O mercado de criptomoedas não escapa do mau humor de investidores globais, que seguem vendendo ativos de risco e buscando segurança em meio ao cenário macro desafiador. Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) perde 5,9%, cotado a US$ 31.448, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) recua 2,5%, negociado a US$ 2.378.
Na Ásia, o BTC chegou a valer menos de US$ 30.000, o que não acontecia desde julho de 2021. No Brasil, o Bitcoin cai 4,2%, para R$169.592, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
A inflação que pesa no bolso de consumidores e empresas é uma dor de cabeça para os bancos centrais, que precisam administrar o remédio amargo de juros altos para frear os preços. Nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, o Federal Reserve já elevou a taxa em 0,5 ponto percentual na última reunião e promete seguir com mais aumentos nos próximos meses. Nos mercados financeiros, isso se traduz em menor liquidez para investir e menos demanda por ativos mais arriscados.
Mercado baixista?
A maior popularidade dos criptoativos e crescente interesse institucional ajudaram a dar mais confiança aos investidores, mas a onda vendedora nos mercados acionários, principalmente em ações de tecnologia, atinge as criptomoedas e particularmente o Bitcoin, cuja correlação com as bolsas dos EUA está perto de níveis recordes.
Na segunda-feira, o Nasdaq fechou em queda de 4,3%, no menor nível desde novembro de 2020, mostram dados da Reuters. Já o S&P 500 caiu 3,2% e encerrou abaixo de 4.000 pontos pela primeira vez desde o fim de março de 2021.
O mercado baixista, ou “bear market”, é caracterizado quando os principais índices acumulam queda de 20% desde a máxima. O Bitcoin já se desvalorizou mais de 50% desde o recorde de US$ 69.000 em novembro passado, e especialistas buscam pistas sobre o rumo da maior criptomoeda nos próximos meses.
Um indicador chamado MVRV – que divide o valor de mercado pelo preço médio de compra – mostra que investidores de curto prazo, em média, compraram Bitcoin por cerca de US$ 47.500, aponta análise da Bloomberg.
“Ainda existem alguns pontos de defesa, o BTC pode ter interesse comprador na região próxima aos US$ 30 mil, porém quedas maiores não podem ser descartadas em nenhuma hipótese. Vale ressaltar que a perda desta faixa pode pressionar ainda mais as altcoins”, disse Lucas Passarini, especialista em trading de criptoativos do Mercado Bitcoin, em entrevista ao Portal do Bitcoin.
Efeito Terra
A perda de paridade da stabelecoin TerraUSD (UST) com o dólar também sacudiu o mercado de criptomoedas. Na segunda-feira (9), a Luna Foundation Guard (LFG), organização que dá suporte ao ecossistema da blockchain Terra, esvaziou sua carteira de Bitcoin dedicada a fornecer recursos para garantir o lastro da UST, que chegou a cair para US$ 0,65 na segunda-feira, de acordo com o CoinMarketCap. LUNA, token da mesma rede que dá suporte à stablecoin algorítmica, registra queda de 50% nas últimas 24 horas, segundo o CoinGecko.
Para garantir a paridade, a LFG retirou US$ 1,5 bilhão de suas reservas de Bitcoin, além de comprar outros US$ 850 milhões em BTC. Esse movimento poderia ter contribuído para o mergulho do Bitcoin, apontam players do mercado.
Em comunicado, a Binance disse que suspendeu saques de LUNA e UST devido à “lentidão e congestionamento” da rede. A exchange pretende restabelecer as operações quando o volume de saques tiver diminuído.
Alerta do Fed
Em meio às tentativas para salvar a UST, o Fed alertou em seu mais recente “Relatório de Estabilidade Financeira” que o risco de resgates repentinos de stablecoins é semelhante ao risco de corridas em fundos de mercado monetário.
