A venezuelana Mirelis Zerpa, 41 anos, mulher de Glaidson Acácio dos Santos criador da GAS Consultoria e conhecido como “Faraó do Bitcoin”, foi deportada para o Brasil pelos Estados Unidos no sábado (21). Investigada na operação Kryptos, Zerpa foi detida em cumprimento de uma mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, após ser deportada pelos EUA.
Mirelis estava presa nos EUA desde janeiro de 2024. A detenção ocorreu porque ela morava ilegalmente nos EUA e também como resultado de uma cooperação internacional entre a Polícia Federal do Brasil, o U.S Immigrations and Customs Enforcement (ICE) e o Serviço Secreto norte-americano.
No sábado, a PF participou da ação através do Núcleo de Cooperação Internacional da PF no Rio de Janeiro (NCI/Interpol) e contou, também, com a participação da Diretoria de Cooperação Internacional – Interpol/Brasília. Mirelis Zerpa é ré pelos crimes de operação sem autorização de instituição financeira, gestão fraudulenta, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
“Após as formalidades de praxe, a presa – já denunciada e ré em ação penal – foi encaminhada ao sistema prisional do estado, onde permanecerá à disposição da Justiça”, informou a PF em um comunicado, sem citar o nome da foragida.
Deportada dos EUA, Mirelis Zerpa é alvo da Operação Kryptos e constava na lista de Difusão Vermelha da Interpol. “Ela havia sido detida pelas autoridades migratórias norte-americanas e foi deportada ao Brasil, onde foi presa assim que desembarcou”, destacou a PF. Ela chegou neste sábado (21) ao aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Antes de chegar ao Rio, apurou o G1, Mirelis passou pelo aeroporto de Fortaleza, no Ceará. Depois, entrou em um avião da Polícia Federal em direção ao destino final.
Mirelis Zerpa
Responsável por introduzir as criptomoedas ao criador da GAS Consultoria, Glaidson dos Santos, preso desde 2021, Mirelis era a chave que faltava para as autoridades brasileiras, já que ao que tudo aponta ela era responsável pela movimentação dos fundos da pirâmide GAS Consultoria, ou seja, ela era a responsável por converter o dinheiro da empresa em criptomoedas.
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No mês passado, a Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da GAS Consultoria, de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”. Acusada de operar um esquema de pirâmide com criptomoedas, a empresa tem dívidas de mais de R$ 3,8 bilhões e 62.604 credores, segundo levantamento da administração judicial divulgado pelo O Globo.
A história do “Faraó do Bitcoin”
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação de pirâmide financeira desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras. As investigações falam em uma movimentação de R$ 38 bilhões pelo esquema ao longo dos anos.
Glaidson, que ficou conhecido como “Faraó do Bitcoin”, foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 na Operação Kryptos. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto alguns conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, que acabou sendo presa em Chicago.
Na ocasião da prisão de Glaidson e demais suspeitos, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.
Diversas pessoas próximas ao casal confirmam que a divisão de tarefas dentro da GAS era clara: Glaidson lidava com as pessoas e Mirelis com o dinheiro.
Em 2023, a GAS Consultoria fez parte de uma extensa lista de empresas convocadas na CPI das Pirâmides, que também intimou o Faraó do Bitcoin. Em depoimento, o ex-garçom protagonizou uma série de bate-bocas com alguns deputados e chegou a ser chamado por um parlamentar de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.
Além do roubo do dinheiro de milhares de investidores brasileiros pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó do Bitcoin também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.
Além do roubo do dinheiro de milhares de investidores brasileiros pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.