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Quando a corretora de criptomoedas FTX anunciou um patrocínio de US$ 210 milhões com duração de dez anos e acordo de nomeação com o grande clube de esports Team SoloMid (ou TSM, na sigla em inglês) em junho de 2021, o valor dos termos chocaram tanto o mundo cripto como o mundo dos esportes eletrônicos, ou esports.

Mas essa não foi a primeira grande iniciativa entre as duas famosas indústrias focadas em tecnologia.

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Times populares, com OG e Team Vitality, lançaram fan tokens — ativo digital criado em blockchain que dá aos holders ou fãs acesso a serviços ou benefícios exclusivos — pela plataforma Socios há alguns anos, gerando receita enquanto interagiam com fãs e permitiam que estes votassem nas decisões dos times.

Depois, houve uma série de acordos de patrocínio em 2021, conforme empresas cripto, como Coinbase, FTX e Uniswap se uniram a grandes times, campeonatos e ligas.

Essa tendência continuou em 2022 junto com crescentes iniciativas de tokens não fungíveis (ou NFTs) e Web3 de times e ligas, além do auge de torneios criados para jogos NFT.

O que está direcionando a contínua convergência entre esports e cripto?

O Decrypt conversou com líderes de ambas as indústrias para discutir as oportunidades que observam, como times e ligas de esports estão buscando iniciativas Web3 mais aprofundadas, além do potencial de esports ajudarem a elevar e chama mais atenção para jogos NFT.

Setores tem os mesmos participantes

Existe uma evidente sobreposição entre participantes tanto do setor de esports como do setor cripto: Ambas são indústrias predominantemente masculinas e repletas de jovens adultos bastante experientes em tecnologia que cresceram junto com a indústria dos videogames.

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Valorizam itens digitais e viram tanto esports como cripto florescerem de interesses de nicho para grandes indústrias.

O acordo da FTX com o TSM não é apenas uma das maiores parcerias divulgadas entre empresas cripto e de esports em termos de dólares, e sim um estudo de caso ideal.

Acredite ou não: As conversas que resultaram no acordo de US$ 210 milhões — que fizeram com que o time passasse a se chamar TSM FTX — começou via mensagens privadas (ou DMs) no Twitter.

Isso segundo o vice-presidente de operações do TSM, Walter Wang, que contou ao Decrypt que o CEO e fundador do time, Andy Dihn, enviou uma mensagem privada ao fundador e CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, do nada à medida que Dihn se aprofundava no mercado cripto.

Bankman-Fried é um grande entusiasta do jogo “League of Legends” e o TSM é um dos times mais conhecidos a competir no campeonato League of Legends Championship Series (ou LCS) na América do Norte. Aparentemente, ambos os CEOs se deram bem por conta dos interesses em comum e uma coisa levou à outra.

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“Começaram a conversar e surgiu a ideia de se unirem [após] DMs e algumas ligações. A partir daquele momento, foi pé no acelerador”, explicou Wang, explicando que resolver os termos do acordo, filmar os vídeos de marketing e criar o anúncio aconteceu em dois meses. “Foi um dos momentos mais malucos da minha carreira.”

A imagem de Bankman-Friend usando uma camiseta do TSM circulou bastante no último ano. Ele é absurdamente mais rico e famoso do que o público-alvo, é claro, mas ele é o rosto do gamer antenado e experiente em cripto que o TSM e a FTX esperam duplicar em massa.

A FTX reforçou seus investimentos em esports em agosto de 2021 ao anunciar um acordo com duração de sete anos para patrocinar a liga LCS da Riot Games (sem divulgar a quantia do acordo).

A corretora também passou a patrocinar outro time, o squad brasileiro Furia, em um acordo der aproximadamente US$ 3,2 milhões com duração de um ano, segundo uma entrevista concedida pelo time ao site Esports Insider.

Tais acordos aconteceram enquanto a FTX também gastava bastante com esportes tradicionais nos EUA — acordos com a Liga Principal de Beisebol (ou MLB), os times Golden State Warriors e Miami Heat da Liga Nacional de Basquete (ou NBA) —, enquanto estrelas como Tom Brady e Steph Curry se tornaram investidores e embaixadores da corretora.

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Em janeiro, Bankman-Fried explicou o impacto das iniciativas de esports em participação ao podcast “gm” do Decrypt.

“A quantidade de impacto de marca foi bem maior nos esports do que nos esportes tradicionais”, explicou.

