O mercado de criptomoedas opera com fortes perdas nesta quarta-feira (28), em linha com a queda dos índices futuros de ações americanas, abalados pela disparada do dólar que afeta várias classes de ativos.
O Bitcoin (BTC) registra baixa de 7,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 18.709,76, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) recua 7,6%, negociado a US$ 1.280,07.
Em reais, o Bitcoin perde 5,7%, cotado a R$ 100.318,79, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins mais negociadas também estão em território negativo, entre elas Binance Coin (-5,7%), XRP (-11,5%), Cardano (-6,3%), Solana (-7,1%), Dogecoin (-4,5%), Polkadot (-7%), Shiba Inu (-3,9%), Polygon (-6,3%) e Alavanche (-6,6%).
Bitcoin hoje
Depois de ultrapassar a barreira dos US$ 20 mil na sessão anterior, o Bitcoin novamente é atingido pela fuga de investidores de ativos mais arriscados. Especialistas que acompanham o mercado há mais tempo alertam que esse sobe e desce é normal no inverno cripto, e fortes ganhos pontuais nem sempre indicam uma reversão da tendência no longo prazo.
A valorização do Bitcoin na manhã da terça-feira (27) pode ter sido impulsionada pela acumulação de criptomoedas em antecipação a ganhos no mês de outubro, historicamente marcado por ralis, aponta análise do CoinDesk. Mas dados macro e comentários de autoridades do BC americano, o Federal Reserve (Fed), contribuíram para esfriar o otimismo.
Investidores seguem preocupados com a inflação e com a determinação dos bancos centrais de continuar subindo os juros, o que aumenta a probabilidade de uma recessão global. Números fortes sobre as encomendas de bens duráveis e construção de imóveis nos EUA dão combustível ao Fed para continuar com seu aperto monetário.
O dólar forte não ajuda e a Casa Branca sinalizou que não tem intenção de coordenar uma ação para frear a moeda americana, que ganha impulso com a perspectiva de juros mais altos nos EUA.
Autoridades do banco central americano reforçaram esse cenário na terça-feira, mas o ritmo de aperto já começa a preocupar alguns membros do Fed. Em entrevista à CNBC, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, disse que se sente um pouco apreensivo com a rapidez dos aumentos, embora esteja “cautelosamente otimista” de que os EUA podem evitar uma recessão.
Em meio à turbulência, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, poderia deixar o cargo após as eleições de meio de mandato em novembro, disseram fontes ao portal Axios.
Resistência das criptomoedas
Mesmo com a forte volatilidade das criptos, alguns observadores destacam o desempenho relativamente positivo em relação a outro ativos.
“Acho que o que estamos vendo é mais uma falta de grandes vendedores, em vez de uma infinidade de grandes compradores”, afirmou ao CoinDesk Mike Alfred, investidor em valor e fundador da plataforma de investimento em ativos digitais Eaglebrook Advisors.
Mike Novogratz, fundador da Galaxy Digital, concorda: “Estamos nesse equilíbrio estranho onde há alguns compradores, alguns vendedores, e não há aquela energia como a que estamos vendo no mercado de ações ou de títulos onde você tem que vender, certo?”, disse Novogratz à Bloomberg.
Outros destaques das criptomoedas
Alex Mashinsky, o então CEO da Celsius Network, plataforma de empréstimos de criptomoedas que pediu recuperação judicial, apresentou uma carta de renúncia ao conselho de administração da companhia na terça-feira (27). Na carta, Mashinsky disse que lamentava o quanto sua presença havia se tornado uma “distração” como diretor-presidente da empresa.
Mashinsky é visto como responsável por uma série de negociações fracassadas no início de 2022 que precipitaram o colapso da credora cripto. Em junho, a Celsius bloqueou de forma inesperada todos os saques e transferências de clientes da plataforma após entrar em uma grave crise de liquidez.
O token nativo da Celsius (CEL) despencou após a notícia, mas deu um salto de 15% com a expectativa de compra dos ativos da empresa pela gigante FTX, segundo reportagem da Bloomberg, que citou uma pessoa próxima às negociações.
Leia Também
O bilionário Sam Bankman-Fried, dono da FTX, está comprando tudo. Nesta semana, o braço de sua empresa nos EUA venceu um leilão para a aquisição dos ativos da Voyager Capital, outra plataforma de crédito cripto quebrada.
E em meio à movimentada dança das cadeiras na indústria cripto, Brett Harrison, que comandava as operações da FTX nos EUA, anunciou sua renúncia no Twitter. O executivo será substituído por Zach Dexter, CEO da unidade de derivativos da FTX.US, disse uma fonte ao CoinDesk. Harisson não comentou seus próximos passos, mas contou que permanecerá no setor “com o objetivo de remover barreiras tecnológicas”.
Além de trocar o comando, a FTX.US também decidiu mudar a sede para Miami, apenas quatro meses depois de cortar a fita inaugural em Chicago, de acordo com o CoinDesk.
