Imagem da matéria: Com 15 stop orders em 2020, CVM mira empresas de Forex e opções binárias sem autorização
Foto: Shutterstock

Companhias que oferecem atividades irregulares no mercado de valores mobiliários no Brasil estão sujeitas aos chamados stop orders emitidos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). E uma rápida olhada nos números deste ano mostra que a autarquia, responsável por regular esse mercado no país, vem tendo trabalho.

Ao todo, 15 stop orders já foram emitidos pela CVM neste ano, sendo 12 deles desde abril. De acordo com a autarquia, esse alerta é uma medida de natureza cautelar, que visa prevenir ou corrigir situações anormais de mercado detectadas pela autarquia.

Publicidade

A grande maioria dos casos é por ofertas de Forex (Foreign Exchange), Contracts For Difference (CFD) e Opções Binárias. Mas também afeta inclusive grandes nomes do mercado de criptoativos, como as opções de futuros da exchange global Binance.

O que são os Stop Orders

Segundo consta na Lei de Mercados de Valores Mobiliários (Lei 6.385/76), nenhuma empresa pode fazer a oferta dessa espécie de Valor Mobiliário sem o registro ou a dispensa do órgão. Ou seja, sem esse crivo a atividade torna-se irregular e passível de punição.

A medida é acompanhada de uma ameaça de multa, caso a prática considerada irregular seja mantida. O caso pode ainda evoluir para processos sancionadores junto à CVM.

Um exemplo recente dessa possibilidade é a G44 Brasil, que já havia sido alvo de stop order da CVM em 2018, além de ser acusada de ser pirâmide financeira. Por persistir na oferta irregular, a empresa foi multada em R$ 750 mil pela autarquia em junho passado.

Publicidade

Em comum a outras companhias ameaçadas de punição pela CVM, está o fato de realizarem alguma oferta que não estava de acordo com as regras brasileiras. Os motivos, no entanto, diferem de outras empresas que foram alvo de alerta semelhante, como a IQ Option e a Binomo, que são focadas em opções binárias e forex, uma espécie de contrato derivativo fundamentado em trocas de pares de moedas estrangeiras.

Stop Order em 2020 por Forex

A grande maioria das companhias barradas pela CVM neste ano foi motivada pela oferta sem autorização de forex. Trata-se de uma espécie de contrato derivativo baseado em troca de pares de moedas fiduciárias (Real por Dólar; Yuan por Libra, entre outros exemplos), que necessita de aval da autarquia.

Veja abaixo quais companhias sofreram Stop Order da CVM neste ano por questões ligadas a forex:

IQ Option: a série de suspensões envolvendo empresas de forex e opções binárias teve início em 23 de abril, com o alerta contra a IQ Option. A companhia, cuja plataforma é popular entre traders, optou inicialmente por enfrentar a decisão da CVM. No entanto, voltou atrás recentemente e determinou que os afiliados não poderiam mais anunciar links diretamente no Google e outros motores de busca. Sua sede é apontada pela companhia em São Vicente e Granadinas, um arquipélago no Caribe.

Start Invest: uma semana após a IQ Option, em 30 de abril, a CVM emitiu Stop Order contra a Start Invest para que a empresa parasse de angariar clientes para a realização de operações no denominado mercado forex. Na decisão, não foi mencionado se a empresa —com sede no Brasil — também atuava com CFD (sigla para Contract For Difference) ou opções binárias.

Publicidade

Tradear: a empresa Capitalia Limited, também conhecida no mercado como Tradear, foi alvo de suspensão da CVM em 4 de maio passado. Diferentemente de outras companhias, a Tradear ofertava o serviço de Social Trading. Por meio dessa modalidade, o investidor poderia copiar “as operações de Traders experientes e gerar renda automaticamente”. A empresa diz ter registro em Vanuatu, um arquipélago na Oceania localizado a leste da Austrália.

Ava Trade: em 6 de maio foi a vez da irlandesa Ava Trade receber a suspensão de ofertas no Brasil. Ela menciona em seu site que possui autorização de diversos órgãos reguladores pelo mundo para atuar com Forex, CFD e investimentos em criptomoedas — o que não se aplica ao Brasil.

CIBfx: foi a quinta companhia de forex a receber aviso de suspensão da CVM, em 8 de maio. Em suas possibilidades de associação, a CIBfx promete baixo nível de risco para investimentos —informação que conflita com o disclaimer no pé do portal, que alerta para a volatilidade do mercado forex. Assim como a IQ Option, a CIBfx também é baseada em São Vicente e Granadinas.