“Novamente, é um público diferente e, para algumas pessoas — não para a maioria, mas para algumas —, é como se fosse a coisa mais impactante do mundo”, continuou. “É algo bem mais direcionado a um público específico com o qual achamos que exista uma alta sobreposição.” 

Bankman-Fried esclareceu que algumas métricas que sua empresa monitora em torno de cripto e esports são “absurdamente altas”, mas que a FTX não acredita que métricas sejam “o princípio e o fim” para justificar tais investimentos. “Isso mal é algo direcionado por métricas”, acrescentou.

Curiosamente, também existem alguns exemplos de líderes na indústria dos esports que migraram para grandes cargos no setor cripto. Ryan Wyatt, agora CEO da Polygon Studios, anteriormente trabalhou para a Major League Gaming (ou MLG) antes de ir para o YouTube Gaming, que transmite campeonatos de esports.

Já Benoit Pagotto era diretor de marca e marketing para o time Fnatic antes de cofundar o RTFKT Studios, startup NFT adquirida pela Nike.

“Não é para os fracos”

Empresas cripto querem o público de esports — e startups de esports precisam do dinheiro. Não é segredo que times de esports gastam dinheiro no curto prazo na expectativa de serem recompensados no futuro conforme a indústria cresce e atrai mais atenção. Inúmeros times e ligas caíram e desapareceram ao longo do caminho.

Conforme times de esports abrem seu capital, incluindo Guild Esports (GILD), apoiada pelo jogador David Beckham, a dificuldade em financiar um time ficou bem mais evidente.

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O Guild, por exemplo, teve um prejuízo de quase US$ 6 milhões no primeiro semestre e foi forçado a demitir funcionários. O time Astralis (ASTRLS) teve um prejuízo líquido de US$ 5,2 milhões em 2021 após ter perdido US$ 7,9 milhões em 2020.

FaZe Clan (FAZE), que estreou na Nasdaq em julho por meio de um acordo SPAC avaliado em US$ 725 milhões, divulgou um prejuízo de US$ 36,9 milhões em 2021 com base em uma receita de US$ 52,9 milhões.

Por outro lado, o clube dinamarquês de esports Copenhagen Flames celebrou ter registrado um lucro de US$ 6.351 em 2021, tornando-se o único time a compartilhar detalhes financeiros positivos no ano, segundo o site Hitmaker.

“Liderar um time de esports é uma obra de amor e a promessa de um grande resultado algum dia”, afirmou Mark Donovan, cofundador e CEO da startup Web3 Kolex, que oferece NFTs a times de esports.

“Até operar uma organização de campeonato de esports é bem semelhante, e o tem sido há 20 anos. Não é para os fracos, com certeza.”

Até mesmo os times mais bem sucedidos de esports não estão imunes à recente queda econômica. Em julho, o TSM FTX e o 100 Thieves — que a revista Forbes afirma serem os dois times mais valiosos dos esportsdemitiram funcionários, assim como muitas empresas cripto o fizeram.

As ligas de esports ainda não atraíram o mesmo tipo de dinheiro ou atenção da mídia que grandes ligas tradicionais, apesar de ter havido um auge por conta da pandemia para a indústria focada no digital.

Mas para um público que se converge bastante com o de cripto, conforme sugere Bankman-Fried, patrocínios de esports podem gerar bastante valor.

“Em termos relativos, para o tamanho do público e a forma como se encaixa com essas empresas, os preços não são muito altos para patrocinar essas ligas agora”, afirmou Donovan. “Patrocinar uma liga de esportes [tradicional] é bem mais caro e provavelmente não vai ser um bom uso de sua grana.”

Patrocínios compõem grande parte do financiamento dos times e tais acordos cripto acontecem de forma estável desde o início do ano passado.

A Coinbase patrocinou grandes clubes, como Team Liquid, Evil Geniuses e BIG — o último desses “acordos multibilionários”, segundo o time — enquanto a Uniswap apoiou o Team Secret em um acordo aprovado por uma votação por sua organização autônoma descentralizada (ou DAO).

A Coinbase também assinou com os grandes operadores de torneios ESL e Blast. O Team Vitality acrescentou a plataforma blockchain Tezos como sua principal patrocinadora este ano enquanto a corretora Bitstamp patrocinou os times Immortals e Guild.

