Imagem de Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como Faraó do Bitcoin
Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como Faraó do Bitcoin (Foto: Reprodução)

Uma empresa que tem como sócio um dos fundadores da Capitual teria auxiliado Glaidson Acácio dos Santos – fundador da GAS Consultoria e conhecido como o “Faraó do Bitcoin” – a vender criptomoedas, mesmo após sua prisão. As informações estão em um inquérito da Polícia Federal divulgado em reportagem publicada nesta terça-feira (28) pelo jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com a reportagem, as transações de criptomoedas teriam sido feitas por meio da advogada Eliane Medeiros de Lima, que é apontada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como braço direito de Glaidson Acácio dos Santos e responsável pro grande parte da lavagem de dinheiro das GAS Consultoria. Ela teria atuado como laranja de Glaidson nas negociações dos ativos.

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As vendas de cripto, com o Faraó já preso, teriam sido feitas por Eliane com auxílio da empresa Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda. Ela tem como sócios Rogério Rosendo da Silva e Guilherme Silva Nunes. Segundo a Folha, Guilherme é fundador, sócio e diretor da Capitual, a empresa que até menos de um mês atrás era responsável pelo depósitos e saques em reais da Binance.

O Portal do Bitcoin entrou em contato com a Capitual para esclarecimentos sobre a relação de Guilherme com a Malta e se o fato teve alguma relação com o fim da parceria com a Binance, mas ainda não obteve retorno.

Segundo a reportagem, usando esses sistema, Glaidson Acácio dos Santos conseguiu vender criptomoedas e arrecadar R$ 228 milhões mesmo depois de preso.

A Polícia Federal afirmou em um relatório que “diversas transações indicam que a organização criminosa continuava ativa mesmo após a deflagração da operação Kryptos e da prisão dos primeiros suspeitos”.

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O mesmo documento aponta Eliane como “uma das principais destinatárias de recursos da organização criminosa” e que a atuação da empresária estava sendo “essencial para a sobrevivência da organização criminosa após a deflagração da Operação Kryptos”.

Posição da Binance

A assessoria de imprensa da Binance divulgou uma nota sobre a informação de que o dono da Capitual teria auxiliado Glaidson Acácio dos Santos. Veja abaixo:

“A Binance destaca que a Capitual não é mais sua provedora de pagamentos, devido a ações da empresa que conflitam com os seus valores. Em 24 de junho, a Binance anunciou que fechou contrato com um parceiro local mais comprometido com esses valores e com os usuários brasileiros. Com a mudança, a Binance vai oferecer uma solução melhor para os clientes enquanto conduz o processo de aquisição da corretora local Sim;paul, empresa autorizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Binance ressalta que sua equipe de investigação de renome mundial trabalha em constante coordenação com as autoridades locais. Isso inclui o trabalho com a Polícia Federal para levar Glaidson Acácio dos Santos à justiça em 2021, congelando suas contas e identificando fluxos de receita potencialmente ilícitos em várias plataformas no mundo todo”.

Posição da Capitual

O Capitual enviou uma nota abordando a notícia divulgada pela Folha de S. Paulo. Veja abaixo:

“O Capitual banco digital multimoedas Capitual esclarece que não tem nenhuma participação nas operações realizadas pela Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda. A OTC possui outra constituição jurídica na qual há participação societária do Sr. Guilherme Nunes, um dos sócios do Capitual. Esta condição não configura uma relação entre as empresas, pelo contrário, atuam de forma independente.

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O Capitual reforça que aplica medidas de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de atividades ilícitas, alinhado às determinações de autoridades e órgãos reguladores para operação no Brasil.”

Posição da Malta

A Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda também enviou nota de esclarecimento:

“A Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda, que atua no mercado OTC de criptomoedas, esclarece que as negociações realizadas pela corretora pertencente à Sra. Eliane Medeiros de Lima foram bloqueadas tão logo se obteve a informação de seu envolvimento com a GAS e as investigações em curso. O registro das transações realizadas foi encaminhado para as autoridades para auxiliar nas investigações”.

Capitual e Binance

A informação de que o fundador da Capitual teria auxiliado Glaidson Acácio dos Santos a vender criptomoedas depois de preso é mais um elemento na disputa pública entre Binance e Capitual.

Leia também: Binance e Capitual: o que está por trás do rompimento

No dia 17 de junho a Binance interrompeu os serviços de depósitos e saques em reais alegando que cumpria uma decisão do Banco Central. Pouco tempo depois a corretora disse que tinha encerrado sua parceria com o Capitual e que buscava uma nova companhia para fazer os serviços – eventualmente anunciou que essa será a Latam Gateway.

Após a Binance anunciar na sexta-feira (24) a Latam Gateway como sua nova processadora de pagamentos no Brasil, o Capitual, emitiu uma nota para contrariar a informação divulgada pela corretora, de que a empresa “não oferece mais serviços aos usuários desde a semana passada”.

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O Capitual afirma que “os serviços prestados às exchanges internacionais com as quais tem parceria estão funcionando normalmente, portanto não procede a informação de que interrompeu as operações para a Binance”. 

Prisão em Bangu

Glaidson está preso há oito meses no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, sob várias acusações, como crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e tentativa de homicídio.

Em agosto de 2021, a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos, para investigar a fraude milionária aplicada por Glaidson Acácio dos Santos através da GAS Consultoria. A empresa de investimentos prometia rendimentos que supostamente viriam de trading com criptomoedas.

Na ocasião da prisão de Glaidson, outros suspeitos foram detidos ou conseguiram fugir a tempo, como a esposa do ex-garçom, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.

A Gas Consultoria se apresenta como empresa de investimentos com promessas de rendimentos que supostamente viriam de trading com criptomoedas.

Durante a operação, as autoridades apreenderam 591 bitcoins que estavam em posse de Glaidson, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.

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Bens bloqueados

No momento, encontram-se bloqueados pela pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio cerca de R$ 400 milhões em criptomoedas e bens confiscados de Glaidson e sócios na Operação Kryptos.

Na semana passada, a juíza Rosália Moneiro Figueira, titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, considerou que esses bens podem ser transferidos para a União ao invés de serem usados para pagar os credores da GAS.

O que leva a magistrada a considerar a possibilidade da Justiça enviar os bens aos cofres do Governo é a não comprovação da origem dos ativos, pois, segundo investigadores federais, os bens podem pertencer a criminosos.

No início do mês, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que a GAS Consultoria tem até o dia 30 de junho para informar sua lista de clientes, o valor devido e os recursos disponíveis para ressarcimento dos credores.

No final de maio, o Escritório de Advocacia Zveiter começou a cadastrar em seu site os credores da GAS Consultoria. Na ocasião, pelo menos 10 mil credores já constavam na lista.

* O texto foi alterado às 16h26 do dia 28 de junho de 2022 para incluir os contrapontos da Capitual e da Malta.

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