Brasil também dificulta sua responsabilização perante a Justiça diante dos inúmeros casos de reclamações de clientes lesados.

Promoções suspeitas

Em outubro do ano passado, o ex-jogador passou a promover a controversa plataforma de negociação de opções binárias Olymp Trade. Assim como a IQ Option, a Olymp Trade já recebeu alertas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por atuação irregular no mercado brasileiro.

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Em fevereiro de 2019, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou a suspensão das atividades da empresa Olymp Trade por atuar de forma irregular no mercado brasileiro. A autarquia ainda instituiu pena de multa diária de R$ 1 mil, caso a determinação fosse descumprida.

No início deste ano, outra pirâmide financeira, a Braiscompany, foi uma dos patrocinadoras de um evento beneficente que teve Ronaldinho como atração. O “Jogo das Estrelas” ocorreu em Limeira (SP). O CEO da empresa, Antônio Neto Ais – que anteriormente havia postado uma foto com o jogador – não deu as caras publicamente. Hoje ele é foragido da Polícia Federal e da Interpol.

Ainda neste ano, Ronaldinho também passou a promover um token comemorativo da Copa do Mundo do Catar chamado World Cup Inu (WCI). Nomes conhecidos do universo cripto já alertaram para possíveis perigos de golpe do projeto.

alerta vermelho sobre o projeto foi dado por Fatman, um perfil anônimo no Twitter que ganhou notoriedade por fazer denúncias e análises no episódio do colapso da Terra (LUNA). Um dos pontos apontados é a taxa de trade cobrada pela empresa, que está em 4%, mas que pode ser ajustada de forma discricionária pelos donos do projeto.

E não para por aí. Em 2019, Ronaldinho promoveu a suposta pirâmide financeira LBLV, mesmo depois de ela ter sido proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de captar investidores no Brasil.

Depois disso tudo, o Ronaldinho ainda promoveu a Airbit Club, um esquema de pirâmide liderado pelo brasileiro Gutemberg dos Santos, preso nos EUA por enganar milhares de investidores.

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O jogador até mesmo tentou criar a sua própria criptomoeda no passado, a Ronaldinho Soccer Coin (RSC), mas o projeto não foi adiante.

Em 2021, Ronaldinho Gaúcho passou a promover a criptomoeda Atari Token (ATRI), mas em abril deste ano a Atari abandonou o projeto.

Em fevereiro, o ex-atleta também se tornou o embaixador global da Graph Blockchain, uma empresa canadense que fornece aos investidores exposição a altcoins e oportunidades no meio das finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs.

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