Lançado no início do ano, o programa online Cripto Dev já formou 40 profissionais para trabalhar com blockchain e web3, destaca reportagem do Valor. Resultado de uma parceria entre a Blockchain Academy, braço de educação da 2TM, dona do MB, e a Gama Academy, o programa é focado na inclusão de pessoas pretas e pardas, indígenas, mulheres, moradores das regiões Norte e Nordeste do Brasil e jovens de baixa renda.
“(…) É necessário investir mais em mulheres para tecnologia e todo mercado financeiro, criar programas focados em pessoas com deficiência, negros e tantos outros grupos que precisam de atenção e apenas uma oportunidade para ingressarem no mercado de trabalho”, disse ao Valor Daniela Cabral, vice-presidente de recursos humanos do MB.
Regulação, CBDCs e Cibersegurança
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) irá recomendar que empresas consultem a autarquia antes de realizar qualquer emissão de criptoativos no Brasil que possam se enquadrar no conceito de valor mobiliário, contou uma fonte a par do assunto ao InfoMoney. A diretriz será oficializada em um “Parecer de Orientação” sobre criptoativos em elaboração pela CVM. Em resposta ao site, a agência apenas disse que “tem acompanhado e participado de diversas discussões a respeito da demanda atual para a regulação dos criptoativos no Brasil”.
As eleições presidenciais ocorrem no próximo domingo (2) e, entre os grandes temas nacionais, as criptomoedas até que conseguiram certo espaço no debate. Pesquisa Ipec encomendada pela Globo mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 48% das intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 31% e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com 6%. O Bitcoin foi citado em algum momento das incontáveis horas de entrevistas, comícios e eventos. Confira os comentários dos principais candidatos neste levantamento do Portal do Bitcoin.
Inaiara Florêncio, jornalista e diretora de Estratégia de Conteúdo e Influência no MB, destaca em artigo no Meio & Mensagem que o posicionamento político é parte da influência real e não deve ser motivo para vetar a contratação de influenciadores. “Falar sobre política não é apenas comentar sobre o candidato ou sistema econômico preferido, é também se posicionar em relação às questões ambientais e sociais, e isso tem tudo a ver com ESG”, argumenta.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Jerome Powell, do Federal Reserve, e o gerente-geral do BIS, Agustin Carstens, participaram de um painel online organizado pelo Banco da França na terça-feira (27) e defenderam uma maior regulamentação de stablecoins e finanças descentralizadas.
Já François Villeroy de Galhau, membro do conselho do BCE, disse que “o chamado ‘inverno cripto’ não é motivo para complacência ou inação”.
O Fundo Monetário Internacional destacou em artigo potenciais problemas trazidos pelo sistema de consenso de prova de participação (PoS, na sigla em inglês) – como o usado pelo Ethereum após a recente Fusão. Segundo o estudo do FMI, o PoS “pode criar uma concentração excessiva de poderes de tomada de decisão em exchanges de criptomoedas e provedores de serviços de wallet”, aumentando os riscos de integridade do mercado, apesar da potencial economia de energia.
A Polícia Federal iniciou na terça-feira (27) uma operação em várias cidades brasileiras com objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes por meio de pirâmide financeira com criptomoedas. Segundo nota da PF, mais de 400 pessoas podem ter sido lesadas em um esquema de pelo menos R$ 30 milhões com a participação de 15 empresas. Agentes apreenderam relógios, celulares e até armas de fogo.
Em outra operação, a PF e a CVM miram um investidor que teria lucrado R$ 3 milhões com o uso de informações privilegiadas em negociações na B3.
Metaverso, Games e NFTs
Satiko, avatar de Sabrina Sato no metaverso, vai ter um apartamento no mundo físico além da residência virtual, segundo o Estadão. Projetado pela arquiteta Cláudia Albertini, o imóvel será inaugurado no dia 30 de outubro, no empreendimento Haus Mitre Brooklin, zona sul de São Paulo.
A Christie’s lançou um marketplace NFT on-chain baseado na Ethereum chamado Christie’s 3.0. A casa já realizou leilões de peso de tokens não fungíveis, incluindo a venda de US$ 69,3 milhões de obras de arte do artista Beeple.
O Flamengo assinou com o Futster, primeiro game brasileiro de “football manager” com cards de tokens não fungíveis colecionáveis, marcando a estreia do clube no mundo dos jogos NFT. A pré-venda dos pacotinhos de cards oficiais do Flamengo foi iniciada na terça-feira (27) e termina em 11 de outubro. Nos pacotinhos do clube, estão diversos nomes do elenco atual, entre eles Arrascaeta, Vidal, Everton Cebolinha, Rodinei, Filipe Luís e Léo Pereira.
No Futster, é possível colecionar cards de atletas e clubes do futebol brasileiro e fictícios, além de montar times, disputar partidas, participar de campeonatos contra outros usuários, como também negociar os cards e acessórios em um marketplace.
A McLaren Racing revelou um visual inspirado em criptoativos para seus carros de Fórmula 1 em evento em Singapura, na expectativa do Grande Prêmio programado para o próximo domingo (2) na cidade-estado. O anúncio faz parte de uma parceria com a exchange cripto OKX, conforme o CoinDesk.