O acordo de três anos entre a Bitstamp e o Guild está avaliado em US$ 5,5 milhões, mas os termos do acordo com o Immortals não foram divulgados.

E essa é apenas a ponta do iceberg para acordos entre cripto e esports, que estão colocando o nome de corretoras cripto e plataformas blockchain em camisetas de times e streams na Twitch, feeds no Twitter e transmissões de campeonatos com um enorme público.

Aversão à blockchain

Mas tais parcerias nem sempre foram um casamento perfeito, ainda mais por conta da repulsa que alguns jogadores têm em relação a cripto e principalmente NFTs.

As reclamações mais comuns incluem o impacto ambiental de determinadas blockchains, a predominância de esquemas cripto e a crença de muitos de que publicadoras de jogos vão usar NFTs como outra forma de obter dinheiro de jogadores.

Um NFT é um token desenvolvido em blockchain que atua como prova de propriedade para um item.

Junto com coisas, como fotos de perfil e colecionáveis de esportes, um token pode representar itens utilizáveis em videogames, como avatares, armas ou terrenos virtuais que poderão ser desenvolvidos e monetizados em jogos de metaverso.

Apoiadores de jogos NFT acreditam que a tecnologia irá abalar os modelos tradicionais de jogos tradicionais, fornecendo mais benefícios a jogadores com a capacidade de revender itens nos mercados secundários, conceder tokens de recompensa por meio de modelos “play to earn” (ou “play and earn”) — “jogue para ganhar” ou “jogue e ganhe” —, ter uma voz no processo de governança e possivelmente usar itens NFT que serão interoperáveis entre diversos jogos.

“Acreditamos que, ao longo do tempo, as pessoas vão criar muito valor fundamental por meio de NFTs, cripto e blockchain”, afirmou Wang, do TSM, sugerindo que a contínua educação cripto é fundamental para transmitir os aparentes benefícios da tecnologia Web3 a jogadores.

O TSM FTX também colaborou com o projeto desenvolvido na rede Solana, Aurory, em uma distribuição NFT em 2021.

Epics, que vende cards colecionáveis NFT inspirados por jogadores e times dos jogos “Counter Strike: Global Offensive” (CS:GO) e “PUGB Mobile” lançou NFTs desenvolvidos no Ethereum em 2019.

Donovan reconheceu o potencial da propriedade NFT após ver a demanda por skins raras de armas no CS:GO, vendidas por centenas de milhares de dólares cada.

“Existem pessoas inovadoras no esports que estão muito interessadas nisso, pois são gamers. Têm uma visão de futuro [com foco] em tecnologia mas, se você viu o que aconteceu com o Discord, também há um enorme grupo de gamers que odeia NFTs profundamente”, explicou.

Ele também disse que a educação é necessária para mostrar a jogadores que NFTs podem ser bem mais do que caras fotos de perfil.

Chris Hana, vice-presidente do desenvolvimento comercial para Kolex e ex-CEO da revista comercial de esports The Esports Observer, sugeriu que NFTs despertam o mesmo tipo de desejo de símbolo de status digital que skins do CS:GO despertam.

Ele também enxerga outros paralelos, como a represália que cripto está sofrendo, assim como os esports sofreram no passado.

 “Foi o mesmo tipo de resistência, não foi? Você sempre teve pessoas que são contra e as que adoram, e você tem pessoas que dizem: ‘Ah, não… É uma merda. Não vai funcionar. É apenas um golpe’. Sempre existe muito ceticismo”, disse ele.

Mas ele também viu a Web3 ser acolhida por startups como um jargão da moda da mesma forma como esports já o foram — uma perseguição de tendências para empresas que querem se mostrar experientes em tecnologia e tentar impulsionar seu financiamento.

“Parece que ‘cripto’, ‘blockchain’ e ‘metaverso’ são os novos termos que você precisa usar para ser percebido como inovador e em primeiro plano”, explicou Hana.

No entanto, a tecnologia blockchain pode trazer benefícios tangíveis para a forma como a indústria de esports opera. No passado, ligas e equipes foram encerradas por conta da falta de pagamento a jogadores e equipes, divisões financeiras injustas e uma falta geral de transparência.

A Community Gaming, startup que arrecadou US$ 16 milhões em abril, está desenvolvendo uma plataforma de campeonatos que utiliza a tecnologia blockchain para fornecer essa transparência em um sistema público, garantindo que competidores sejam pagos de forma eficiente e menos taxas sejam incorridas e a porcentagem de receita seja distribuída, permitindo que haja a propriedade tokenizada de slots de ligas das franquias.

