O Superior Tribunal de Justiça negou mais um pedido de soltura por meio de Habeas Corpus feito por Michael Magno de Souza, conhecido como “corretor das celebridades” e braço direito de Glaidson Acácio dos Santos na GAS Consultoria. A decisão do ministro Jesuíno Rissato foi publicada na quarta-feira (2) no HC 709379.
O magistrado disse que recentemente o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, negou o pedido de soltura de Michael ressaltando perigo de fuga.
Michael está preso desde outubro do ano passado e é acusado de crime contra o sistema financeiro nacional por conta de sua atuação no esquema da GAS – ele era considerado o braço direito do “Faraó do Bitcoin”.
Rissato relembrou os argumentos que já apontado na decisão que manteve o empresário preso:
“Na véspera da deflagração da Operação Kryptos, mais precisamente às 11:51:41h, ou seja, depois do protocolo dos pedidos de prisão preventiva direcionados a outros agentes do grupo, pressionado pela matéria veiculada pelo programa televisivo Fantástico, [Michael] indica sua firme intenção de, após o nascimento de sua filha, emigrar para os Estados Unidos da América, conforme trecho decotado da interceptação telefônica ocorrida no dia 24/08/2021”.
Foragido da Justiça
A Polícia Federal prendeu Michael no dia 12 de outubro em São Paulo, após ele ser considerado foragido da Justiça. O réu foi localizado e detido por agentes da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Superintendência da PF na Rodovia Castelo Branco, a bordo de um Jaguar, na altura do município de Araçariguama.
Celular suspeito
Um episódio chamou a atenção da Polícia Federal no dia em que cumpriu mandado de busca e apreensão em uma casa onde estava Michael, no condomínio de Alphaville, na Grande São Paulo.
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Conforme aponta relatório da PF, a equipe foi até a residência de Álvaro Caetano da Silva Junior, onde também estava o casal Michael e sua esposa. Logo após chegar à residência, os policiais pediram um celular que estava em posse de Michael.
Nesse momento a esposa de Michael, a atriz Juliana Kelling, começou a gritar, pegou celular e tentou impedir que os policiais o confiscassem. Os policiais tiveram que puxar das mãos de Juliana o celular.
A busca continuou e as autoridades perceberam que Michael não desgrudava de um outro celular, este prateado. Suspeitando que o celular poderia ser do alvo, mas, apenas, estar em nome de Juliana, o chefe de equipe ligou para o coordenador da operação explicando a situação e perguntando se apreendia ou não o aparelho.
A chefia da PF deu sinal verde: era para apreender o celular. Foi aí que começou um “verdadeiro caos” nas palavras dos presentes. Juliana disse que o celular era dela e que não iria entregar. Começou a empurrar os policiais e se negou firmemente a dar o smartphone.
O chefe da equipe da PF então sacou sua arma, apontou para o chão e disse: “Eu vou apreender este celular de uma maneira ou de outra”.
Mas Juliana ainda não tinha desistido. Saiu em disparada em direção à piscina, tendo sido alcançada por dois policiais. Novamente, ela não entregou: os policiais tiveram que arrancar das mãos dela.
GAS Consultoria
O negócio da GAS Consultoria consistia em oferta de investimentos em supostas operações com criptomoedas cujo rendimento prometido era na casa dos 10% ao mês. A CVM viu indícios de crime contra a economia popular e denunciou a empresa ao Ministério Público que deu andamento no processo.
A GAS Consultoria parou de pagar seus clientes, alegando impossibilidade pelo fato de a Justiça ter ordenado o bloqueio de R$ 38 bilhões em ativos da empresa. No dia 15 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) anunciou que autorizou a venda de R$ 150 milhões em bitcoin apreendidos de Glaidson.
A Operação Kryptos foi deflagrada em decorrência de denúncias da CVM e Ministério Público. Em sua primeira batida, encontrou na casa de Glaidson várias malas de dinheiro, carros de luxo, joias e 591 bitcoins. No mês passado, a Justiça negou pela segunda vez o pedido de habeas corpus do ex-garçom.