O presidente da CPI das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ), apresentou na quinta-feira (22) um requerimento para que a ABCripto – entidade de classe com vários representantes da indústria brasileira de criptomoedas – seja convidada a prestar esclarecimentos. O parlamentar cita Bernardo Srur, presidente da instituição, como representante a ser ouvido.
Na justificativa, o deputado aponta que “uma associação de representantes e atores desse universo visa a colaboração entre organizações e indivíduos de forma a unir os interessados na interlocução com o poder público”.
Aureo Ribeiro ainda ressalta que “dada a atuação desses agentes no mercado de criptoativos, faz-se necessária a participação de seus representantes para que contribuam com os trabalhos desta comissão”.
Por meio de nota, a ABCripto afirma que entende como “natural a entrada do Congresso nas discussões sobre o setor. A ABCripto está absolutamente à disposição para contribuir com o combate às fraudes financeiras de qualquer natureza”
Também na quinta-feira (22), Ribeiro fez requerimento para que sejam convidados para prestar esclarecimentos executivos das corretoras Coinbase, MB (Mercado Bitcoin), Foxbit, Bitpreço, Bitso, Novadax, Mynt, Nox e Digitra. Por fim, representantes das empresas Zro Bank, Parfin, Cloudwalk também têm pedidos para participarem da CPI.
Os requerimentos devem ser votados pelos deputados que integram a comissão na próxima sessão do colegiado, marcada para terça-feira (27).
Nesta semana, o deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL), que compõe a CPI, também propôs que Guilherme Haddad Nazar, diretor-geral da corretora Binance no Brasil, seja convocado a depor, mas na condição de testemunha. O executivo é sobrinho do atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nas justificativas para o requerimento, o deputado aponta que a Binance enfrenta problemas com órgãos reguladores nos Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, Reino Unido e Brasil.
O parlamentar também lembra que a empresa está sendo investigada no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por supostamente oferecer produtos do mercado de derivativos sem autorização – essa investigação CVM teve como motivação para ser reaberta uma reportagem do Portal do Bitcoin.
FTX Brasil
Nessa leva também está incluído pedido para que Antonio Neto, que representava a FTX no Brasil, seja convidado.
Quando a corretora implodiu em novembro do ano passado, Neto divulgou um comunicado no canal de Telegram oficial da FTX em língua portuguesa afirmando que nenhum executivo da região sabia da insolvência da corretora.
Atlas Quantum
Além das empresas, Aureo Ribeiro também quer ouvir as entidades criminosas que atuaram no setor. O deputado já pediu que seja aprovada a convocação de líderes da Braiscompany e GAS Consultoria. Ontem, pediu também que sejam convidados líderes da Atlas Quantum.
No caso, o presidente da CPI quer ouvir Rodrigo Marques, criador da Atlas, e Emília Campos, que atuou na liderança.
A empresa prometia rendimentos de 5% ao mês com arbitragem de bitcoin. O negócio ruiu em 2019, lesando vários clientes, após o sumiço de 15 mil bitcoins, avaliados atualmente em R$ 2,8 bilhões.
“Por toda exposição e gravidade da situação, nota-se a necessidade de que aprofundamento das investigações e da participação dos envolvidos para prestarem esclarecimentos acerca dos fatos narrados. Assim, pedimos o apoio dos pares para a aprovação do requerimento”, afirma.
Advogadas da GAS acompanham CPI
Segundo reportagem do portal O Antagonista, as advogadas Juliana Bierrenbach e Flávia Fróes, da GAS Consultoria, acompanharam presencialmente a primeira sessão da CPI das Pirâmides Financeiras.
O deputado federal Luciano Vieira (PL-RJ), membro da CP, registrou na quarta-feira (21) um requerimento para convocar o criador da pirâmide financeira GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”, e sua esposa, Mirelis Zerpa, para prestar depoimentos perante a essa comissão na qualidade de investigados.
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*Texto atualizado às 11h47 do dia 23 de junho para inclusão da nota da ABCripto
