No início de novembro de 2022, uma das maiores exchanges do mundo, a FTX, entrava em uma espiral de problemas após a suspeita de que exchange usava ilegalmente fundos de clientes. Após dias de pânico, um possível resgate pela Binance trouxe esperança ao mercado, mas no dia 9 de novembro a corretora chinesa desistia do negócio e fazia ruir de vez qualquer tentativa da FTX sobreviver.
Dois dias depois, a empresa entraria com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos para pregar o último martelo do seu próprio caixão.
Hoje, todo o grupo FTX — incluindo a empresa irmã Alameda Research — está quebrado e seu fundador, Sam Bankman-Fried, está preso e condenado em sete acusações criminais.
Apesar disso, o tempo jogou uma luz nas esperanças do negócio voltar a ativa e começam a surgir tentativas mais concretas para retomar o que um dia já foi a segunda maior exchange de criptomoedas do mundo.
Os possíveis novos donos da FTX
A expectativa pelo retorno da FTX ganhou força nos últimos dias com o surgimento da informação de que a Bullish, uma corretora cripto liderada pelo ex-CEO da bolsa de Nova York (New York Stock Exchange), Tom Farley, estaria entre as concorrentes para comprar a FTX e levar em frente seu processo de “renascimento”, disseram pessoas a par dos planos ao Wall Street Journal.
Nesta quinta-feira (9), o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Gary Gensler, comentou sobre a situação em entrevista à CNBC: “Se Tom ou qualquer outra pessoa quisesse estar neste campo [para reviver a FTX], eu diria: ‘Faça isso dentro da lei'”. A fala ajudou o token nativo da exchange falida, o FTT, a disparar 90%.
Ele acrescentou que o futuro dono da FTX deve “construir a confiança dos investidores no que está fazendo e garantir que está fazendo as divulgações adequadas, e também que não está misturando todas essas funções, negociando contra seus clientes ou usando suas criptomoedas para seus próprios fins”.
Mas a Bullish é apenas a única de olho na FTX. Como aponta a Fortune, a fintech que usa blockchain Figure Technologies e empresa de investimento privado Proof Group também estão na disputa no “leilão” pela FTX.
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A decisão final sobre quem ficará com o espólio da exchange poderá sair até meados de dezembro, quando parte dos planos de recuperação da FTX serão submetidos ao tribunal de falências de Delaware.
A queda da FTX
A derrocada da FTX começou quando o site de notícias CoinDesk revelou que a Alameda Research, empresa de trade “irmã” da FTX e também fundada por Sam Bankman-Fried, tinha uma parte significativa de seus recursos no token nativo da exchange, o FTT. Com a revelação, o CEO da rival Binance, Changpeng “CZ” Zhao, disse que iria vender suas participações no ativo.
Isso levou a uma corrida desenfreada de clientes querendo sacar seus recursos da FTX, que perdeu o controle e não conseguiu mais atender a demanda de saques, levando a um cenário de suspensão de retiradas de fundos e atrasos de pagamentos.
A Binance ainda chegou a fazer uma oferta para comprar a FTX, prometendo que iria resgatar a empresa e garantir que os clientes recuperassem seus recursos. Porém, a exchange desistiu da aquisição ao avaliar a empresa de perto, o que levou a uma nova onda de problemas diante de acusações de mau uso dos recursos de clientes.
No dia 11 de novembro a FTX entrava com pedido de recuperação judicial e paralisava sua operação, com a renúncia de Sam Bankman-Fried e a entrada de John J. Ray III para o posto. Tendo participado de processos importantes de falência na história, como o da Enron, Ray III criticou as finanças da exchange tão logo assumiu o cargo.
Com todos esses problemas e novas denúncias surgindo a cada dia, Bankman-Fried acabou preso no dia 12 de dezembro de 2022 nas Bahamas, onde ficou apenas 10 dias até ser solto com o pagamento de fiança, retornando em seguida aos EUA.
Em agosto de 2023, SBF voltou a ser preso e em outubro foi julgado por sete crimes e declarado culpado de todos. Sua sentença, que pode chegar a 110 anos, será definida em março de 2024.
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