Fundador da Binance Changpeng Zhao posa para foto
Changpeng “CZ” Zhao, CEO da Binance (Foto: Decrypt)

No dia 21 de novembro, Changpeng “CZ” Zhao deixou seu cargo de CEO da Binance. Desde julho de 2017, quando a exchange foi oficialmente lançada, Zhao exercia o cargo de diretor executivo da empresa.

Não foi, porém, uma saída facultativa. Binance e Zhao são alvos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) pela suposta prática dos crimes de evasão de sanções, lavagem de dinheiro e intermediação de transferências monetárias sem licença.

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O DoJ ofereceu um acordo de US$ 4,3 bilhões para interromper as investigações, e CZ deveria se declarar culpado em uma das acusações. Para a Binance, contar com um diretor executivo admitidamente culpado por uma conduta criminosa seria um duro baque, e a única solução foi a saída de Zhao.

O que se extrai de curioso desse episódio é que nenhum dos acontecimentos impactou duramente o mercado de criptomoedas. Os preços das criptomoedas, inclusive, passaram por valorizações horas após a notícia da saída de CZ do cargo de CEO da Binance.

É possível, então, que os investidores já tenham entendido que esse acontecimento marca uma nova era do mercado de criptomoedas. E uma nova era promissora.

Entrada dos institucionais e a nova era

Para entender esse novo momento de criptomoedas, é preciso olhar para a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). Na mesa do regulador, 11 pedidos sobre ETFs ligados ao preço de varejo do Bitcoin (BTC) aguardam aprovação.

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Apesar das tentativas de aprovar um ETF de Bitcoin nos EUA desde 2013, a SEC sempre negou os pedidos, alegando que a aprovação facilitaria uma suposta manipulação do mercado. Por isso, o país conta apenas com ETFs ligados aos preços dos contratos futuros de BTC.

Em junho deste ano, contudo, a BlackRock enviou um pedido ao regulador, manifestando sua vontade de lançar um ETF de Bitcoin. Trata-se da maior gestora do mundo, com quase US$ 8,6 trilhões de ativos sob gestão. Não demorou para que outros pedidos fossem encaminhados na sequência.

A expectativa, de acordo com Eric Balchunas e James Seyffart, ambos analistas de ETF da Bloomberg, é que os pedidos sejam aprovados no primeiro trimestre de 2024. A aprovação é vista como a principal abertura do mercado de Bitcoin para os investidores institucionais. E essa é a nova era.

Nesse novo período, os reguladores estadunidenses não podem mandar a mensagem errada para as instituições financeiras tradicionais que pretendem entrar no mercado. A saída forçada de CZ da Binance é, então, uma mensagem às instituições tradicionais que o mercado cripto está sendo observado. E, às empresas do mercado cripto, uma mensagem de que andar fora da linha não será mais tolerado.

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O que isso muda?

Para as empresas que sempre procuraram se enquadrar, gostando disso ou não, dentro das regras, essa nova fase do mercado é bastante positiva. Andar nas zonas cinzas que a legislação deixa em aberto é tentador, pois gera margens de lucros maiores e abre possibilidades para novos produtos.

Quando a conta chega, no entanto, ela sempre vem alta. Agora, as plataformas do mercado cripto que focam no bem estar de seus usuários terão incentivos para lançar produtos, com a certeza de que não haverão concorrentes pegando atalhos.

Isso serve tanto para as empresas que já existem quanto para os players tradicionais que observam o mercado cripto de longe, mas ainda não tinham confiança para se arriscar. É provável que mais capital, novos produtos e novos investidores adentrem o mercado cripto a partir de agora.

E isso vale para o mundo todo, principalmente para o Brasil. Com o Banco Central prestes a emitir as normas que conduzirão o mercado de criptoativos local, focadas em inovação e acolhimento, a segurança para as empresas do setor aumentará. E isso não passará despercebido.

Uma nova era, onde o Bitcoin será cada vez mais presente nas plataformas financeiras, chegando em camadas cada vez mais profundas da sociedade, se aproxima.

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Sobre o autor

Luiz Parreira é fundador e CEO da startup Bipa.

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