Times na Web3

Mesmo por conta do ceticismo, organizações de esports estão desenvolvendo na Web3. Em janeiro, o popular time G2 Esports anunciou uma coleção NFT desenvolvida no Solana que atua como um passe de acesso a uma comunidade privada de fãs chamada “Samurai Army”.

Um acordo NFT anterior entre o G2 Esports e a plataforma cripto Bondly azedou, resultando em um processo judicial aberto pela organização de esports. 

Embora o Solana seja considerado como uma plataforma sustentável e use bem menos energia do que o Ethereum, o G2 Esports ainda enfrentou críticas de seus fãs. Ivana Brecek, líder digital e de inovação do G2, novamente destacou a necessidade de educação cripto.

“No G2, acreditamos que NFTs e blockchain sejam a tecnologia do futuro que vão mudar completamente a forma como interagimos com bens digitais”, contou ela ao Decrypt. “Queremos estar à frente dessa revolução tecnológica.”

Outro time popular, 100 Thieves, lançou uma emissão gratuita de NFTs via Polygon, a solução de escalabilidade do Ethereum, e conseguiu distribuir mais de 300 mil colecionáveis em 24 horas — apesar de ter evitado usar a terminologia “NFT”.

Já o Team Vitality planeja emitir NFTs via Tezos e o ESL lançou uma plataforma NFT na plataforma de escalabilidade do Ethereum Immutable X.

Porém, a competição é apenas uma parte do modelo de negócio. Times têm seus próprios streamers e influenciadores, desenvolvem conteúdos de estilo de vida e produtos descolados e muito mais.

O TSM é dono de serviços de tecnologia como o aplicativo de análise de esports e treinamento Blitz, por exemplo, e o 100 Thieves está desenvolvendo seu próprio jogo.

A criação de plataformas e experiências Web3 é outra possível etapa para times.

O Misfits Gaming é um grande exemplo disso. A organização, que opera times franqueados de “League of Legends” e “Call of Duty”, anunciou planos de lançar uma nova plataforma desenvolvida na Tezos chamada Block Born, que irá publicar jogos NFT e lançar campeonatos e conteúdos para eles.

A Block Born visa destacar jogos que sejam preparados para campeonatos.

“Tentamos encontrar uma oportunidade única de fazer algo”, disse o vice-presidente sênior da Block Borne, Will Pazos, ao Decrypt quando a plataforma foi anunciada em março. “Gostamos da ideia da blockchain, mas acreditamos que precisa haver um foco maior em jogos de competição.”

Enquanto isso, o superpopular Faze Clan — que transformou seus fundadores e influenciadores em celebridades da internet — divulgou grandes iniciativas no setor Web3.

Em uma recente publicação sobre o perfil do time na revista GQ, o CEO do FaZe, Lee Trink, disse que “não seria totalmente surpreendente” se o time gerasse 80% de sua receita de iniciativas Web3 daqui a uma década.

No mesmo artigo, o líder Web3 da empresa, Tarek Mustapha, apareceu em fotos digitalmente aperfeiçoadas como Mynt, um avatar digital criado por ele para o metaverso.

O diretor de estratégias do FaZe Clan, Kai Henry, participou de um bate-papo no evento NFT NYC em junho para o jogo de metaverso “The Sandbox”, desenvolvido no Ethereum.

Ele e o cofundador do “The Sandbox”, Arthur Madrid, sugeriram uma ativação do FaZe para o jogo e Henry falou sobre a abordagem do FaZe Clan em desenvolver na Web3.

“Estamos levando nosso time e garantindo que estamos nos alinhando com as pessoas que têm a melhor das intenções para nossa comunidade, sendo bem honesto, e não nos forçando a fazer o que acham que devem fazer”, explicou Henry. “No próximo ano, mais ou menos, você nos verá tomando grandes passos aqui.”

Até mesmo ligas de esports estão analisando o metaverso para possivelmente transformar a maneira como fãs assistem e vivenciam torneios profissionais.

Em julho, a Call of Duty League da Activision Blizzard e o time New York Subliners se uniram à marca de bebidas Mountain Dew para realizar uma transmissão ao vivo do campeonato de esports no “Decentraland”, outro jogo de metaverso desenvolvido no Ethereum.

