Antonio Neto Ais, criador da Braiscompany, abrindo porta de carro de luxo
Antonio Neto Ais, criador da Braiscompany (Foto: Reprodução/Instagram)

Um cliente da Braiscompany, que deu quase R$ 2 milhões em carros de luxo em troca de contratos de rendimento, entrou na Justiça da Paraíba contra a empresa acusada de pirâmide financeira e que parou de pagar os clientes. O pedido é para que a companhia e seus sócios, Antonio Neto Ais e Fabrícia Farias Campos, tenham seus bens bloqueados para garantir o pagamento do distrato.

O cliente afirma ter dado quatro carros para a Braiscompany: uma Porsche Macan em troca de um contrato de R$ 420 mil, um Jaguar em troca de um contrato de R$ 700 mil, uma Mercedes-Benz em troca de um contrato de R$ 350 mil e um Audi em troca de um contrato de R$ 300 mil.

Publicidade

Segundo informa o processo, os veículos das marcas Porsche Macan e Mercedes foram entregues ao funcionário da Braiscompany chamado Paulo Santos, para que pudessem ser levados para a casa de Antonio Neto Ais.

Já o Jaguar era um carro zero quilômetros que foi entregue direto para Neto Ais. O criador da Braiscompany parece ter gostado do carro: o autor da ação juntou fotos de Antonio usando um modelo da marca e afirma que se trata do veículo concedido em troca do contrato.

“Há que se falar que o veículo se tratava de um modelo zero quilômetro, entregue diretamente para o Sócio da Empresa, sem qualquer intervenção de funcionários, diferente dos demais carros também entregues”, afirma o cliente no processo.

Em conversa com Portal do Bitcoin, o advogado Artêmio Picanço afirma que o recebimento de veículos como forma de pagamento para os contratos de locação é contraditória ao que se prevê neste próprio instrumento:

Publicidade

“É provável ainda que, tais fatos consubstanciados a tudo que está acontecendo acendam um alerta do regulador responsável por valores mobiliários, qual seja: a CVM”.

Antonio Neto Ais utilizando o Jaguar que, segundo autor do processo, foi dado em troca de um contrato (Foto: Reprodução/Processo)

Distrato negado pela Braiscompany

O autor da ação cita no processo reportagem do Portal do Bitcoin demonstrando que a Braiscompany já está sendo alvo de bloqueio de bens judicialmente. Isso demonstraria que o cliente está sem garantia de um dia irá receber seu dinheiro.

“Sendo alvo de condenações, surge a possibilidade de dilapidação do patrimônio pelos Réus, utilização de ‘laranjas’, tudo com vistas a não ter os bens bloqueados e não ver a Justiça sendo efetivamente cumprida”, diz.

Na petição apresentada à Justiça, o cliente diz que já pediu o distrato e a empresa permaneceu em completo silêncio, “sequer assinando qualquer dos Distratos ou fornecendo maiores informações sobre a rescisão contratual”.

Publicidade
Paulo Santos, funcionário da Braiscompany, recebe chaves e documento de uma Mercedes-Benz (Foto: Reprodução)

Braiscompany atrasa pagamentos

A Braiscompany, que diz ter um negócio de “aluguel de criptoativos”, tem atrasado constantemente os pagamentos aos clientes desde dezembro, esquema acusado de ser pirâmide financeira por Tiago Reis, o CEO da Suno Research.

Segundo a empresa, teria sido o lançamento do Brais App, previsto para acontecer no dia 28 de dezembro, que causou o primeiro atraso dos pagamentos no dia 20 de dezembro.

O que chama atenção é o fato de que a Braiscompany não usa aplicativo ou um sistema interno para efetuar o pagamento dos clientes. Ao invés disso, envia os supostos lucros mensais diretamente para a carteira de bitcoin informada pelo usuário e mantida em corretoras de criptomoedas, como a Binance.

O aplicativo sequer foi lançado no dia previsto — embora a Braiscompany tenha feito uma grande festa para a ocasião, regada a champagne e atrações musicais — e segue fora do ar até hoje. Na confraternização, a empresa também anunciou a criação da sua própria criptomoeda, a Brais Token, cuja data de lançamento ainda não foi informada.

Culpa na Binance

Em uma live realizada no dia 9 de janeiro, Antonio Neto Ais, criador da Braiscompany, afirmou que os atrasos nos pagamentos que tem ocorrido junto aos clientes da empresa são culpa da corretora de criptomoedas Binance. Segundo o empresário, a corretora tem colocado travas em saques e liquidações da empresa.

Publicidade

“A Braiscompany vem sofrendo travas sistêmicas da Binance desde novembro. Quando tem um pedido de depósito, ela quer saber a origem do dinheiro, quer provas como prints de conversas. Isso vai contra tudo que defendemos de descentralização”, disse Neto Ais.

CVM recebe denúncia formal

As consequências parecem estar chegando para a Braiscompany. No dia 12 de janeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu uma denúncia formal contra a empresa.

Na denúncia feita pelo escritório de advocacia Cardenas Torres Advocacia, a CVM é provocada a investigar a Braiscompany, sob o argumento que a empresa faz oferta irregular de valores mobiliários nas ofertas de contrato de investimento coletivo. 

Ao cometer essa infração, a empresa estaria dentro do escopo de atuação da autarquia, mesmo que descreva seu serviço como “locação de criptoativos” com o “objetivo principal de afastar a competência da CVM”, segundo a denúncia assinada pelos advogados Pedro Torres e Hector Cardenas.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Brasileiros importam recorde de R$ 8,6 bilhões em criptomoedas em março

Brasileiros importam recorde de R$ 8,6 bilhões em criptomoedas em março

Como resultado da alta em março, o acumulado do 1º trimestre de importação de criptoativos ficou em US$ 4,69 bilhões, 118% acima de 2023
Imagem da matéria: Renato Moicano: Lutador ganha fãs promovendo o Bitcoin e as "6 lições" de Ludwig von Mises

Renato Moicano: Lutador ganha fãs promovendo o Bitcoin e as “6 lições” de Ludwig von Mises

Famoso no mundo das lutas, Renato Moicano agora também conta com fãs do mercado financeiro e criptomoedas
Imagem da matéria: Brasileiro perde R$ 100 mil ao acreditar que ganharia lucro de 87% em duas horas com criptomoedas 

Brasileiro perde R$ 100 mil ao acreditar que ganharia lucro de 87% em duas horas com criptomoedas 

O golpe envolve várias empresas de fachada e foi divulgado por uma falsa influenciadora digital de finanças
comprimidos de ecstasy Polícia SP

Polícia apreende ‘balas’ de ecstasy com símbolo de Bitcoin durante prisão

Ocorrência no litoral de SP culminou em prisão em flagrante por tráfico de drogas