O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL/SP) protocolou dois requerimentos nesta terça-feira (1º) na CPI das Pirâmides Financeiras para que os atores Cauã Reymond e Tatá Werneck e o apresentador Marcelo Tas sejam convocados pelos deputados, na condição de investigados, para falar sobre a relação que mantiveram com a pirâmide financeira Atlas Quantum. que usava Bitcoin em suas operações.
As três celebridades foram contratadas pela Atlas para fazer propaganda da empresa, quando o esquema ainda estava em pleno funcionamento.
“Essas campanhas [de publicidade], aparentemente bem-sucedidas, tiveram o poder de influenciar e induzir milhares de pessoas a acreditarem na empresa, que, entretanto, revelou-se ser uma pirâmide financeira”, afirma o parlamentar no pedido.
A Atlas Quantum ruiu em 2019, após receber um alerta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que desencadeou uma corrida de saques pelos clientes, que ficaram sem receber.
O criador da Atlas Quantum, Rodrigo Marques, fugiu poucos meses depois e até hoje é procurado por clientes lesados pelo seu esquema. Seu paradeiro é desconhecido.
Convocado pode ser recusar a ir
Reportagem do Portal do Bitcoin na qual advogados criminalistas foram entrevistados mostra que a pessoa convocada na forma de investigada pela CPI pode se recusar a ir. O Supremo Tribunal Federal já julgou que é vetado o uso de condução coercitiva nestes casos.
Porém, o convocado que não atender à convocação pode ser acusado do crimes de desobediência de autoridades.
Aposta em celebridades
Em maio de 2018, a Atlas fez uma campanha com Cauã e Tatá no qual os atores apresentaram um programa transmitido ao vivo, no qual interagiam num jogo de perguntas e respostas sobre criptomoedas.
Em uma segunda etapa da mesma “campanha educacional”, a dupla distribuiu R$ 1,5 milhão em bitcoin para os telespectadores como forma de promover a empresa.
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A ação foi considerada um fracasso na época, com baixa audiência online e uma dinâmica ao vivo que não funcionou. O programa foi retirado das redes sociais alguns dias depois.
Em março de 2022, Cauã voltou ao mundo das criptomoedas: o ator fechou um contrato para ser embaixador da corretora Bitso, que patrocina o São Paulo Futebol Clube.
Marcelo Tas tem R$ 2,5 milhões presos
Já em um comercial veiculado em março de 2019, Marcelo Tas perguntava: “Nós estamos falando de 60% ao ano, 5% ao mês, que é o que a poupança leva um ano?”. Tratava-se de uma propaganda da Atlas.
Seis meses depois da campanha, Tas perdeu pelo menos 19,04 bitcoins (cerca de R$ 2,5 milhões), conforme os dados pedidos de saques de clientes da Atlas e obtidos pela reportagem.
Na época, Tas confirmou ao Portal do Bitcoin que tinha dinheiro preso na plataforma, mas negou que o valor fosse tão alto. “Confirmo que, como muitos, fiquei com recursos retidos na Atlas. O valor é bem inferior ao mencionado”, disse por email. O apresentador, contudo, não revelou a quantia.
A reportagem checou os valores pedidos de pelo menos 10 pessoas, todos baseados nas informações das mesmas tabelas. A única pessoa a negar que o valor estivesse correto foi Marcelo Tas.
O saque do apresentador foi solicitado no dia 13 de setembro de 2019. Apenas um outro pedido, de 0,019 BTC, consta como pago na tabela.
Em entrevista ao Portal do Bitcoin em março de 2020, Tas afirmou que nunca fez propaganda para a Atlas.
“Participei como entrevistador, contratado pelo G1- portal de notícias do grupo Globo, de um conteúdo jornalístico patrocinado pela Atlas. Tive total liberdade editorial para construir, de forma independente, um conteúdo que tinha como foco o funcionamento do conceito de blockchain, com ênfase particular no Bitcoin. Entrevistei uma profissional da Atlas, na sede da empresa, sobre assuntos absolutamente técnicos. No conteúdo, não há destaque para qualquer empresa em particular. Sei que houve algumas ações comerciais diretas, mas não participei de qualquer uma delas”, disse.
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