Imagem da matéria: Polícia Federal lança nova operação contra a Braiscompany
Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, casal que criou a Braiscompany (Foto: Reprodução/Instagram)

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), realiza na manhã desta terça-feira (18) mais uma ação contra a Braiscompany, a empresa paraibana acusada de criar uma pirâmide financeira de R$ 1,5 bilhão com criptomoedas.

A nova ação, chamada Select, é um desdobramento da Operação Halving, realizada no dia 16 de fevereiro, que derrubou a companhia e culminou com a fuga do casal de criadores da Braiscompany, Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, que estão foragidos desde então, embora haja indícios que tenham passado por Buenos Aires, na Argentina.

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Nessa nova ação, a PF cumpre seis mandados de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal, nas cidades de Campina Grande e Assunção, na Paraíba, além de São Paulo.

De acordo com reportagem do G1, em Campina Grande as buscas da Polícia Federal se deram no bairro do Jardim Paulistano, no centro da cidade e em um condomínio de luxo.

Segundo a PF, o objetivo da nova ação é “apreender evidências de organização criminosa voltada para prática de crimes contra o sistema financeiro e contra o mercado de capitais, em tese cometidos por sócios e colaboradores de empresa especializada em criptoativos”.

O nome Select é uma alusão à denominação do grupo de gerentes que mais captavam recursos para a empresa através dos clientes.

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No final do mês passado, a Justiça do Trabalho determinou o bloqueio imediato de valores existentes em nome da Braiscompany, em decisão do juiz Francisco de Assis Barbosa Junior, da 2ª Vara do Trabalho de Campina Grande. 

Segundo o tribunal, a medida teve a finalidade de garantir que um trabalhador da Braiscompany receba os os valores depositados a título de FGTS, pagamento de verbas rescisórias e que assim possa começar o processamento do seguro desemprego.

Já em meados de março – exatamente um mês após a ação da PF que desmantou a Braiscompany – Antônio Neto Ais assinou um comunicado em sua conta do Instagram. No texto, o empresário não dá pistas sobre sua localização nem diz se pretende se entregar. Aliás, ele não faz qualquer referência sobre a sua condição de fugitivo.

O empresário ressalta ser vítima de perseguição, dizendo que “Nos encontramos sem recursos, sem carro, sem casa, sem liberdade! Totalmente reféns dessa situação”. Não há nenhuma palavra no texto dedicada a explicar o porque dessa suposta penúria, após ele a mulher terem raspado as contas bancárias antes de fugirem da polícia.

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A queda da Braiscompany

A Braiscompany foi alvo de uma operação da Polícia Federal no dia 16 de fevereiro. 

No dia 17 de fevereiro, o juiz Carlos Eduardo Leite Lisboa, do Tribunal de Justiça (TJ) da Paraíba, concedeu bloqueio de R$ 45 milhões dos bens e dos automóveis registrados em nome da companhia, embora não tenha autorizado o arresto destes bens.

O juiz, ainda negou o bloqueio de transações feitas pela Braiscompany junto à diversas exchanges de criptomoedas, como Binance, Coinbase e Kraken, por exemplo.

No final de fevereiro, a 4ª Vara Federal de Campina Grande (PB) determinou que a Superintendência da Polícia Federal na Paraíba solicitasse a inclusão dos nomes dos líderes da Braiscompany na lista de procurados da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal.

A Justiça também decretou a prisão preventiva de Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos — mudaram o tipo de mandado de prisão, de temporária para preventiva.

Os novos mandados de prisão preventiva contra Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos trazem a relação de crimes que a dupla é suspeita de ter cometido. No total, são cinco crimes que ambos são acusados.

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A lista começa com a infração à Lei nº 1.521, que aborda crimes contra a economia popular. Trata-se da forma como as pirâmides financeiras geralmente são enquadradas pela lei brasileira.

O art. 2º descreve ser crime “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos”. Outro trecho do artigo enquadra na lei também a violação de “contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução das prestações pagas”.

Vale lembrar que a Braiscompany deixou de cumprir com as obrigações determinadas nos contratos de investimento firmados com os clientes, já que desde dezembro do ano passado atrasa os pagamentos que deveria fazer mensalmente.

A lista de acusações contra os donos da Braiscompany continua com a infração ao artigo 296 da Lei nº 2.848, que trata sobre falsidade documental. O artigo em questão diz ser crime “falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II – selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião”.

A Braiscompany já foi denunciada no passado por mentir sobre ter vínculos com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Em 2020, a entidade precisou vir a público desmentir a Braiscompany, que dizia possuir o selo da ANBIMA. Não só a empresa não era associada, como também não era aderente aos Códigos de Melhores Práticas da ANBIMA.

Os outros três possíveis crimes do casal estão baseados na Lei nº 7.492, que trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional. No mandado de prisão, constam as infrações aos artigos 4, 7 e 16 da lei.

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O art. 4º diz ser crime gerir fraudulentamente instituição financeira, com o art. 7º condenando a emissão, oferta ou negociação de títulos ou valores mobiliários sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente. 

Já o art 16º estabelece ser crime operar, sem a devida autorização, uma instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio.

A Braiscompany nunca teve autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou do Banco Central para captar e fazer gestão de dinheiro de investidores. O uso de Bitcoin para mover fundos dos clientes era inclusive considerado por ex-funcionários como uma estratégia da empresa para tentar escapar da vigilância dos reguladores.

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