As maiores criptomoedas operam no azul nesta quarta-feira (5), com o Ethereum no maior nível em nove meses, em um sinal de resiliência frente ao cenário macro desafiador que, por sua vez, reduz a demanda por ações nas bolsas internacionais.
O Bitcoin (BTC) sobe 1,8% nas últimas 24 horas, para US$ 28.543,82, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC ganha 1,5%, cotado a R$ 144.898,71, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
No Brasil, investidores acompanham de perto a orientação da CVM para tokens de recebíveis e de renda fixa, que enquadra esses ativos digitais como valores mobiliários. Na esteira do anúncio, a tokenizadora Liqi já decidiu paralisar ofertas de tokens de recebíveis.
Entre outras notícias no mercado internacional, a Binance vai liberar a compra e venda de cripto na Argentina com moeda local, enquanto a fortuna do CEO da maior corretora cripto do mundo, Changpeng “CZ” Zhao, encolheu cerca de 84% em um ano, para US$ 10,5 bilhões, segundo ranking da revista Forbes.
Preocupados com o impacto da mineração de criptomoedas sobre a rede de energia no Texas, senadores de um comitê aprovaram por unanimidade restrições a mineradores no estado. Agora, o projeto deve seguir para votação no plenário.
Investidores também aceleram as compras de Ethereum (ETH) à espera da próxima atualização da blockchain, a Shanghai, agendada para 12 de abril.
Nas últimas 24 horas, a segunda maior criptomoeda é negociada com alta de 5,1%, negociada a US$ 1.911,95.
Depois de disparar 30% com a troca de logo do Twitter pelo cachorro que inspirou a criação da Dogecoin (DOGE), a criptomoeda-meme recua 1,3% na manhã desta quarta-feira.
Baleias que apostam no token preferido de Elon Musk movimentaram US$ 147 milhões após a rede social do bilionário substituir o famoso pássaro azul.
A Polkadot, que se descreve como uma “blockchain de camada 0”, entrou com pedido de marca registrada para o que parece ser um aplicativo de mensagens baseado em blockchain, de acordo com documento recente. DOT, o token nativo da rede, registra valorização de 1,2%, mostram dados do CoinGecko.
Outras altcoins também sobem nesta quarta, enquanto algumas operam com estabilidade, com destaque para BNB (+1,5%), XRP (+4,4%), Cardano (+0,9%), Polygon (+3,9%), Solana (+3%), Shiba Inu (-0,6%) e Avalanche (+5,7%).
Tokens no radar da CVM
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou na terça-feira (4) uma orientação afirmando que tokens de recebíveis ou tokens de renda fixa são valores mobiliários.
Quando um token é entendido pela CVM como valor mobiliário, passa a ter que seguir uma série de regras específicas tais como: registro de emissor e informações sobre intermediação, escrituração, custódia, depósito centralizado, compensação, liquidação e administração de mercado.
Ao Portal do Bitcoin, Daniel Coquieri, fundador e CEO da Liqi, afirmou discordar da posição do regulador.
“Não posso mais lançar nenhuma oferta de tokens até a gente ter alguma autorização diferente do regulador e ele estar aberto a debater os pontos e não simplesmente colocar seu ponto de vista sem conversar com os players do mercado”, completou.
Sobre a orientação da CVM, o MB (Mercado Bitcoin) destacou em comunicado que a tokenização de ativos é um dos mecanismos mais eficientes, seguros e transparentes de democratizar o acesso a produtos financeiros.
“Sempre mantivemos diálogo aberto, constante e construtivo com a CVM, e buscamos a autarquia para melhor compreensão do Ofício”, afirmou a empresa.
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A CVM defende sua posição. “Temos observado tokens de renda fixa nas plataformas, o que caracteriza uma oferta pública, que se enquadram no conceito de valor mobiliário. Por isso, fizemos a orientação a fim de mitigar possíveis irregularidades e desvios de conduta”, disse ao Valor Bruno Gomes, superintendente de supervisão de securitização da CVM.
A Abcripto (Associação Brasileira da Criptoeconomia) criticou o posicionamento da agência sobre o assunto, principalmente por não ter ouvido as tokenizadoras sobre os procedimentos.
Para Bernardo Srur, presidente-executivo da associação, a circular pode inviabilizar o negócio das tokenizadoras ao instituir a obrigatoriedade de intermediários como securitizadoras, o que aumenta os custos das emissões, segundo informado pelo Valor.
Em meio ao aperto das regras da CVM, a Hashdex, maior gestora de fundos de criptoativos do país, vai começar a aplicar parte dos tokens das carteiras no chamado “staking ”, um serviço de renda passiva com criptomoedas, com o objetivo de reduzir custos.
Criptomoedas no Brasil
Em mais um sinal da atenção dada pela CVM ao setor de criptoativos, a autarquia multou em R$ 4,3 milhões quatro acusados de realizar ofertas irregulares de valores mobiliários sem registro e sem dispensa. Foram julgados e condenados Frederico Almeida Saleme do Valle, Maico Buge Kautsky, Skoben Capital Participações Ltda. e Soluções Exponenciais Treinamento e Administração Ltda.
E criminosos do mercado cripto buscam replicar golpes famosos apesar dos riscos. Uma pirâmide similar à GAS Consultoria foi derrubada em Santa Catarina e causou perdas de pelo menos R$ 8 milhões.
Preso desde o dia 15 de março na “Operação Faraó”, Raine Zanotto, da RZ Consultoria, prometia retornos de até 10% ao mês com investimentos em criptomoedas.
Bitcoin hoje
E mesmo com o vaivém regulatório, o Bitcoin segue firme, acima dos US$ 28 mil.
Em relatório publicado pelo Portal do Bitcoin, a equipe do MB Research destaca que o cenário atual do mercado de criptoativos permanece incerto, apesar da continuidade dos ganhos do BTC em relação às altcoins, assim como um fortalecimento destas últimas que resulta em uma queda da dominância da maior criptomoeda.
Nesse contexto, investidores também buscam um porto seguro no ouro, que ultrapassou US$ 2 mil a onça, mostram dados da Bloomberg, em reação a números mais fracos do mercado de trabalho americano que reduziram as apostas em mais aperto monetário nos EUA.
Ao mesmo tempo, ativos de ouro tokenizados ultrapassaram US$ 1 bilhão em capitalização de mercado combinada na terça-feira (4), de acordo com números do CoinGecko.
Outros destaques das criptomoedas
O PostFinance, quinta maior empresa de serviços financeiros da Suíça, vai oferecer a clientes acesso a criptomoedas graças a uma parceria com o provedor regulamentado de serviços de ativos digitais Sygnum Bank, informou o CoinDesk.
O PostFinance, 100% controlado pelo governo suíço, vai permitir que seus 2,5 milhões de clientes comprem, armazenem e vendam as principais criptomoedas, como BTC e ETH, com mais tokens a serem adicionados posteriormente.
A OPNX, exchange de Su Zhu e Kyle Davies, fundadores do falido hedge fund cripto Three Arrows Capital, já está operando. A empresa também anunciou uma oferta de seu token nativo FLEX como “símbolo de nosso apreço”.
“Muitos de vocês devem saber que o FLEX fortalecerá a OPNX como o token do ecossistema nativo. Como sinal de nossa gratidão, incluímos usuários qualificados na lista de espera em nossa distribuição de moedas FLEX (ou seja, nenhuma ação é necessária da sua parte)”, segundo comunicado.
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