Depois de cair para o menor nível desde 30 de junho, o Bitcoin (BTC) se recupera nesta quinta-feira (8), com alta de 2,3% e cotado a US$ 19.301,90, segundo dados do CoinGecko.
No Brasil, o Bitcoin sobe 1,8% após o feriado da Independência, negociado a R$ 100.705,16, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Já o Ethereum (ETH) registra alta de 6,4% nas últimas 24 horas, negociado a US$ 1.623,72. A segunda maior criptomoeda se recupera do tombo de quase 9% na quarta-feira, quando alguns problemas técnicos na chamada Bellatrix, última grande atualização antes da Fusão, preocuparam investidores. A taxa de blocos perdidos da rede Ethereum aumentou cerca de 1.700% após a atualização inicial.
Segundo análise de Laura Shin, do CoinDesk, a atualização da blockchain deve melhorar a percepção da sociedade em relação à rede e à indústria cripto em geral. A migração para o sistema de consenso “proof of stake”, ou prova de participação, deve resultar em menor impacto ambiental da blockchain.
A maioria das altcoins opera no azul, entre elas Binance Coin (+4,9%), Cardano (+1,9%), XRP (+3%), Solana (+5,2%), Polkadot (+2,1%), Dogecoin (2,1%), Shiba Inu (+1%), Polygon (+3,5%) e Alavanche (+1,7%).
Bitcoin hoje
Apesar dos ganhos nesta manhã, o Bitcoin tem esbarrado em obstáculos para se manter acima de US$ 20 mil. Na quarta-feira (7), a maior criptomoeda chegou a cair para US$ 18,559, o menor nível desde 30 de junho, segundo o CoinDesk, mas se recuperou em linha com Wall Street, com ganhos tanto para o S&P 500 quanto para o Nasdaq no fechamento da sessão.
“Provavelmente, por muito tempo, os fatores macro não importavam para o Bitcoin, mas, à medida em que o objetivo é ser mais ‘mainstream’, quanto mais mainstream ele se torna, mais é afetado por coisas do mainstream”, disse Noah Hamman, CEO da empresa de gestão de investimentos AdvisorShares, em entrevista ao CoinDesk.
Aperto monetário global
Além de notícias negativas no espaço cripto, a perspectiva de mais aperto monetário nos EUA e de uma possível recessão é o que mais pesa sobre o desempenho dos criptoativos.
“Estamos nisso pelo tempo que for necessário para reduzir a inflação”, disse na quarta-feira a vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, durante conferência do setor bancário em Nova York. Brainard também voltou a defender uma maior regulação da indústria cripto devido aos riscos, principalmente das stablecoins.
Wall Street reforçou as apostas em juros mais altos no mercado americano. O Goldman Sachs prevê aumento de 0,75 ponto percentual na decisão do Fed que será anunciada em 21 de setembro e de 0,5 ponto em novembro, ambos 0,25 ponto acima da estimativa anterior. O banco também projeta uma alta de 0,25 p.p. em dezembro.
Mas o cenário de juros mais altos não se limita aos EUA. Nesta quinta, o Banco Central Europeu deve elevar a taxa básica de zero para 0,75%, mesmo sob o risco de uma recessão, segundo a maioria de economistas consultados pela Bloomberg.
Novas corretoras no Brasil
O Brasil deve ganhar uma série de novas corretoras de criptomoedas até o final do ano. De olho em uma fatia de um bolo já bastante cobiçado, a Ativa Investimentos prepara para dezembro o lançamento de uma exchange de criptomoedas, a Needo, conforme o Estadão, seguindo os passos de players como BTG Pactual, Nubank e XP. A meta da empresa é ter até 40% da base de clientes da corretora investindo em criptoativos por meio da Needo no fim de 2023.
Já a fintech Revolut planeja iniciar operações no Brasil em novembro. Avaliada em US$ 33 bilhões, a plataforma britânica de aplicativo financeiro mira entre 10 milhões e 20 milhões de clientes no país, disse ao portal NeoFeed Glauber Mota, CEO da Revolut para o Brasil e América do Sul. E a fintech também está de olho na indústria de criptoativos. “Vamos entrar bem pesado em cripto. E virá muita evolução”, afirmou o executivo.
