Donald Trump, presidente dos EUA, é fotografado
Donald Trump (Foto: Shutterstock)

Na manhã de domingo (23), o ex-presidente Donald Trump endossou o token oficial TRUMP (TRUMP) em suas redes sociais, promovendo diretamente a moeda meme baseada na Solana. Empresas associadas a Trump detêm uma participação de 80% nesse ativo.

“EU AMO o $TRUMP—MUITO LEGAL!!! O maior de todos!!!!!!!!!!!!!!!”, escreveu o presidente no TruthSocial, o que coincidiu com um aumento no preço do token, que chegou brevemente a ultrapassar US$ 12,25 antes de sofrer grande volatilidade.

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De acordo com dados da CoinGecko, o ativo está em alta de 7,7% no dia, cotado a US$ 11,67. Ainda assim, continua 84% abaixo do recorde histórico de US$ 73,4 registrado em janeiro, quando foi lançado.

Segundo Luis Buenaventura, chefe de cripto na GCash, o movimento do preço é “um sinal de que o mercado já não se empolga com o token do Trump”, apesar dos investidores estarem cientes de “seu potencial para pequenos lucros em curtos prazos”.

Embora o site do token declare que ele “não é destinado a ser uma oportunidade de investimento”, seu valor parece estar intimamente ligado à marca pessoal de Trump e sua promoção contínua.

Preocupações constitucionais de alto risco

O fato inédito de um presidente dos EUA promover diretamente um criptoativo que beneficia seus próprios interesses comerciais gerou preocupações entre especialistas em ética e observadores da indústria.

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Andrew Rossow, advogado de mídia digital e CEO da AR Media, uma consultoria global de impacto de marca, disse ao Decrypt que essas ações “infelizmente estabelecem um precedente perigoso de uso do cargo público para ganho financeiro pessoal”.

Rossow apontou três preocupações constitucionais de alto risco:

A primeira delas são as Cláusulas de Emolumentos (Artigo 1, Seção 9), que proíbem um presidente em exercício de receber benefícios financeiros “de entidades domésticas ou governos estrangeiros sem aprovação do Congresso”, explicou Rossow.

Devido à sua estrutura de propriedade, o token TRUMP permite “que atores estrangeiros comprem tokens anonimamente, o que pode violar essas cláusulas ao possibilitar ganhos financeiros indiretos ou influência estrangeira indevida” sobre a política dos EUA.

O endosso de Trump a um produto financeiro vinculado à sua riqueza pessoal “mina agências reguladoras como a SEC e a CFTC, enfraquecendo a confiança em uma governança imparcial”, disse Rossow ao Decrypt.

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Além disso, com base nas disposições de Igualdade de Proteção e Devido Processo da Quinta Emenda, Rossow argumenta que o tratamento preferencial ao token em relação a outros poderia “criar um campo de jogo desigual no mercado cripto, prejudicando concorrentes”.

CIC Digital LLC, listada nas declarações financeiras de Trump como sendo de sua propriedade, e Fight Fight Fight LLC controlam coletivamente a vasta maioria da oferta de tokens, segundo a documentação oficial do projeto.

Essas entidades têm potencial para se beneficiar financeiramente com o aumento da atividade de negociação e valorização do preço.

Leis federais de ética “proíbem autoridades públicas de se envolverem em atividades que criem conflitos entre seus deveres públicos e interesses privados”, explicou Rossow. Devido à participação de 80% na oferta do token por entidades afiliadas, o envolvimento de Trump “entra em conflito direto com seu papel como presidente” e “mina a confiança pública em uma governança imparcial”.

No início deste mês, a World Liberty Financial, um projeto de finanças descentralizadas associado à família Trump e aos diretores da DT Marks DEFI LLC, lucrou aproximadamente US$ 390 milhões com sua segunda rodada de vendas de tokens.

O lançamento do token TRUMP segue promessas de campanha do presidente para tornar os EUA líderes em cripto, incluindo iniciativas para estabelecer uma reserva estratégica de Bitcoin e encerrar a independência do Federal Reserve por meio de políticas específicas para o setor.

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Representantes do presidente Trump não responderam imediatamente ao pedido de comentário feito pelo Decrypt.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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