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Mark Lurie, CEO da provedora de software de negociação de criptomoedas Shipyard Software, vê a medida da LFG como apenas um “ruído” em relação aos dois fatores predominantes no cenário macro: juros mais altos e capital saindo de ações de crescimento, como papéis de gigantes de tecnologia. Em análise do CoinDesk, Lurie diz que, com o alívio das restrições da pandemia, os consumidores estão menos dependentes de tecnologia, o que afeta o comércio eletrônico.
As altcoins mais negociadas seguem no vermelho nas últimas 24 horas, embora com perdas menos acentuadas como Binance Coin (-5,3%), XRP (-4,2%), Solana (-4,9%), Cardano (-0,8%), Dogecoin (-5%), Polkadot (-2,6%), Avalanche (-3,6%) e Shiba Inu (-2%), segundo dados do CoinGecko.
Outros destaques
Produtos de investimento em ativos digitais receberam aportes de US$ 40 milhões na semana passada, apesar da queda generalizada dos mercados, mostra relatório da CoinShares, que atribuiu o fluxo à forte desvalorização dos preços. Fundos de Bitcoin registraram entradas de US$ 45 milhões no período.
El Salvador aproveitou o momento de baixa para ir às compras e adquiriu 500 Bitcoins na segunda-feira, ao preço médio de US$ 30.744, de acordo com tuíte do presidente Nayib Bukele. É a maior compra de BTC pelo governo salvadorenho até agora.
A corretora de criptomoedas Bitso anunciou na segunda-feira (9) o Bitso+, uma ferramenta para que clientes possam ganhar rendimentos com criptomoedas, com retornos que chegam a até 15% ao ano, destaca o InfoMoney.
O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, disse na segunda-feira em teleconferência sobre o balanço que a plataforma cripto do banco para pessoas físicas deve ser lançada nos próximos dois meses. O BTG teve lucro líquido ajustado de R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre, com crescimento de 72% na comparação anual, conforme o Estadão.
O fundo de índice (ETF) da gestora Hashdex com exposição a criptoativos relacionados ao metaverso está em período de reserva. O produto espelha o índice CF Digital Culture Composite Index, que investe atualmente em dez projetos digitais, protocolos de suporte para a tecnologia e plataformas blockchain, de acordo com o Estadão.
Moedas sociais locais emitidas pelos bancos comunitários de desenvolvimento ultrapassam uma centena no Brasil e programas de renda básica com utilização de moeda virtual já são realidade, destaca reportagem do Valor.
A corretora de investimentos Trust Investing é acusada por clientes de aplicar um golpe por impedir saques há mais de seis meses, apurou o Portal do Bitcoin. “Não temos medo algum de vocês. Se é guerra que vocês querem, então vamos à guerra!”, diz a mensagem do CEO Diego Chaves. A empresa justifica a suspensão com um suposto ataque de hackers, que teria causado um rombo de R$ 4,1 bilhões.
Metaverso, Games e NFTs
Após o Instagram anunciar um projeto piloto de tokens não fungíveis para que usuários compartilhem arte digital no aplicativo – o que não inclui vendas, negociação ou taxas -, a plataforma controlada pela Meta sinalizou interesse em tornar os NFTs um canal de receita para criadores, embora ainda esteja analisando a estratégia, segundo CoinDesk.
Madonna lançou sua própria série de NFTs, intitulada “Mother of Creation” – três vídeos renderizados digitalmente que a retratam como uma mulher nua dando à luz a flora, fauna e tecnologia, de acordo com o New York Times.
O engenheiro de produção Victor Correa Hespanha, 28, será o segundo brasileiro a ir ao espaço como turista ainda neste ano a bordo de uma cápsula New Shepard, da empresa americana Blue Origin, na missão NS-21, informou a Folha. Ao investir em um NFT, Hespanha teve direito a participar de um sorteio, do qual saiu vencedor.
A Binance é a nova patrocinadora do Brasileirão Assaí, Brasileirão Feminino Neoenergia, Brasileirão Feminino A-2 e Brasileirão Feminino A-3, quatro competições de elite do esporte organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).