As duas maiores criptomoedas são negociadas no azul nesta terça-feira (13), enquanto algumas altcoins mostram desempenho misto em meio à prisão do fundador da exchange FTX, Sam Bankman-Fried.
Já os índices futuros das bolsas americanas operam entre perdas e ganhos no aguardo da divulgação do relatório de preços ao consumidor nos EUA.
O Bitcoin (BTC) registra alta de 3,2% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 17.416,96. O Ethereum (ETH) ganha 2,6%, negociado a US$ 1.285,12, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o Bitcoin (BTC) avança 1%, para R$ 89.946,79, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins vão em direções opostas, entre elas XRP (+1,7%), Dogecoin (+0,2%), Cardano (-0,7%), Polygon (-0,1%), Polkadot (-1,3%), Shiba Inu (-0,7%), Solana (-0,3%) e Avalanche (-0,2%).
A Binance Coin (BNB) é destaque negativo, em queda de 4,6% nas últimas 24 horas diante de investigações do Departamento de Justiça dos EUA e rumores sobre a saúde financeira da Binance, após o bloqueio no domingo (11) de “contas muito lucrativas” da empresa ligadas ao comportamento considerado anormal de 11 criptomoedas.
Prisão de fundador da FTX
Sam Bankman-Fried, ou SBF como é conhecido, foi preso nas Bahamas na segunda-feira (12), de acordo com comunicado à imprensa da Força Policial Real das Bahamas. Bankman-Fried cooperou durante a prisão, disse uma pessoa ao New York Times, e deve comparecer nesta terça ao Tribunal de Magistrados em Nassau, capital das Bahamas.
O procurador-geral das Bahamas, Ryan Pinder, disse que os EUA apresentaram acusações criminais não especificadas contra Bankman-Fried e “provavelmente solicitarão sua extradição”.
Uma pessoa com conhecimento do assunto disse ao New York Times que entre os crimes que SBF deve ser acusado estão fraude eletrônica, conspiração de fraude eletrônica, fraude de valores mobiliários, conspiração de fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.
Além do comunicado das autoridades das Bahamas, a prisão de SBF também foi confirmada no perfil oficial do Twitter de Damian Williams, procurador para o Distrito Sul de Nova York.
Promotores federais em Manhattan planejam detalhar o caso contra Bankman-Fried nesta terça-feira “e terão mais a dizer no momento”, disse Williams.
A SEC, a CVM dos EUA, também autorizou acusações civis relacionadas a violações das leis de valores mobiliários por SBF, disse o diretor da divisão de execução da agência, Gurbir Grewal, em comunicado. Essas acusações civis serão apresentadas hoje em Manhattan.
“Indiciá-lo tão cedo, quando não precisavam, me diz que eles têm evidências incrivelmente poderosas”, disse o ex-promotor federal Gene Rossi em entrevista à Bloomberg. Rossi acrescentou que os promotores provavelmente estavam “muito preocupados” com a possível fuga de Bankman-Fried para uma jurisdição onde não poderia ser extraditado.
Audiência no Congresso dos EUA
A prisão de SBF acontece um dia antes de seu depoimento numa audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Deputados dos EUA marcada para esta terça, onde ele seria questionado sobre a quebra da FTX.
Antes de ser preso, Bankman-Fried disse que não iria comparecer presencialmente à sabatina em Washington por causa do “efeito paparazzi” que sua presença causaria.
A presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Maxine Waters, disse a repórteres que a audiência está mantida. “É importante que a população americana entenda a FTX e o que estava acontecendo”, afirmou.
O novo CEO da FTX, John Ray III, também foi convocado para a audiência. Em seu depoimento preparado aos parlamentares, Ray declara que a FTX era uma “bagunça”. O colapso resultou “da concentração absoluta do controle nas mãos de um grupo muito pequeno de indivíduos grosseiramente inexperientes e pouco sofisticados”, escreveu. Ray também vai destacar que a FTX US não era independente da controladora, por isso foi incluída no processo de recuperação judicial.
Bahamas na mira das investigações
Antes da prisão de SBF, advogados nos EUA disseram em documento regulatório que autoridades do governo das Bahamas trabalharam em estreita colaboração com o fundador da FTX e tentaram ajudá-lo a recuperar o acesso aos principais sistemas da FTX Trading.
O governo das Bahamas teria pedido que SBF emitisse novas moedas digitais no valor de centenas de milhões de dólares e depois transferisse esses tokens para o controle das autoridades da ilha, de acordo com a equipe jurídica no controle da FTX.
As acusações intensificam a batalha entre a equipe de executivos que coordena a reestruturação da FTX nos EUA para pagar credores e autoridades nas Bahamas, de acordo com a Bloomberg.
