Os especialistas em mineração de criptomoedas do Brasil estão pessimistas com o grande golpe que irá afetar a atividade nas próximas semanas. Entre os dias 10 e 20 de setembro acontecerá a fusão e as validações de blocos na rede Ethereum (ETH) deixarão de ser feitas através do mecanismo de consenso Proof-of-Work (PoW) e passarão para o Proof-of-Stake (PoS) — na prática, é o fim da mineração por força computacional dessa criptomoeda.
Sérgio Lins, especialista em mineração de criptoativos e graduando em Economia pela UFRJ, afirma categoricamente que o cenário não é otimista para os mineradores, principalmente os caseiros.
Seu diagnóstico é que as moedas para as quais os mineradores podem migrar, ficarão com uma dificuldade muito maior. Isso porque a força computacional de placa gráfica que atualmente está dedicada na rede Ethereum, vai se virar a outros tokens baseados no sistema PoW, tornando a solução criptográfica para adição de bloco muito mais complexa nesses projetos à medida que sobe o número de mineradores disponíveis.
“Com a migração do poder de mineração para outras moedas, como Ethereum Classic (ETC) ou Ravencoin (RVN), a dificuldade de minerá-las aumentará exponencialmente, e sem uma tendência de valorização do mercado equiparada, os rendimentos na mineração serão significativamente menores do que hoje”, afirma Lins.
O especialista aponta que o cenário é ainda pior quando se fala da mineração de pequena escala, que utiliza placas de vídeo (GPUs), “pois sua baixa eficiência energética se comparada às ASICs atuais as deixa em desvantagem em um cenário onde o preço da energia consome parte considerável dos rendimentos totais da mineração”.
ETC pode ser opção, mas cenário é incerto
O youtuber e especialista de mineração Denny Torres diz que tem aconselhado os membros do seu canal para que tenham calma e para que não direcionem seus hashrates (poder de computação) para criptomoedas que poderão ter forte desvalorização em alguns dias.
“Focar em moedas mais consolidadas, acho mais prudente. Acredito que o Ethereum Classic possa ser uma boa opção, mas vai depender das pessoas a reconhecerem como uma boa criptomoeda e consequentemente sua cotação subir”, afirma.
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Torres ressalta que o ETC é uma moeda com “impressão” finita, similar ao BTC e diferente do ETH. Além disso, cita uma lista de criptomoedas que podem se tornar boas alternativas para mineração: ETC, RVN, ERGO, BEAM, NEOX, CFX, FIRO, SERO e FLUX.
Conjunto de moedas pode ser saída
Segundo o especialista e youtuber Juliano Caju, que possui um portal sobre mineração, não há ainda nenhuma moeda definida para substituir os trabalhos com Ethereum. Para ele, a grande probabilidade é que a força computacional seja pulverizada em grupos de moedas para gerar renda relevante.
“Qualquer aposta agora é mera especulação. Acredito que não será nenhuma moeda sozinha que vai vingar, mas um conjunto de algumas moedas para suportar todo o poder computacional hoje”, sugere.
Caju dá algumas recomendações para quem minera ether atualmente:
- Estudar alternativas de sistemas com Profit Switch, que analisam a melhor rentabilidade entre as moedas disponíveis, já descontando energia e selecionando a moeda mais rentável pra mineração. Testar no Windows e no Linux;
- Testar inúmeras moedas diferentes que hoje figuram entre as top 30 de mineração e já deixar as configurações de mineração e overclocks prontos;
- Dimensionar fontes para poder minerar outras moedas com maior consumo de energia.