Pepperstone e Paladin FX: em um só dia, em 13 de maio, a CVM emitiu Stop Order contra duas companhias de forex: a australiana Pepperstone Group e a Paladin FX, cuja empresa responsável tem sede nos Estados Unidos. No caso da Paladin FX, além do forex, havia ainda a oferta de investimentos em derivativos.

FG Markets: alvo de Stop Order em 25 de maio, a FG Markets é o nome fantasia no Brasil da Glastrox Trade Ltd, um conglomerado internacional dedicado à prática de Forex. De acordo com o site da companhia, ela foi fundada em 2014 por um grupo de investidores profissionais, gerentes de investimentos e engenheiros de software. Embora seu registro esteja nas Ilhas Marshall, um arquipélago localizado na Oceania, a sede física é citada na cidade de Nicósia, capital de Chipre.

Publicidade

FXGlobe: com aviso de suspensão de oferta emitido em 22 de junho, a FXGlobe trabalha com Forex e Contracts For Difference (CFD). No site da empresa consta que ela é registrada em Chipre e que tem autorização para funcionar de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários daquele país. Uma chancela que, no entanto, não se aplica ao Brasil.

Binomo: considerada rival da IQ Option, a Binomo foi alvo de Stop Order da CVM, em 1º de julho. A empresa, que faz parte da Dolphin Corp, diz operar em 133 países e permite acesso com conta mínima de R$ 40 para clientes brasileiros. Também oferece “conta demo” com R$ 1.000 e treinamentos. Assim como a IQ Option e CIBfx, sua sede também é discriminada em São Vicente e Granadinas. O processamento dos pagamentos, no entanto é feito por uma empresa do mesmo grupo, sediada na Bulgária.

USGFX: O alvo mais recente de Stop Order da CVM por forex, em 20 de julho, foi a empresa australiana Union Standard Group Ltd, Conhecida no mercado como USGFX, a empresa diz contar com um plano de treinamento de traders e atuar sob regulação de órgãos internacionais de controle. É também patrocinadora do Sheffield United, clube de futebol que disputa a primeira divisão do Campeonato Inglês.

Outros casos

Além das companhias de forex, os alertas da CVM também se aplicaram a outros casos de oferta de investimentos que estavam em desacordo com as determinações da autarquia reguladora. São eles:

Petra Gold: barrada pela CVM em 5 de maio, a Petra Gold estaria oferecendo contratos de investimento coletivo sem o devido aval da autarquia. O embate entre autarquia e a companhia, no entanto, é mais antigo. Ainda em março, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a CVM havia recusado proposta de termo de compromisso da Petra Gold e seus sócios pela oferta irregular de investimentos.

Harrison Investimentos: de acordo com seu site, a empresa tem sede em Brasília e atua em duas frentes principais: a oferta de investimentos em precatórios federais e um curso à distância para formação de traders. Chama a atenção, no entanto, o fato de a companhia oferecer um robô de trading, chamado HQuant, que promete retorno de até 3% ao dia nessas operações. Seu fundador, Gabriel Harrison Dias da Rocha, é descrito com um investidor e trader bem sucedido, de origem humilde, e que conseguiu vencer na vida a partir de seu trabalho.

Publicidade

A suspensão contra a Harrison Investimentos foi emitida pela CVM em 21 de maio. Em contato com a reportagem, a empresa disse se tratar de um mal entendido e que tomaria as medidas cabíveis.

Sinus Corretora: barrada pela CVM em 28 de maio, a Sinus oferecia intermediações de ofertas de IPOs (Initial Public Offering). Esse tipo de investimento se baseia em ações de empresas no momento em que elas abrem o seu capital. Isso ocorre na primeira vez em que tais ações passam ser listadas na Bolsa de Valores. O site da empresa atualmente se encontra fora do ar.

Binance: nem uma das maiores exchanges do mundo passou ilesa pelo crivo da CVM. No caso da Binance, o Stop Order — emitido em 6 de julho — foi em razão dos contratos futuros oferecidos de criptomoedas ofertados pela companhia, via Binance Futures. Isso, porém, não significa que a Binance esteja impossibilitada de continuar a negociação de ativos digitais no Brasil. A função de exchange de criptoativos também não é mencionada na notificação da CVM.

VOCÊ PODE GOSTAR
barras de ouro

Ouro bate recorde histórico — conheça duas criptomoedas para investir no metal

Neste início da semana, o metal precioso continua firme na alta histórica, sendo cotado a US$ 2.928 por onça
Pai Rico Pai Pobre Robert Kiyosaki posa para foto

Falta uma semana para previsão de Pai Rico sobre “maior crash da história” se concretizar

Robert Kiyosaki, popularmente conhecido por seu livro “Pai Rico, Pai Pobre”, fez uma previsão assustadora em janeiro