Segundo a agência, investigadores nas Bahamas também examinam o papel de Bankman-Fried e Gary Wang, cofundador da FTX, em saques de alguns clientes na plataforma da empresa no país mesmo após os ativos terem sido bloqueados.
Investigações contra Binance
Além da FTX, outra empresa cripto no radar de autoridades é a Binance, maior corretora de ativos digitais do mundo.
A exchange é alvo há muito tempo de uma investigação criminal conduzida pelo Departamento de Justiça dos EUA, mas a conclusão do processo pode estar ameaçada por uma suposta divisão entre os promotores, disseram quatro pessoas familiarizadas com o assunto à Reuters. Desde 2018, autoridades apuram se a Binance violou as leis de combate à lavagem de dinheiro e desrespeitou sanções impostas pelo governo americano.
Com base nas evidências recolhidas durante as investigações, pelo menos meia dúzia de promotores federais envolvidos no processo acredita que já é possível apresentar acusações criminais contra os executivos que a controlam, incluindo o fundador e CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, aponta a reportagem. Outros promotores, no entanto, argumentam ser cedo para apresentar a acusação, afirmando que ainda é preciso revisar as evidências.
Em sua conta no Twitter, a Binance acusou a Reuters de “estar errada mais uma vez”. “Agora, estão atacando nossa incrível equipe de aplicação da lei. Uma equipe da qual estamos incrivelmente orgulhosos.”
Saques na Binance
Além da repercussão negativa sobre as investigações e bloqueio de “contas muito lucrativas” da corretora realizado no domingo, o relatório de prova de reservas apresentado pela Binance não convenceu parte dos investidores.
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De acordo com dados da plataforma Nansen citados pelo CoinDesk, as saídas líquidas da exchange – a diferença entre o valor de ativos sacados e depositados, somavam US$ 902 milhões nas últimas 24 horas até a segunda-feira (12), ou cerca de R$ 4,8 bilhões na taxa de câmbio atual. Esse é o maior volume desde 13 de novembro, dois dias após a FTX entrar com pedido de proteção contra credores, segundo cálculos da Arkham Intelligence.
No entanto, o fluxo de saídas “não parece notavelmente anômalo”, escreveu Henry Fisher, analista da Arkham, em um chat no Telegram, considerando os US$ 64 bilhões em ativos na Binance.
Dados blockchain mostram que grandes formadores de mercado cripto, como Jump Trading e Wintermute, estavam entre os que sacaram um volume significativo da Binance nos últimos sete dias.
Parte da ansiedade do mercado em relação à Binance também está relacionada a relatos de que Justin Sun, fundador da blockchain Tron, retirou US$ 50 milhões da Binance. Sun, no entanto, procurou acalmar investidores tuitando um link para o Etherscan, segundo o qual havia depositado US$ 100 milhões em stablecoins USDC de volta à exchange.
Pesquisa do CoinGecko citada pelo Livecoins diz que brasileiros estariam entre os menos interessados nas provas de reservas de corretoras cripto, sendo que Singapura lidera a lista de 25 países.
Bitcoin hoje
Se não bastasse a agitação no mundo cripto, investidores também ficarão atentos ao relatório de preços ao consumidor nos EUA (CPI, em inglês), com divulgação prevista às 9h30 de Brasília. Nesta terça também começa a reunião de política monetária do banco central dos EUA, que anuncia sua decisão amanhã (14), juntamente com projeções para a economia americana.
Um número moderado do CPI em novembro justificaria a projeção de aumento de 0,5 ponto percentual para a taxa básica do Federal Reserve nesta quarta-feira e daria pistas se os mercados podem esperar cortes dos juros no fim de 2023, aponta a Bloomberg.
O IG Australia vê possibilidade de um salto entre 2% e 3% do S&P 500 e uma onda vendedora do dólar caso o CPI fique numa faixa de 7% a 7,2%.
Resta saber se esses ganhos se estenderiam aos ativos digitais, dizem especialistas.
“Há um forte ambiente de aversão ao risco, não apenas em cripto, mas em todos os setores e em todos os países do mundo”, disse ao CoinDesk Hany Rashwan, CEO da 21.co, controladora da empresa de fundos de índice cripto 21 Shares.
Fim do inverno cripto?
No entanto, grandes bancos e gestores de investimento consultados pela Reuters esperam uma recuperação do mercado de criptomoedas em 2023, após um ano difícil que levou o Bitcoin a afundar 75% em relação à máxima em novembro do ano passado, quando atingiu US$ 69 mil.
A retomada seria puxada pelo Ethereum, a segunda maior criptomoeda, e projetos focados em funcionalidades para o mundo real, dizem analistas.
Embora BTC ainda possa testar uma mínima de US$ 10 mil a US$ 12 mil, poderia se recuperar para US$ 30 mil no segundo semestre de 2023, de acordo com Matthew Sigel, chefe de pesquisa de ativos digitais da VanEck.