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Apesar das metas ambiciosas para o mercado brasileiro, a Revolut conduz um plano de corte de custos para se proteger da desaceleração econômica, disseram fontes ao Financial Times. A fintech iniciou um amplo processo de revisão de despesas em maio e cancelou algumas ofertas de emprego a recém-graduados.
A Credix, startup belga baseada em blockchain, redobra a aposta no Brasil, onde aterrissou no fim de 2021. A plataforma de crédito, que conecta globalmente investidores institucionais com originadores de empréstimos em mercados emergentes, captou R$ 60 milhões em rodada coliderada pelos fundos Motive Partners e ParaFi, e também contou com a participação do Valor Capital, Marcelo Claure (ex-SoftBank), Ricardo Villela Marino, presidente do Itaú América Latina, entre outros investidores.
Outros destaques das criptomoedas
A adoção do Bitcoin como moeda oficial em El Salvador completou um ano. Em 7 de setembro de 2021, a “Lei Bitcoin” era aprovada pela Câmara de Deputados do país, com maioria absoluta. Mas para Edwin Lima, salvadorenho consultor na área de Business Intelligence e Inteligência Artificial residente em Amsterdã, o projeto fracassou.
“Os resultados foram US$ 400 milhões de déficit fiscal, mais de 200 caixas eletrônicos abandonados pelo país afora, uma infraestrutura inutilizada e um presidente que não dá o braço a torcer”, escreveu em artigo no Portal do Bitcoin.
Na temporada de balanços, a varejista de videogames americana GameStop divulgou prejuízo trimestral menor do que o esperado e uma parceria com a corretora cripto FTX US para aumentar sua presença no espaço de criptoativos, informou a Reuters. Sem revelar muitos detalhes, as empresas disseram em comunicado que o acordo visa trazer mais clientes da GameStop para a comunidade da FTX e seus marketplaces de ativos digitais.
A Voyager Digital, plataforma de empréstimos de criptomoedas, atraiu número suficiente de potenciais compradores para ir a leilão, marcado para 13 de setembro nos escritórios do banco de investimento Moelis & Co., em Nova York, conforme a Bloomberg.
Regulação e CBDCs
Nos EUA, estabelecer diretrizes para bancos se tornou uma tarefa menos urgente com a desvalorização dos criptoativos, disse Michael Hsu, diretor interino do Escritório de Controladoria da Moeda, durante evento do setor bancário em Nova York na quarta-feira (7). A capitalização do mercado cripto soma cerca de US$ 970 bilhões, comparados a US$ 3 trilhões em novembro, mostram dados do CoinMarketCap.
Por outro lado, o novo chefe da área de fiscalização de bancos do Federal Reserve, Michael Barr, espera que o Congresso trabalhe rápido em uma legislação para reforçar a capacidade de reguladores de supervisionar as stablecoins, segundo a Bloomberg.
Cibersegurança
O processo que acusa Elon Musk de promover um esquema de pirâmide para apoiar a criptomoeda Dogecoin se expandiu, com sete novos investidores e seis novos réus, incluindo a unidade de construção de túneis do empresário, a Boring, de acordo com a Reuters.
A ação, que pede uma indenização de US$ 258 bilhões, acusa Musk, sua fabricante de carros elétricos Tesla, sua empresa de turismo espacial SpaceX, a Boring e outros de ajudar a impulsionar o preço da Dogecoin em mais de 36.000% ao longo de dois anos para lucrar “dezenas de bilhões de dólares” às custas de outros investidores do token.
E em meio à sua batalha judicial com o Twitter, Musk compartilhou capturas de tela com comentários do CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, a suas postagens, dizendo que 90% deles eram falsos, feitos por bots. CZ concordou.
Metaverso, Games e NFTs
Sem a maioria das restrições da Covid, a Fashion Week volta com tudo neste ano a Nova York. A temporada presencial começa nesta sexta-feira (9), com grandes marcas e estilistas como Jason Wu, Prada, Markarian, Rebecca Minkoff vinculando a compra de tokens não fungíveis (NFTs) à chance de ganhar ingressos para os desfiles, segundo o New York Times.
João Carlos Martins, um dos maestros de maior prestígio do Brasil, estreou no universo dos NFTs com uma coleção inspirada em seu trabalho. Martins transformou em NFT uma gravação inédita e orquestrada por ele da canção “País Tropical”, um dos maiores sucessos de Jorge Ben Jor, realizada em parceria com a Bachiana Filarmônica Sesi-SP.