“É tudo sobre engajamento, não é?”

A crescente convergência entre cripto e esports agora está fechando o círculo. Vimos CS:GO se modificar para fornecer recompensas em bitcoin (BTC) para jogadores por meio da Lightning Network e, agora, fabricantes de jogos NFT estão realizando seus próprios campeonatos com grandes prêmios vindo por aí.

Axie Infinity”, o jogo NFT de batalha de monstros e inspirado em Pokémon que se popularizou, mas despencou por conta de uma tokeconomia fracassada e um hack devastador, recentemente anunciou planos de realizar um campeonato mundial no evento AxieCon em setembro, em Barcelona, na Espanha.

Dito isso, os três torneios irão premiar um total de US$ 1 milhão em tokens AXS.

Community Gaming é a operadora oficial dos torneios da desenvolvedora Sky Mavis para os eventos de campeonato do “Axie Infinity”.

A empresa já trabalhou com outros desenvolvedores de jogos Web3 para realizar campeonatos com prêmios e grandes comentaristas de esports, ajudando a impulsionar a visibilidade e criar uma comunidade competitiva para tais franquias.

“É tudo sobre engajamento, não é? As pessoas ficam entediadas ao jogar partidas todos os dias e querem ter uma experiência mais social”, disse o cofundador e CEO, Chris Gonsalves, da Community Gaming, ao Decrypt.

“Quando você reúne todo mundo para um evento estruturado, é um aspecto realmente importante e valioso para a comunidade.”

O jogo de competição com cards colecionáveis da Immutable, Gods Unchained, é outro antigo jogo NFT que sempre teve ambições relacionadas a esports, mas ainda precisa realizar competições em grande escala.

O site do jogo afirma que um prêmio de US$ 570 mil foi concedido até agora, mas a Immutable recentemente anunciou que vai começar com campeonatos menores e operados pela comunidade.

Justin Hulog, diretor de estúdio da Games Studio e ex-Riot Games, contou ao Decrypt que torneios iniciais atraíram centenas de jogadores e mais iniciativas vêm por aí.

“Esports são uma parte intrínseca do Gods Unchained, pois tanto habilidade como estratégia estão em sua cerne”, disse Hulog. “Estamos aqui para desafiar a ideia errônea de que jogos Web3 não são divertidos e acreditamos que esports podem ajudar a demonstrar os aspectos que jogadores amam — como a competição.”

É fácil perder de vista a diversão no setor de jogos Web3, onde a especulação sobre os preços de NFTs e tokens ajudou a fomentar o auge do Axie Infinity no ano passado — e acelerou sua ruína.

Alguns dos primeiros jogos NFTs mais pareciam aplicações de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na sigla em inglês) disfarçados de jogos em vez de jogos robustos com elementos adicionais de NFTs ou tokens com uma essência interessante.

Gonsalves sugeriu que o mercado de jogos Web3 está passando por uma evolução à medida que desenvolvedores veteranos de jogos tradicionais da indústria entram para o setor enquanto criadores e jogadores com interesses em comum aprendem lições com os altos e baixos do “Axie Infinity”.

A próxima onda de jogos, segundo ele, tornará NFTs opcional, mas atrativos, fomentando a necessidade dos jogadores por status digital enquanto visam fornecer um jogo divertido e gratuito para que as pessoas interajam.

Ele destacou jogos on-line de tiro, como “EV.IO”, “BR1” e “Undead Blocks”, em que cada um se baseia em um gênero já consolidado, mas se utiliza de melhorias impulsionadas por NFTs.

A Community Gaming trabalhou com o mercado de jogos NFT Fractal para realizar um torneio de US$ 10 mil para o “EV.IO”. O cofundador do Fractal, Justin Kan — também cofundador da Twitch — considera tais eventos como um marketing benéfico e uma reformulação útil do jogo NFT para a diversão e competição em vez de pensar apenas em especulação.

“Estamos vendo mais jogos Web3 usarem torneios de esports como uma estratégia de lançamento para o mercado”, disse Kan ao Decrypt.

“Acredito que esta seja uma boa mudança cultural, pois está priorizando os jogos. Jogadores adoram diversão e competição. Para adquirir [jogadores], um jogo blockchain deve apresentar uma experiência excelente para o jogo e um bom campeonato é a melhor forma de consegui-la.”

“Afinal”, acrescentou ele, “jogos têm a ver com diversão!”.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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