Outros destaques
Após ser escolhida pelo MB para atuar na indústria dos games, a DRUID Creative Gaming anuncia a expansão do atendimento para a marca com a chegada da frente de e-sports em seu portfólio. Com a novidade, a agência passa a ser responsável pela estratégia, criação e execução das atividades do MB para games, metaverso e ativações e patrocínios para o segmento de eSports. Dando início a essa nova fase, a DRUID lança a primeira campanha para a maior plataforma de criptomoedas e ativos digitais da América Latina.
“Assim como o MB, a DRUID chegou antes e acelerou negócios em direção à Web3 e games. Nesse sentido, a parceria desempenha um papel estratégico no relacionamento da marca com a comunidade gamer, que é muito engajada e com alta afinidade com o mercado cripto (…)”, disse Robson Harada, diretor de marketing do MB.
O agronegócio brasileiro vai ganhar uma plataforma exclusiva no metaverso em janeiro de 2023: o Brasil Agriland, um espaço de relacionamento, salas de reuniões, auditórios e outros ambientes, segundo o Cointelegraph.
Os negócios globais no metaverso devem se expandir dos atuais US$ 250 bilhões para US$ 400 bilhões até 2025, segundo o relatório “O Guia do Viajante Corporativo ao Metaverso” da consultoria Boston Consulting Group publicado pelo Valor.
O MB já conseguiu migrar 950 ETH – cerca de R$ 6,3 milhões – de clientes para o serviço de staking pouco mais de um mês após a estreia da operação, na qual detentores cedem temporariamente seus tokens para o trabalho de validação das transações em troca de uma remuneração, segundo o Valor. Fabricio Tota, diretor de novos negócios do MB, disse que a adesão dos detentores de ETH ao serviço de staking foi muito rápida, o que demonstra a confiança dos usuários no futuro da rede Ethereum.
A plataforma de negociação de tokens de empresas emergentes BEE4 anunciou que a companhia de alimentos e bebidas saudáveis Mais Mu será a segunda a entrar no sistema, que já conta com a Engravida, conforme o InfoMoney. A Mais Mu realiza uma oferta pública na Beegin, plataforma de investimentos conectada à BEE4, com expectativa de captar R$ 5 milhões, sendo um mínimo de R$ 3,4 milhões.
Resolução do Banco Central publicada na segunda-feira (12) cria o Grupo de Trabalho Interdepartamental (GTI) sobre “tokenização”. Segundo o Valor, a ideia é estudar as atividades de registro, custódia, negociação e liquidação de ativos financeiros que usam tecnologia blockchain. O grupo pode eventualmente propor “ajustes regulatórios”.
A Ark Investment Management, da gestora popstar Cathie Wood, disse em e-mail que comprou 78.982 ações da exchange Coinbase, seu primeiro investimento na corretora em um mês. Ao preço de fechamento na sexta-feira (9) de US$ 40,24, a compra teria custado cerca de US$ 3 milhões. A ação da Coinbase acumula baixa de 60% em relação aos US$ 98 no início de agosto.
A mineradora de Bitcoin Argo tenta vender ativos e obter um empréstimo para evitar pedir recuperação judicial, depois de acidentalmente publicar um documento sugerindo que registraria a proteção contra credores sob o Capítulo 11 da Lei de Falência nos EUA. A empresa está em “negociações avançadas com terceiros” para vender certos ativos e garantir o financiamento de equipamentos, afirmou em comunicado.
Ataques cibernéticos para usar computadores na mineração de criptomoedas, prática conhecida como “cryptojacking”, aumentaram 230% no terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com um estudo da Kaspersky divulgado pela Exame.
A Polícia Federal do Paraná indiciou seis pessoas acusadas de lesar milhares de investidores brasileiros por meio da Rental Coins, a pirâmide financeira com criptomoedas de Francisley Valdevino da Silva, o conhecido “Sheik das Criptomoedas”. Francisley é um dos indiciados pela PF nesta fase que representa a conclusão das investigações da Operação Poyais, que derrubou a Rental Coins e, posteriormente, prendeu o líder da pirâmide.
Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, foi transferido para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, no Complexo Penitenciário de Gericinó, após uma nova denúncia sobre organizar e chefiar uma “tropa” armada para monitorar e até matar concorrentes no mercado das criptomoedas, informou o jornal O Globo.
A Polícia de Tongliao, cidade chinesa do leste da Mongólia Interior, deteve 63 pessoas acusadas de lavar cerca de R$ 9 bilhões em criptomoedas (12 bilhões de yuans) de origem ilícita. Segundo nota do Departamento de Segurança Pública, o dinheiro lavado pela organização criminosa era originado de fraudes, pirâmides financeiras e jogos de azar.