As criptomoedas voltam a operar no azul nesta quinta-feira (26), em linha com o maior apetite por ativos de risco nos mercados globais. Investidores estão mais animados com os números da temporada de balanços nos EUA e na Europa.
A montadora Tesla, que também divulgou resultados, não vendeu nem comprou Bitcoin no quarto trimestre – embora a queda no valor da criptomoeda propriamente dita durante o período tenha gerado perdas da ordem de US$ 34 milhões.
O Bitcoin (BTC) sobe 1,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 22.969,41. Em reais, o BTC mostra pouca variação, negociado a R$ 117.423,22, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) avança 3,7%, para US$1.606,41, segundo dados do Coingecko.
As principais altcoins estão em terreno positivo, entre elas BNB (+1,3%), XRP (+1,3%), Cardano (+5,3%); Dogecoin (+2,6%), Polygon (+4,5%), Solana (+5,6%), Polkadot (+2,4%), Shiba Inu (+2,9%) e Avalanche (+3,5%).
Reservas de stablecoins da Binance
O valor de mercado da stablecoin BUSD, emitida pela Binance, acelerou a queda em meio a problemas envolvendo os tokens atrelados à moeda americana da maior corretora cripto do mundo.
A oferta circulante da BUSD caiu para US$ 15,4 bilhões na quarta-feira (25), encolhendo em US$ 1 bilhão na semana passada e US$ 2 bilhões em um mês, de acordo com o CoinGecko. Em dezembro, o valor de mercado da BUSD estava em US$ 22 bilhões.
Crise da Genesis
Roger Ver, o principal idealizador do “hard fork” (bifurcação da blockchain) mais popular do Bitcoin, o Bitcoin Cash (BCH), está sendo acusado de dar calote na Genesis, credora cripto em processo de recuperação judicial nos EUA. A Genesis exige que Ver lhe pague US$ 20,9 milhões por danos monetários, além de custos e despesas legais. Segundo a Bloomberg, a plataforma argumenta que o empresário não liquidou transações de opções de criptomoedas que expiraram em dezembro.
Também conhecido como “Jesus do Bitcoin”, Ver disse que tem dinheiro suficiente para pagar a Genesis. Mas o CEO da Bitcoin.com lembrou que o acordo entre as partes exigia que “a Genesis se mantivesse solvente”.
A Genesis é controlada pelo conglomerado Digital Currency Group (DCG), também dono da Grayscale Investments, do portal de notícias cripto CoinDesk e da Luno, uma corretora de criptomoedas que anunciou a demissão de 35% da equipe.
A Luno, com sede em Londres, tinha um total de 960 funcionários, o que significa que mais de 330 empregos serão perdidos como resultado dos cortes, informou o The Block.
Reguladores globais apertam o cerco
O colapso da exchange FTX e o contágio de outras empresas no setor “despertaram” reguladores globais, que se apressam em criar regras para frear práticas ilegais no mercado.
A senadora americana Elizabeth Warren, do Partido Democrata, defendeu uma regulamentação mais rigorosa para a indústria cripto em evento organizado pelo American Economic Liberties Project na quarta-feira (25).
“A solução começa com a SEC”, disse Warren sobre a agência que equivale à CVM nos EUA. “A SEC tem uma longa história de travar exatamente as batalhas que enfrentamos agora.”
Reguladores têm acelerado a investida contra operações irregulares de forma coordenada.
Nos Países Baixos, a exchange cripto americana Coinbase foi multada em 3,32 milhões de euros (US$ 3,6 milhões) pelo banco central holandês por oferecer serviços a clientes sem registro.
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E agentes da Europol prenderam recentemente o CEO e outros quatro diretores da corretora cripto Bitzlato, acusada de permitir que criminosos ocultassem através da plataforma mais de US$ 1 bilhão em ativos resultantes de atividades ilegais. As prisões em solo europeu aconteceram depois de o Departamento da Justiça dos EUA (DOJ) acusar a Bitzlato de lavagem de dinheiro e o fundador da corretora, Anatoly Legkodymov, ser preso em Miami na semana passada.
