A sangria que derrubou as bolsas globais na sexta-feira se intensifica e continua a trazer perdas ao mercado de criptomoedas. O Bitcoin (BTC) é negociado em baixa de 12,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 24.030, o menor patamar em 18 meses, segundo dados do CoinGecko.
No Brasil, o Bitcoin recua 11,6%, para R$ 122.729, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O relatório com os dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos divulgado na sexta-feira (10) assustou investidores, o que levou a vendas acima de US$ 1 trilhão, aponta a Bloomberg. O IPC subiu para 8,6% em maio na comparação anual, o maior nível em quatro décadas. O Índice MVIS CryptoCompare Digital Assets 100, que acompanha o desempenho dos 100 maiores tokens, registrou baixa de quase 10%.
O Ethereum (ETH) opera em queda de 16%, negociado a US$ 1.236. “Se o Ethereum continuar a ‘sangrar’ rumo a US$ 1.200 (a média móvel de 200 semanas), as perspectivas para outras altcoins se tornam ainda mais sombrias”, disse Antoni Trenchev, cofundador e sócio-gerente do banco cripto Nexo, em entrevista à Bloomberg. A segunda maior criptomoeda já acumula perdas de 30% neste mês.
As altcoins de fato não são poupadas e várias operam com perdas de dois dígitos nesta segunda-feira (13) como Cardano (-11,6%), Solana (-14,8%), Dogecoin (-15,8%), Avalanche (-18,8%), Binance Coin (-12,9%), XRP (-6,8%), Polkadot (-9,3%), e Shiba Inu (-12,5%).
O Goldman Sachs destacou em relatório que, em algum momento, as condições financeiras ou o desaquecimento econômico atingirão um ponto que levarão o banco central americano a fazer uma pausa no aumento de juros. Mas esse ponto parece estar longe, o que indica mais pressão sobre ativos de risco e maior valorização do dólar por enquanto.
O Federal Reserve se reúne nesta semana e muitos analistas esperam um aumento dos juros de meio ponto percentual na quarta-feira, como também em julho e setembro. Mas, diante das evidências de contínua alta dos preços, Barclays e Jefferies não descartam uma elevação de 0,75 p.p. já na reunião de junho.
Outros destaques
Com a onda vendedora de criptomoedas, a empresa de empréstimos cripto Celsius anunciou no domingo (12) a suspensão de saques e transferências em sua plataforma devido a “condições de mercado extremas”. Fontes haviam dito ao The Block que as reservas da empresa para garantir saques durariam apenas algumas semanas. Em tuíte nesta segunda-feira (13), a rival Nexo se ofereceu para comprar os ativos da Celsius.
A B3 prepara o lançamento do contrato futuro de Bitcoin no início do segundo semestre, com foco em investidores que buscam ter exposição à maior criptomoeda, mas dentro de um ambiente regulado. Segundo reportagem do Valor, no momento a bolsa define as chamadas formadoras de mercado, corretoras contratadas para dar liquidez e fornecer referências de preço para os contratos.
Relatório da FGV publicado pelo E-Investidor destaca que os brasileiros ainda investem mais em poupança e títulos públicos, mas o interesse por criptomoedas é quase cinco vezes maior (14,5% afirmaram que investem em cripto) do que o apontado pelos franceses (3%) e nove vezes acima do que o observado entre investidores ingleses (1,5%) que participaram do levantamento.
Criados para aproveitar a polarização das eleições presidenciais de 2022, tokens que apostaram na popularidade dos candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não decolaram, segundo a Folha. A BolsonaroCoin, por exemplo, está em mãos de 141 investidores e teve apenas uma movimentação em dois dias.
O fundador e CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, disse que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) está “fazendo perguntas” sobre o token BNB da exchange, mas afirmou que a empresa ainda não foi intimada. Durante apresentação na conferência Consensus 2022 do CoinDesk, CZ apenas disse que a SEC regularmente faz perguntas sobre a Binance e seus produtos.
