Imagem da matéria: Criador da Midas Trend lança robô de apostas mesmo sendo investigado pelo MP e acusado de calote de R$ 55 milhões
Deivanir afirma ter orgulho da marca Midas Trend (Foto: Repordução/Instagram)

A pirâmide financeira Midas Trend está tentando se restabelecer com um (não tão) novo discurso após deixar um prejuízo de R$ 55 milhões nos investidores em outubro de 2019.

Deivanir Santos, o criador do esquema, anunciou na segunda-feira (10) que irá começar a vender um robô que supostamente auxilia as pessoas a fazerem apostas vencedoras em cassinos online.

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Em seu Instagram, Deivanir afirma que o robô já está sendo utilizado por algumas pessoas e publicou prints de supostos ganhos com a ferramenta. A grande estreia do esquema, no entanto, está marcada para hoje (11), quando ele irá fazer uma live às 20h. 

O modus operandi parece ser o mesmo da Midas original: entre 2018 e 2019, a empresa afirmava que operava um suposto robô de arbitragem de compra e venda de criptomoedas, que multiplicava o dinheiro dos investidores.

Agora, trata-se novamente de um robô, mas que irá auxiliar em apostas esportivas. Em seus stories, Deivanir ressaltou um aspecto que é clássico de todas as pirâmides: premiar pessoas que tragam outros investidores, fazendo o alcance se alastrar e gerar faturamento alto para quem está nas posições de cima do esquema. 

“Vamos criar planos perfeitos de comissionamento para quem quiser desenvolver um trabalho de liderança”, disse Deivanir. 

Renascimento da Midas Trend?

Além dos anúncios no Instagram, Deivanir criou um grupo no Telegram que já tem 5,8 mil pessoas e se chama “Midas Recuperação”. A mensagem fixada é que a live desta terça-feira (11) será feita às 20h e que “chegou a hora de voltar a sonhar. Conheça a nova Midas”.

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Em março de 2021, o Ministério Público da Bahia acionou Deivanir e seu irmão, Devanney Vieira Santos, por oferta de valores mobiliários sem autorização da CVM.

Na ação, o MP proíbe a empresa de ofertar para o público Contratos de Investimento Coletivo (CIC’s) sobre operações de arbitragem, com ou sem o robô BotMidas, assim como interrompa a realização de quaisquer movimentações financeiras com dinheiro investido por consumidores, além de não propagar a falsa expectativa de que as empresas demandadas possuem estrutura sólida e regular no mercado, gozando de chancela dos órgãos públicos competentes.

O Portal do Bitcoin procurou Deivanir Santos para prestar esclarecimentos sobre a Midas Trend original e a nova empreitada, mas não obteve retorno até o momento dessa publicação.

“Como esse negócio pode dar errado?”

Sobre acusações de ser um novo golpe, Deivanir tentou se adiantar. “Para quem não entende, fica falando m…., ‘ah é golpe’, presta atenção gente: o dinheiro está na conta de quem? Quem abre a conta na casa de apostas são vocês. O nosso produto opera lá dentro, você saca a hora que quiser. Então como um negócio desse pode ser errado?”, argumenta.

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Ainda sobre esse ponto, ele afirma que a “nova Midas jamais terá o peso” de ter o capital de clientes sob sua custódia. “Nós só vamos fornecer as ferramentas que vão multiplicar seu capital nas casas de aposta”, promete.

Deivanir afirma que no momento o suposto robô funciona apenas em um casa de apostas chamada Betzy, para a qual ele colocou link de direcionamento no Instagram.

Segundo o criador da Midas, outras casas de apostas serão habilitadas para o seu novo esquema. “A Midas agora vai explorar o mercado de jogos online, mercado que está no hype, dando muito dinheiro todos os dias”, afirmou empolgado.  

Orgulho da marca Midas Trend

Deivanir não mostra vergonha do escândalo da Midas. Ao contrário: afirma estar orgulhoso da marca e aposta no nome dela para seguir com seu novo projeto.

“Você que fez parte da Midas, se você não foi um daqueles que realizou sonhos, você sentiu a possibilidade. Agora a gente vai materializar isso. É só você me acompanhar”, diz.

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A promessa não é conservadora: Deivanir diz que quem o acompanhar agora será milionário e faz uma comparação esdrúxula: “Sou chamado de doido, mas são esses que mudam o mundo. Como Aristóteles, Platão, Steve Jobs e Bill Gates”.

Eterna tentativa de ressuscitar a Midas

Esssa não é a primeira tentativa de Deivanir de ressuscitar a Midas Trend. Em abril de 2020, dld disse que iria começar a Midas 2.0, que seria igual a primeira versão — ou seja, uma suposta pirâmide financeira.

Depois, em julho de 2020, Deivanir lançou um produto chamado Dominus Money que envolve uma criptomoeda própria e a velha promessa do robô de arbitragem.

A Dominus Money, segundo o próprio Deivanir Santos, não era uma empresa nova, mas um dos “produtos” da nova Midas Internacional ou da Midas 2.0.

Relembre o caso

A Midas Trend foi uma pirâmide financeira que operava um suposto robô de arbitragem chamado “Bormidas”, que dizia multiplicar o dinheiro dos investidores.

Além disso, a empresa oferecia os famosos bônus de indicação e binário, típicos de esquemas ponzi.

Reportagem do Portal do Bitcoin mostrou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo contra a empresa, que não teve os detalhes tonados público por tramitar em sigilo.

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A empresa parou de pagar seus clientes em outubro de 2019. Inicialmente disse que a culpa era da Urpay, empresa de processamento de pagamentos que prestava serviços para a pirâmide Unick Forex e que foi fechada após o esquema ruir.

Após meses prometendo uma resposta, Deivanir fez uma live no dia 14 de abril de 2020 afirmando que todos os bitcoins da Midas Trend haviam sido roubados num ataque hacker.

Ele disse que a empresa transferiu os bitcoins de uma Trezor (carteira física de bitcoin) para uma exchange, que, segundo ele, já estaria com a segurança comprometida.

De acordo com Deivanir, um dia antes eles desconfiaram que alguém teria invadido e sequestrado o DNS (sigla em inglês para sistema de nomes de domínios) da plataforma para roubar informações. Mesmo assim, no dia seguinte foi feita a transferência.

Na época, o Portal do Bitcoin consultou o pesquisador de segurança e auditor de projetos de criptoativos Everton Melo. Segundo ele, não faz sentido a alegação de Deivanir.

“Não existe uma conexão direta entre a Trezor, a plataforma dele e a rede com DNS comprometido”, afirmou. “Não tem como você conectar esses meios. Enviar o saldo da Trezor para uma exchange não depende do DNS do site, mas apenas da rede do bitcoin”.

Três dias depois, Deivanir dobrou a aposta: “Confesso a vocês que com tristeza no coração digo que só temos dois caminhos: ou vocês vão pra Justiça, denunciam, dão queixa, ou me ajudam a me reerguer e honrar os meus compromissos”.

Outra apuração do Portal do Bitcoin mostrou que Deivanir fez parte de outra pirâmide antes de fundar a Midas: a Bbom, que aplicava em 2013 o golpe do marketing de multinível e foi investigada pela Justiça.

O produto que supostamente alimentava o negócio da BBom era um rastreador de veículos. No entanto, segundo a Justiça, como em outros casos de pirâmide financeira, essa seria apenas uma isca para recrutar novos associados para o esquema fraudulento.

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