Henrique Meirelles
Henrique Meirelles durante o evento desta quinta (Foto: Fernando Martines)

O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles tem mantido reuniões com Changpeng “CZ” Zhao, fundador da Binance, para aconselhar o empresário sobre como enfrentar os problemas regulatórios que a empresa enfrenta nos EUA e no Brasil.

Ele também enxerga como “normal” uma convocação de executivos da empresa para depor como testemunhas na CPI das Pirâmides Financeiras, uma requisição que deve ser votada na comissão na próxima semana.

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Meirelles, que foi contratado no ano passado como membro do Conselho Consultivo da Binance, fez as afirmações em entrevista ao Portal do Bitcoin, durante sua participação nesta quinta-feira (22) no evento Blockchain SP Festival.

“Nós temos feito reuniões do Conselho, inclusive virtuais. Em algumas delas têm participado sim o CZ. E temos apresentado a ele todas as sugestões e ele tem explicado o ponto de vista da companhia sobre as questões todas que têm surgido”, disse Meirelles.

Na época de sua contratação, ele disse em entrevista ao Portal do Bitcoin que já mantinha contato com o executivo: “Sim, eu me encontrei com ele [CZ] em Paris. Ele fez as apresentações durante os dois dias e no jantar ele pediu para eu sentar ao lado dele para podermos conversar mais”.

Meirelles ressaltou que faz parte do Conselho Consultivo da Binance, cuja função não é executiva e sim de aconselhamento: “Faço parte de um conselho que apresenta sugestões. Não é nada de participação direta na empresa. E nesse aspecto eu, juntamente com os demais membros do conselho, temos apresentado sugestões que compete à empresa adotar ou não”, afirma.

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Meirelles ressaltou que o trabalho do Conselho Consultivo é evitar que o aperto regulatório que ocorre nos Estados Unidos contagie outros países. “[A Binance] tem enfrentado dificuldades nos Estados Unidos, mas o Conselho está apresentando sugestões para que exatamente isso seja resolvido e equacionado. E principalmente para não se expandir para outros países e que não haja problemas em outras regiões do mundo”, diz.

Crise regulatória nos EUA

A maior corretora de criptomoedas do mundo passa por um momento complicado. No dia 5 de junho, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) anunciou a abertura de processos civis contra a Binance e Changpeng “CZ” Zhao por 13 infrações diferentes.

A SEC afirma que a Binance permitiu que clientes norte-americanos usassem a plataforma internacional, que não é autorizada a funcionar no país.

Além disso, afirma que a Binance U.S não é uma entidade totalmente separada. Segundo o regulador americano, CZ e a Binance global “controlavam secretamente as operações da plataforma Binance.US nos bastidores”.

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Convocação da Binance para a CPI

Já no Brasil, a empresa está sendo investigada no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por supostamente oferecer produtos do mercado de derivativos sem autorização – essa investigação CVM teve como motivação para ser reaberta uma reportagem do Portal do Bitcoin. 

Esses fatores fizeram com que, nesta semana, membros da CPI das Pirâmides Financeiras, tenham proposto um requerimento para que Guilherme Haddad Nazar, diretor-geral da corretora no Brasil, seja convocado a depor na condição de testemunha. O executivo é sobrinho do atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A proposta deverá ser votado pela comissão nos próximos dias.

Perguntado se considera que a Binance está sendo perseguida pelo fato de ter sido, por enquanto, a única que já tem requerimento para prestar esclarecimentos na CPI das Pirâmides Financeiras, Meirelles diz que não lhe parece ser o caso de um tratamento especial.

“É uma situação normal por ser a maior companhia do mercado. Eu não chamaria de perseguição, mas não há dúvida que é mais objeto de atenção. Exatamente por ser a maior. De um lado é normal que o Congresso chame a Binance que é a maior companhia, mas por outro lado também é normal que a Binance diga que existem outras companhias”, aponta.

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