Imagem da matéria: Empresa brasileira de criptomoedas que travou saques admite não ter dinheiro para pagar clientes
Roberto de Jesus Cardassi, CEO da BlueBenx (Foto: Victor Affaro/Divulgação BlueBenx)

Foi encerrada nesta semana de fevereiro o prazo de 180 dias que havia sido estabelecido pela BlueBenx para encontrar uma forma de pagar os clientes, após travar todos os saques da sua plataforma de investimentos em criptomoedas em agosto de 2022.

Esse intervalo de seis meses, no entanto, não foi suficiente para que a empresa criada por Roberto Cardassi arranjasse dinheiro para ressarcir os clientes, atraídos com promessas de rendimentos que superaram 66% ao ano.

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A BlueBenx dizia ser capaz de gerar lucros tão expressivos por meio do supostos trades de criptomoedas, mas nunca explicou a forma como operava, levando as suspeitas no mercado de ser uma pirâmide financeira.

A falta de dinheiro foi constatada pela própria BlueBenx, em e-mail enviado aos clientes na noite de segunda-feira (13), obtido pelo Portal do Bitcoin, no qual o grupo continua justificando que ficou sem dinheiro após ser vítima de um suposto golpe.

“Nesta jornada identificamos ser impossível, apesar de todo o esforço e dedicação para a manutenção da empresa e de seus produtos, continuar oferecendo o BlueBenx Finance. Ou seja, o produto de alavancagem que você, cliente, conhecia, passou a ser inviável e não será mais ofertado”, diz trecho da nota.

No comunicado, a empresa também dá a entender que os pagamentos não poderão ser feitos por causa do stop order que sofreu da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A companhia ainda coloca culpa pela situação atual pelo colapso da corretora FTX, além do impacto de “guerras, inflação e disputas políticas”.

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Sobre o caso da CVM, vale lembrar que a autarquia só foi determinar a suspensão da oferta pública de contratos de investimentos coletivos pela Bluebenx Tecnologia Financeira S.A. quatro meses depois dos pagamentos terem sido interrompidos por parte da empresa.

“A CVM exigindo a suspensão imediata de nossas operações, bem como, os bloqueios judiciais impostos a BlueBenx, nos impossibilita de continuar oferecendo tanto a Conta Digital quanto os serviços de Exchange no Brasil. E, por esta razão, também não serão mais disponibilizados”, explicou.

BENX como salvação

Apesar de confirmar a situação pouco otimista aos investidores, a BlueBenx ainda usa o comunicado para fazer elogios ao seu token nativo, o BENX, que é apresentado como uma forma de ressarcir os clientes no futuro:

“Por se tratar de um protocolo descentralizado, o token BENX nos permitiu redesenhar processos, mitigar riscos, retomar parcerias e retomar as negociações em algumas exchanges. Além disso, o BENX nos permite estabelecer um compromisso com nossos clientes, na forma de um contrato inteligente, objetivando a recompra futura dos saldos em tokens aplicados nos produtos da BlueBenx.”

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A empresa diz que graças a uma atualização feita no token em novembro de 2022, ele foi capaz de “valorizar mais de 1.600%”. O que dados on-chain mostram hoje, contudo, é um cenário bem diferente. 

Ao checar a situação da criptomoeda no Poocoin nesta terça-feira (14), é possível ver que seu preço está por volta de US$ 0.00038, o que representa uma queda de 70% desde um topo histórico de US$ 0,001.

Independentemente da alta ou baixa, o BENX quase não tem liquidez no mercado, o que significa que não há pessoas suficientes com capital querendo negociar o ativo. Sua capitalização de mercado nesta terça-feira não passa de R$ 2,8 mil. 

“Este par tem baixa liquidez, o que pode resultar em significativa volatilidade de preços e perda de fundos”, diz o alerta no site ApeSpace sobre o BENX.

Mesmo assim, a BlueBenx quer convencer os clientes lesados que o ativo será a saída para a situação crítica que a empresa se encontra.

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Novo plano de recompra de BENX

Ao fechar o comunicado, a BlueBenx descreve um plano de recompra dos tokens BENX, dando aos investidores três opções de liquidação dos tokens. 

Na primeira opção, o cliente pode  negociar seus tokens BENX por conta própria nas exchanges onde o token está listado. Aqui os tokens supostamente serão transferidos para a conta do usuário em uma exchange e ele decide quando negociá-los.

No e-mail, a BlueBenx não deixa claro se esse repasse de tokens será equivalente ou não ao valor que o cliente tem preso na plataforma.

Na segunda opção, o cliente pode revender os tokens direto para a BlueBenx, com a empresa determinando quanto pagará por eles com base em seus próprios critérios. A companhia relembra que toda liquidação será realizada exclusivamente em criptomoedas.

Na última opção, o usuário é incentivado a continuar deixando seus tokens em posse da empresa, que promete reinvesti-los e continuar gerando rentabilidade ao clientes por meio de “Pool Quantitativo da BlueBenx na DeFi, que a empresa apresenta como “nova estratégia de alavancagem com múltiplas moedas combinadas com o BENX, e que será lançada na segunda semana de março de 2023”.

Mesmo sendo incapaz de pagar os clientes atualmente, a BlueBenx promete que esse novo produto irá oferecer uma taxa pré-fixada de recompensa de 26,77% ao ano, “além da possibilidade de valorização futura”. 

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Em todas as três opções de recompra, a empresa estima um novo prazo de 38 meses (mais de três anos) para concluir ressarcimento de todos os clientes.

O Portal do Bitcoin procurou a Bluebenx para obter mais esclarecimentos da empresa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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