Imagem da matéria: Mercados de NFTs não querem mais pagar royalties aos criadores. E agora?
(Foto: Shutterstock)

O CriptoTwitter está sempre movimentado, mas esteve bastante agitado no último fim de semana à medida que criadores, colecionadores e personalidades debatiam sobre a possibilidade de artistas de tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) devem receber ou não royalties por negociações em mercados secundários.

Não é um debate novo, mas é um que foi ampliado consideravelmente com o lançamento e a crescente adesão de SudoAMM, um mercado NFT desenvolvido no Ethereum da Sudoswap que não honra os royalties de artistas pelas vendas.

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Em outras palavras, é possível vender um NFT no mercado e não ter de pagar outros 5% ou 10% (ou qualquer que seja a quantia) definida como uma royalty do criador.

Yawww, um mercado NFT criado no Solana, gerou um debate similar quando foi lançado em junho, sem a opção de royalties.

No sábado (13), em meio ao debate, outro mercado NFT no Solana, Solanart, apresentou um novo modelo onde vendedores podem escolher se querem ou não pagar aos criadores uma taxa de royalties, além de decidirem quanto querem pagar.

Aborrecimento

É claro que muitos artistas estão aborrecidos com o surgimento desses mercados. Alguns deles se expressaram no último fim de semana via Twitter Spaces.

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“Não é sobre sentimentos”, tuitou a artista Claire Silver. “Estamos construindo os primeiros elementos do que será uma civilização digital. Royalties são uma afirmação abrangente de que valorizamos os criadores. A Web2 e o mundo [tradicional] estão sendo forçados a se ajustar com base nessa afirmação. Não estamos aqui para recriar sistemas antigos.”

Matt Medved, artista, fundador e CEO do site NFT Now, foi mais direto: “0% royalties são inviáveis. Não vamos voltar para a mesma merda (sic) da Web2.”

Um NFT é um token desenvolvido em blockchain que representa propriedade sobre um item e, geralmente, está ligado a bens digitais, como obras de arte, fotos de perfil (ou PFP), colecionáveis e itens de videogame. A popularidade do mercado NFT explodiu em 2021, gerando US$ 25 bilhões em volume negociado.

Os maiores mercados NFT — incluindo OpenSea, Magic Eden e LooksRare — honram as quantias de royalty definidas por criadores.

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Porém, alguns adversários estão ganhando força ao recorrer a colecionadores NFT que querem adquirir JPEGs com as menores taxas possíveis, independente da intenção do criador ou do estigma social em torno da evasão de royalties.

É apenas um debate porque royalties não são obrigatórios na blockchain com os atuais padrões NFT amplamente usados.

Royalties podem ser definidos por criadores em seus contratos autônomos — o código que impulsiona NFTs — e grande parte dos maiores NFTs os honram, mas existem formas de burlar essas configurações. Isso ficou claro com o surgimento do SudoAMM e outros adversários.

Em outras palavras, conforme explicado pelo anônimo colecionador e influenciador NFT @Punk6529, pagar royalties por vendas NFTs é uma construção social em vez de uma norma técnica firme e inevitável.

“Pessoas pagam royalties porque acreditam na convenção social da compra e venda nas normas definidas pelo artista/criador”, afirmou.

O que pode acontecer?

À medida que a discussão foi se desenrolando nos últimos dias, não foram apenas artistas que estavam a favor de honrar os royalties pré-definidos.

Muitos colecionadores também concordaram que negar royalties era uma rejeição do que muitos consideram ser o etos da Web3 — um mercado mais equitativo, em que criadores são mais bem recompensados por seu trabalho, incluindo de forma contínua.

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É o que afastou alguns pintores, fotógrafos, músicos e artistas de todos os tipos dos meios mais tradicionais de produção e venda de arte.

Assim, é compreensível por que muitos artistas e investidores ficaram espantados com a ideia de uma pessoa tentar economizar dinheiro ao remover artistas do ciclo das vendas secundárias.

Embora a reação de alguns criadores tenha sido emocional, outros foram mais práticos.

O que significa se cada vez mais compradores se recusassem a pagar royalties para artistas e isso não fosse mais algo comum? Alguns acreditam que irá restringir a capacidade de criadores prosperarem no setor Web3.

“Dizer ‘não’ a royalties de criadores vai resultar apenas em projetos com financiamento de capital de risco sendo capazes de desenvolver algo continuamente, reduzindo uma enorme porcentagem da população por conta do viés implícito que existe no mundo de capital de risco”, tuitou a anônima usuária Betty, cocriadora da coleção NFT desenvolvida no Ethereum Deadfellaz.

Frank, o anônimo criador do projeto NFT desenvolvido no Solana DeGods, também alertou os possíveis desafios futuros se os royalties forem removidos, incluindo mais projetos que não vão honrar suas promessas (ou “enganar” compradores) devido à falta de compensação contínua pelas vendas secundárias.

“Royalties NFT não devem existir porque é ‘a coisa certa a se fazer’. É simplesmente o melhor alinhamento de incentivos entre fundadores e holders (neste momento)”, tuitou.

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“Se você quer remover royalties, tudo bem. Só não fique com raiva quando emissões ficarem mais caras e houver mais projetos ‘de enganação’, rs.”

“Mente aberta”

Outros visam encorajar criadores a repensarem como vão se aproximar da geração de receita no setor Web3.

Por exemplo, artistas e criadores podem manter uma enorme parte do fornecimento dos NFTs no lançamento e vendê-los depois se o projeto se popularizar.

Larva Labs manteve 1 mil dos 10 mil CryptoPunks originais e não ficou com os royalties pelos mais de US$ 2 bilhões em vendas secundárias.

“Tínhamos 0% de royalties antes. Mantive metade do fornecimento [e] isso funcionou. OK. Sem pânico”, tuitou o anônimo artista cripto XCOPY.

O artista esclareceu em uma resposta que “prefere o modelo atual” de royalties de artistas, mas quer que artistas “mantenham a mente aberta”.

O que artistas podem fazer em relação a colecionadores e mercados que não honram seus royalties? Podem excluir tais compradores de benefícios contínuos e vantagens.

Anatoly Yakovenko, cofundador do Solana, sugeriu que “no futuro, criadores vão começar a acrescentar autoridade para congelar ativos em seus contratos NFT” — uma punição mais rigorosa para evasores de royalties.

O notório artista Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple, que tem o recorde de venda mais cara por um único NFT até hoje, reconheceu que royalties não podem ser obrigatórias na blockchain, tuitando que criadores “não podem [fazer com que] contratos autônomos ‘os ajudem’ nisso”.

Em vez disso, ele incentivou uma relação com colecionadores que faz com que “queiram honrar esses royalties”.

“Podemos andar em círculos [falando] sobre como as coisas devem ou não devem ser, mas é a isso que chegará no fim”, acrescentou. “Fodam os colecionadores pelo excesso de oferta e falta de suporte. Boa sorte… Tratem [os colecionadores] direito e a ampla maioria vai te tratar direito de volta.”

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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