Reportagem da Bloomberg revelou que a agência está investigando se uma oferta inicial do BNB em 2017 foi realizada sem registro. Nos EUA, a Binance também é investigada pelo Departamento de Justiça, pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities e pelo IRS, o equivalente à Receita Federal no país, segundo o CoinDesk.
Tyrone Lobban, chefe da plataforma Onyx Digital Assets do JPMorgan, disse na Consensus 2022 que o banco quer trazer “trilhões de dólares” em ativos tokenizados para projetos de finanças descentralizadas (DeFi), com o objetivo de usar esses novos mecanismos para negociação e empréstimos, “mas com a escala dos ativos institucionais”.
A American Express planeja oferecer recompensas em cripto para compras em parceria com a provedora de serviços financeiros digitais Abra. As recompensas poderão ser negociadas em mais de 100 criptomoedas com as quais a Abra trabalha, sem taxas de transação anuais ou internacionais, disse a empresa em comunicado. O Abra Crypto Card tem previsão de lançamento no fim de 2022.
O marketplace de luxo Farfetch começará a aceitar pagamentos em criptomoedas, seguindo os passos da Gucci e outras marcas de luxo ao aceitar Bitcoin e outras formas de dinheiro digital em uma tentativa de atrair compradores mais jovens, de acordo com o Wall Street Journal.
Pesquisa realizada pela Deloitte indica que 75% das empresas revelaram que têm planos de aceitar pagamentos com cripto ou stablecoins nos próximos dois anos. O levantamento também indicou que 85% dos executivos de diversas varejistas americanas esperam que pagamentos com cripto se tornem “onipresentes” nos próximos cinco anos.
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A exchange de criptomoedas Huobi Global lançou a Ivy Blocks, um braço de investimento com foco em DeFi e Web3. A Ivy Blocks investirá em projetos globais de blockchain para ajudar a potencializar seu crescimento, conforme comunicado da Huobi.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, foi ao Twitter na sexta-feira (10) para responder a uma petição online supostamente publicada por um empregado ou um grupo de funcionários da exchange, apontado inúmeros erros da empresa e exigindo a saída de vários executivos, entre eles a diretora de operações, Emilie Choi. Armstrong foi enfático: “(…) Se você não tem confiança nos executivos de um CEO de uma empresa, então por que está trabalhando nela? Peça demissão e busque uma companhia na qual acredita!”, disse. “Se for pego, será demitido.”
O MB, maior plataforma de ativos digitais da América Latina, completou nove anos no domingo, 12 de junho. Em comemoração, todos os clientes que abrirem conta no MB até 30 de junho e fizerem um depósito no valor de R$ 100 receberão um criptoback no valor de R$ 50. Na sexta-feira (10), o Mercado Bitcoin, fundado em 2013, assumiu oficialmente o apelido MB. A nova marca vem acompanhada de uma reestruturação dos negócios que pertencem à 2TM, controladora da plataforma.
O Valor lança nesta segunda-feira (13) o canal online “Criptomoedas” dedicado à cobertura de criptoativos. Com patrocínio do MB, o novo canal contará com reportagens sobre a negociação de criptoativos e outros temas relevantes para o setor.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
O projeto de lei que irá regular as criptomoedas no Brasil não terá segregação patrimonial. O deputado Expedito Netto (PSD-RO), relator do PL 4.401/21, disse em coletiva na sexta-feira (10) que entende ser razoável uma exchange poder usar ativos de um cliente para fazer empréstimos e outras movimentações financeiras.
Além disso, também será retirada do texto a regra estabelecida no Senado de que as empresas teriam que ter desde já CNPJ e enviar informes ao COAF para atuar no Brasil. O deputado afirmou que o Banco Central será o regulador das corretoras cripto no país.
Na União Europeia, o bloco está perto de um acordo para regular a indústria de criptoativos, que poderia ser fechado já este mês, disseram pessoas a par do assunto à Bloomberg. Negociadores devem se encontrar nesta terça-feira (14) e em 30 de junho.
