Imagem da matéria: O Yuan digital explodiu após as Olimpíadas de Inverno em Pequim. E os outros países? | Opinião
(Foto: Shutterstock)

Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim geraram críticas variadas por motivos políticos, econômicos e culturais.

Mas o lançamento da moeda digital de banco central (ou CBDC, na sigla em inglês) da China durante as Olimpíadas está sendo considerado como um sucesso.

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Embora muitos fãs de esporte chineses estavam comemorando o sucesso da esquiadora olímpica Elieen Gu de casa, fãs em Pequim estavam usando a moeda e-CNY para comprar lanches ou o mascote de pelúcia das olimpíadas Bing Dwen Dwen.

Outras nações podem usar a China como exemplo antes de lançarem suas próprias CBDCs?

A China está desenvolvendo sua própria moeda digital há bastante tempo. Em 2014, o banco central do país começou a estudar uma estrutura e tecnologias principais para a emissão de uma moeda digital e, em 2019, começou a promover veemente a pesquisa e o desenvolvimento da moeda digital.

No fim de 2019, a e-CNY começou a ser testada nacionalmente nas províncias de Shenzhen, Suzhou, Nova Área de Xiong’an e Chengdu.

Em agosto de 2020, o Ministério do Comércio anunciou o lançamento da e-CNY nas áreas mais economicamente desenvolvidas, incluindo a região Pequim/Tianjin/Hebei, o Delta do Rio Yangtzé, a Área da Grande Baía de Guangdong/Hong Kong/Macau e áreas-piloto qualificadas em regiões centrais e ocidentais.

Em outubro daquele ano, a China rapidamente acrescentou seis áreas para teste: Xangai, Hainan, Chansha, Xi’an, Qingdao e Dalian.

Em janeiro de 2022, o aplicativo para celular do yuan digital da China foi lançado. Na mesma época, um total de nove bancos permitiu que clientes abrissem carteiras pessoais para o RMB digital.

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Por fim, na abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, testes com o yuan digital foram apresentados a atletas e turistas estrangeiros em 4 de fevereiro como uma alternativa para a compra de bens dentro da Vila Olímpica.

Durante as Olimpíadas de Inverno, usuários de todos os países poderiam obter e abrir carteiras de e-CNY em agências do Banco da China, máquinas de câmbio de autoatendimento com carteiras físicas e usar RMB digital na área de circuito fechado da Vila Olímpica.

Para combinar com o feriado do Festival de Primavera da China, uma nova rodada dos sorteios do “envelope vermelho” com e-CNY incentivou pessoas a tentarem usar a moeda.

Dentre elas, os seis maiores bancos em Shenzhen emitiram um total de 25 milhões de envelopes vermelhos e digitais de renmimbi e o distrito de Chengdu Xinjin emitiu um total de 26,9 mil pacotes vermelhos com e-CNY com um total de dois milhões de yuans (cerca de US$ 215 mil).

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De acordo com dados mais recentes do Banco do Povo da China (ou PBoC), no fim de 2021, houve mais de oito milhões de RMB (quase US$ 1,3 milhão) negociados em cenários-piloto — seis vezes a mais do que no semestre anterior.

Existem 140 milhões de carteiras pessoas de RMB digital e dez milhões de carteiras empresariais, com um volume cumulativo de transações de mais de 150 milhões e uma quantidade cumulativa de transações de cerca de 62 bilhões de yuans (quase US$ 9,8 bilhões).

Segundo os dados mais recentes, em 2021, em Pequim, Shenzhen, Suzhou, Xangai, Xiong’An, Chengdu, Hainan, Changsha, Xi’an, Qingdao e Dalian, foram distribuídos 340 milhões de yuans (cerca de US$ 53,5 milhões) de envelopes vermelhos com RMB digital.

Bilhete de transporte

A popularidade da e-CNY é perceptível pelo país inteiro. Em termos de transporte público, usuários em Pequim podem usar a e-CNY para comprar bilhetes e viagens pelos aplicativos de transporte público Yitongxing e All-in-One Card. O mesmo acontece no distrito de Chongli.

Grandes distritos comerciais, como Wangfujing e Century Jinyua, em Pequim, e redes de lojas, como Wumart Supermarket, aceitam e-CNY. Centenas de hospitais e farmácias em Pequim e Zhangjiakou agora aceitam e-CNY.

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Em locais turísticos, como a Grande Muralha, em Badaling, a Cidade Proibida e o Antigo Palácio de Verão de Yuanmingyuan, bem como alguns hotéis, são aceitos pagamentos com e-CNY.

A China acredita que o piloto da e-CNY nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim ajudará a fomentar oportunidades de desenvolvimento para a moeda digital da China e liderar a promoção em grande escala — não apenas na China, mas sim pelo mundo.

Tudo isso tem relevância para os EUA, que já falou sobre sua própria CBDC — ou “Fedcoin”, conforme chamada por alguns críticos. Mark Zuckerberg, ao dar seu testemunho ao Congresso Americano em 2019, até usou o rápido desenvolvimento de uma CBDC pela China como um argumento do porquê os EUA não deveriam interferir com a Libra.

A Libra, depois chamada de Diem, foi encerrada em janeiro, mas Jay Powell, presidente do Federal Reserve, continua avaliando o potencial de uma CBDC americana — a um ritmo glacial. Em janeiro, um consórcio de bancos americanos se formou para criar uma estrutura para a emissão e o uso de stablecoins.

E não são apenas os EUA — governos e organizações internacionais estão discutindo CBDCs e, se a e-CNY for usada como um método de pagamento internacional no futuro, provavelmente fará com que outros países façam o mesmo por motivos de concorrência.

*“Crypto in China” é uma coluna pontual de Sally Wang e Matthew Graham da Sino Global, uma empresa cripto de capital de risco.

**Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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