Motorista doido
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Alex Mashinsky, CEO da infame plataforma de empréstimos cripto Celsius, obteve controle pessoal da estratégia de negociação da empresa antes de seu colapso, de acordo com um artigo do jornal Financial Times que cita diversas pessoas a par da situação.

Mashinsky supostamente reuniu sua equipe de investimentos em janeiro para informá-la que ele iria assumir pessoalmente o controle da estratégia de negociação da empresa.

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A reunião aconteceu antes de uma reunião do Federal Reserve, em que o banco central americano revelou planos de aumentar a taxa de juros — uma iniciativa que, segundo Mashinsky, teria um impacto negativo no mercado de criptomoedas.

Na época, o preço do bitcoin (BTC) caiu de seu recorde de US$ 69 mil registrado em novembro de 2021 para cerca de US$ 40 mil.

Presidente ignorou executivos experientes

O artigo afirma que, dias antes da reunião do Fed, Mashinsky ignorou executivos com décadas de experiência nos mercados financeiros como parte de sua reformulação de negociação.

“Ele tinha bastante certeza do quanto o mercado poderia cair. Ele queria que começássemos a reduzir o risco da forma que a Celsius pudesse”, contou uma das fontes ao Financial Times, acrescentando que nem todo mundo concordava com o CEO.

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Uma pessoa com a qual o CEO supostamente entrou em conflito sobre quais negociações a Celsius deveria fazer e o envolvimento pessoal de Mashinsky nessas decisões era o diretor de investimentos da empresa, Frank van Etten.

A passagem de van Etten pela Celsius foi bem curta; o ex-executivo da Nuveen e UBS entrou para a empresa em setembro de 2021 e saiu em fevereiro deste ano.

“Ele pedia que traders negociassem bastante as ordens com base em péssimas informações”, disse uma das fontes ao Financial Times. “Ele estava movimentando altas quantias de bitcoin.”

Preços cripto despencaram ainda mais após a reunião do Fed, e uma fonte afirmou que a Celsius que, na época, gerenciava US$ 22 milhões de fundos de clientes, registrou um prejuízo de US$ 50 milhões em janeiro.

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Porém, ainda não se sabe quanto dessa quantia foi responsabilidade do envolvimento de Mashinsky nas estratégias de negociação da empresa.

Prejuízos não foram informados aos clientes

O artigo também alega que a Celsius sofreu enormes prejuízos que a empresa não informou aos clientes — apesar das declarações públicas de Mashinsky de que a credora não negociou ativos de clientes.

Um incidente envolveu uma empresa de empréstimos com sede nos EUA, EquitiesFirst, que deve US$ 500 milhões em bitcoin à Celsius.

Conforme o preço caiu, a credora cripto protegeu sua exposição ao comprar bitcoin antes do pagamento e Mashinsky supostamente argumentou que a EquitiesFirst seria capaz de pagar sua dívida mais depressa.

Porém, evidências de que a EquitiesFirst pagaria sua dívida rapidamente simplesmente não existiam.

“Entramos em um acordo [com a Celsius] bem antes da data de janeiro [que havia sido] prevista. Qualquer alteração a esse acordo exigiria um consenso de todas as partes”, disse um porta-voz da EquitiesFirst ao Financial Times, acrescentando que a empresa visa cumprir com todas as suas obrigações à Celsius.

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Perdas com investimento na Grayscale

Outro incidente que também não havia sido mencionado envolvia o que o artigo chama de “um investimento considerável” no Bitcoin Trust (GBTC) da Grayscale, e uma fonte indica que a credora cripto sofreu prejuízos de até US$ 125 milhões com o fundo GBTC.

GBTC é um veículo financeiro que permite que investidores negociem ações em fundos que armazenam pools de bitcoin, e cada ação visa rastrear o preço atual do bitcoin.

A ideia é que investidores obtenham exposição à principal criptomoeda do mercado sem ter de comprar e armazenar o ativo em si.

Porém, desde fevereiro de 2021, ações do GBTC são negociadas com um desconto, ou seja, o GBTC é negociado abaixo do valor líquido do bitcoin armazenado pela Grayscale para lastrear o fundo fiduciário.

A Celsius teve prejuízo após comprar GBTC quando este foi negociado a um prêmio (com preço superior) em relação ao bitcoin.

Em setembro de 2021, a Celsius tinha 11 milhões de ações em GBTC, equivalentes a cerca de US$ 400 milhões, mas que, na época, estavam precificadas a um desconto de 15% ao valor líquido do ativo (ou NAV) do fundo.

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A Celsius recebeu um acordo para encerrar a posição, mas Mashinsky supostamente bloqueou a venda das alocações em GBTC da empresa, argumentando que o desconto poderá reduzir no futuro.

Porém, as coisas aconteceram de outra forma, pois o desconto do GBTC continuou piorando e a Celsius só encerrou a posição em abril deste ano, quando o desconto caiu para 25%.

Decisões equivocadas

Uma série de outras decisões ruins que resultaram no pedido de recuperação judicial pela empresa em julho incluíram penhorar criptomoedas armazenadas pela empresa como garantia para tomar stablecoins emprestado que seriam usados na compra de mais cripto para substituir as que haviam sido perdidas, alegam as fontes.

Porém, essas medidas sugerem que a Celsius estava vulnerável a quedas drásticas no preço das criptomoedas.

A empresa teria pouco de seu próprio dinheiro em situações onde clientes exigiriam suas criptomoedas ao mesmo tempo em que teria de enviar mais a seus credores como garantia adicional para tomar stablecoins emprestado.

O artigo acrescenta que a Celsius também investiu cerca dos US$ 600 milhões arrecadados de investidores, incluindo do segundo maior fundo de pensão e seguros do Canadá, o Caisse de Dépôt, e o WestCap Group de Nova York, à sua subsidiária de mineração de bitcoin.

A mineradora Celsius Mining deveria ser usada para gerar mais bitcoins para pagar credores e clientes. No entanto, em julho, também se uniu à empresa-mãe no processo de recuperação judicial.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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