O Departamento do Tesouro dos EUA voltou a analisar uma polêmica proposta para identificar quem controla carteiras de criptomoedas não hospedadas. Mas Wally Adeyemo, vice-secretário do Tesouro, prometeu aos participantes da Consensus 2022 que a medida permitirá espaço para inovações que ajudam a combater crimes financeiros.
E para garantir essa inovação, o Congresso dos EUA poderia aprovar ainda este ano uma lei federal para regular as stablecoins. Essa foi a promessa feita durante a conferência pelo senador republicano Pat Toomey, que apresentou um projeto de lei sobre o tema este ano. Congressistas estão preocupados com a falta de clareza regulatória e com o impacto do colapso da TerraUSD.
Fabricio Tota, diretor do MB, acredita que as stablecoins são ativos que ajudam a proteger investidores da volatilidade do mercado, mas destaca que é preciso distinguir as mais confiáveis. Em artigo no E-Investidor, Tota avalia que o colapso da rede Terra “não decretou o fim das stablecoins” e também fez com que reguladores se mexam.
Luis Silva, CEO e fundador da CloudWalk, concorda, já que as medidas de governança das stablecoins estão sendo avaliadas. “Isso é positivo porque desenvolve o mercado”, afirmou ao E-Investidor.A fintech brasileira, emissora da Brazilian Digital Real (BRLC), uma stablecoin pareada com o real, já é capaz de realizar 500 transações por segundo em sua rede blockchain, mais de 70 vezes acima do volume anterior, destacou o Estadão.
Edward Snowden, que já foi acusado de espionagem pelo governo americano, vê mais valor em usar criptomoedas do que como investimento. “O Bitcoin é para se usar e não para investir”, disse o ativista e presidente da Freedom of the Press Foundation, em participação online na Consensus 2022.
O Coin Center, um think-tank de criptomoedas com sede em Washington, entrou com um processo contra o Departamento do Tesouro e a agência tributária dos EUA. O centro de estudos alega que uma exigência na declaração de impostos sobre criptomoedas incluída em uma lei de infraestrutura é inconstitucional, de acordo com uma publicação em seu site. A regra, que entra em vigor em 2024, exige que contribuintes dos EUA que recebam mais de US$ 10 mil em criptomoedas informem dados fiscais e outras informações pessoais.
Metaverso, Games e NFTs
A TBD, empresa focada em Bitcoin lançada por Jack Dorsey, anunciou um projeto para desenvolver uma plataforma de internet descentralizada para desafiar a Web3. Chamada de “Web5”, a plataforma promete devolver o controle dos dados e identidade aos indivíduos, “que se tornaram propriedade de terceiros”, segundo detalhes publicados no site do projeto. “[Esta] provavelmente será nossa contribuição mais importante para a internet”, disse Dorsey em tuíte.
Os jogos baseados em tokens não fungíveis não ficaram imunes ao inverno cripto, mas a categoria é a que melhor tem resistido aos efeitos do chamado “bear market”. Em entrevista ao Portal do Bitcoin, o empresário americano Omar Siddiqui, fundador da Joyride, disse que os games NFT estarão prontos para adoção em massa em até dois anos. “A educação do usuário para aprender sobre criptomoedas e NFTs ainda é uma grande lacuna.”
Com o dinheiro que ganhou jogando Axie Infinity todos os dias, o brasileiro Jonathan Alves Cordeiro conseguiu sair de Cidade Alta, favela no Rio de Janeiro, para morar em Araruama, na Região dos Lagos, com sua esposa e filha. Mas com a crise do popular jogo, Cordeiro teve de buscar novas formas de continuar sobrevivendo por meio de jogos NFT, segundo o Portal do Bitcoin.
O jogo NFT Heroes of Metaverse da Prota Games captou R$ 14 milhões em uma rodada de investimentos com participação de Iporanga Ventures, Big Bets e Class 5 Global, além de investidores pessoas físicas, conforme o Valor. O game tem lançamento previsto para 1º de outubro e rodará em smartphones e PCs.