De acordo com reportagem da Reuters com base em uma investigação da Chainalysis, a Binance movimentou mais de 20 mil bitcoins — US$ 345,8 milhões no momento das operações — na Bitzlato.
Fraudes na Amazon Bank e Lotus
No Brasil, o Ministério Público Federal denunciou oito empresários acusados de operar uma rede de empresas financeiras que faziam assessoria de investimentos fraudulentos e de alto risco envolvendo criptomoedas, câmbio e opções binárias.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o esquema girava em torno das empresas Amazon Bank, Group Lotus Corporate e Lotus Business Center. Os acusados teriam movimentado milhões de reais de vítimas captadas nos estados do Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte e Roraima.
Cibersegurança no Brasil
Levantamento da Kaspersky, empresa especializada em cibersegurança, a pedido da Folha, mostra que o volume de ameaças digitais detectadas e barradas no Brasil recuou para patamares de antes da pandemia de Covid-19. As detecções de malware (programas maliciosos) caíram 12% na comparação ano a ano. A análise destaca que a queda é resultado de empresas mais bem preparadas, mas também de cibercriminosos mais seletivos e ataques mais custosos.
Especialistas ouvidos pela Folha também destacam que ameaças explorando o metaverso e o uso de sistemas de inteligência artificial mais avançados aparecem como alguns dos aliados de criminosos digitais.
Invasão de conta do Twitter da Robinhood
E por falar em cibercriminosos, a conta do Twitter da Robinhood foi hackeada na quarta-feira (25) e usada para promover um projeto de cripto fraudulento na plataforma de negociações online.
Os hackers anunciaram o lançamento de um token chamado $RBH que, segundo eles, estaria disponível na Binance Smart Chain por US$ 0,0005. Cerca de 25 pessoas compraram o token falso antes de que o link fosse retirado. O valor total comprado foi inferior a US$ 8 mil, conforme o The Block.
Robinhood presumably hacked pic.twitter.com/UgRD3UCbo9
— db (@tier10k) January 25, 2023
Outros destaques das criptomoedas
A recém-sancionada Lei Municipal de Acesso a Dados e Transparência de São Paulo trouxe entre as novidades a definição de blockchain, em um sinal de que a tecnologia poderia ser usada pela administração pública da capital paulista, de acordo com o Valor. Combate à corrupção, eficiência na arrecadação e inclusão financeira são possíveis aplicações, mas a lei não define quais seriam os casos de utilização.
O MB vai “exportar” tokens brasileiros de renda fixa, que serão distribuídos por meio da CriptoLoja, subsidiária em Portugal da 2TM, controladora da exchange. Em entrevista ao Valor, Reinaldo Rabelo, CEO do MB, disse que o objetivo é disponibilizar todo o leque de produtos do Brasil, entre eles a stablecoin do real, que interessa aos brasileiros que moram na Europa.
“Queremos levar nossa experiência, não só com renda fixa digital, ao ecossistema europeu, mas dentro de infraestrutura regulada”, destacou Rabelo. Os tokens têm previsão de rentabilidade entre 7% e 9% ao ano em dólares.
E o MB lançou o primeiro projeto learn-to-earn da América Latina. A iniciativa busca informar e educar usuários, e oferecer oportunidades de recompensas financeiras ao final do programa, enquanto auxilia na expansão da base de investidores dos protocolos envolvidos. A primeira ação contemplada será a Nodle —startup de conectividade pioneira no desenvolvimento de uma rede descentralizada fomentada por smartphones.
A Samsung vai levar ao Brasil e a outros sete mercados o serviço Samsung Wallet, uma carteira digital que permite reunir em um só local informações como senhas, identidade e passagens aéreas, além de realizar pagamentos e armazenar criptomoedas, informou a Exame. O serviço vai ser disponibilizado para usuários de smartphones Galaxy no Brasil, Austrália, Canadá, Hong Kong, Índia, Malásia, Singapura e Taiwan até o fim de janeiro.
Uma grande empresa como a Porsche entrando no universo blockchain geralmente atrairia muito interesse de colecionadores de tokens não fungíveis (NFTs). No entanto, o caro lançamento de NFTs da montadora alemã ficou muito aquém das vendas, o que obrigou a Porsche a reduzir a marcha e cortar a oferta.