A maior das criptomoedas opera com estabilidade nesta sexta-feira (8) em semana marcada por perdas em meio à tensão geopolítica e incertezas no cenário macroeconômico. O Bitcoin (BTC) mostra alta de 0,2% nas últimas 24 horas, negociado a US$ 43.580, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) acelera os ganhos e avança 1,6%, cotado a US$ 3.278.
No Brasil, o Bitcoin sobe 1,1%, para R$ 208.950, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Para Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin, há um aumento nas posições colaterizadas em dólar, com manutenção dos juros em aberto, o que reflete uma “certa tranquilidade do mercado”, com o Bitcoin acima dos US$ 40 mil. “De positivo, temos o aumento de endereços novos na rede do Bitcoin, resta saber se o volume também vai crescer”, disse Andrade ao Valor.
A semana foi marcada por sinais de aperto monetário nos Estados Unidos, escalada das sanções à Rússia e com o Bitcoin no centro das atenções de grandes players em meio a uma conferência em Miami.
As criptomoedas seguiram a trilha das bolsas americanas, que reagiram a comentários de autoridades do Federal Reserve, determinadas a combater a inflação e reduzir o balanço da instituição. Com isso, investidores pisaram no freio e muitos aproveitaram para realizar lucros.
Avalanche ganha 4,5% após a notícia de que a Luna Foundation Guard (LFG) e Terraform Labs (TFL), ambas organizações por trás da blockchain Terra, compraram cerca de US$ 200 milhões em AVAX da Avalanche Foundation, diversificando as reservas da stablecoin TerraUSD (UST) além do Bitcoin. Enquanto isso, o token Terra (LUNA) vai na contramão nesta sexta-feira, com baixa de 3,5% nas últimas 24 horas.
Altcoins com leves altas: Binance Coin (+0,2%), Solana (+2,1%), XRP (+0,7%), Cardano (+0,9%), Dogecoin (+1,8%), Polkadot (+0,4%) e Shiba Inu (+1,1%), segundo dados do CoinGecko.
Traders de futuros de criptomoedas perderam mais de US$ 400 milhões em meio à onda vendedora da quarta-feira (6). É o terceiro valor mais alto neste ano, após as perdas de quase US$ 1 bilhão resultantes de liquidações em 21 de janeiro e de US$ 470 milhões em 22 de janeiro, mostram dados do CoinDesk. Na época, o Bitcoin caiu de US$ 47.000 para US$ 42.500.
Nos últimos sete dias, a maior criptomoeda por valor de mercado acumula desvalorização de 4,3%, enquanto o Ethereum tem queda de 0,7%, de acordo com o CoinGecko.
Guerra Rússia-Ucrânia
E em meio à notícia de que a Rússia teria atacado uma estação de trem nesta sexta-feira no leste da Ucrânia, segundo o New York Times,Vitalik Buterin, cofundador da blockchain Ethereum, doou US$ 5 milhões para o governo ucraniano e para uma entidade que promove ações humanitárias no país. O desenvolvedor nasceu na Rússia, mas se mudou para o Canadá ainda adolescente.
Bitcoin 2022
A Robinhood Markets anunciou na quinta-feira (7), durante a Bitcoin 2022 em Miami, a ativação de sua carteira de criptomoedas para 2 milhões de clientes “qualificados”. A plataforma também vai oferecer suporte para transações de Bitcoin na Lightning Network, um sistema de liquidação rápida e de baixo custo, conforme o CoinDesk.
Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, e Cathie Wood, a gestora estrela no comando da ARK, destacaram como positivo o crescente número de plataformas que começam a integrar a Lightning Network. “Acho que todas as exchanges de criptomoedas, se quiserem permanecer viáveis e competitivas, precisam incorporar a Lightning em suas exchanges”, disse Saylor, que participou de painel com Wood na Bitcoin 2022, onde projetaram o crescente uso e valorização do Bitcoin.
O Cash App, segundo aplicativo de finanças mais baixado dos Estados Unidos e desenvolvido pela Block, antiga Square, anunciou na Bitcoin 2022 uma atualização que permitirá que usuários recebam seus salários em Bitcoin, conforme a Exame.
O bilionário Ricardo B. Salinas, a terceira pessoa mais rica do México, disse durante o evento em Miami que 60% do seu portfólio líquido está investido em Bitcoin ou participações relacionadas a Bitcoin, muito acima dos 10% no fim de 2020, segundo a Bloomberg.
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Peter Thiel, outro bilionário presente à Bitcoin 2022, alfinetou titãs do setor financeiro dizendo que Warren Buffett, Jamie Dimon e Larry Fink representam a “gerontocracia das finanças” em contraste ao “movimento revolucionário da juventude” que aceita o Bitcoin.
Mas há quem pense diferente. Em entrevista ao Valor, Eswar Prasad, autor de “The Future of Money”, se diz cético quanto ao interesse de criptoativos como o Bitcoin, mas afirma que tecnologias como o blockchain já transformaram definitivamente o dia a dia financeiro.
Fusões & Aquisições
A fintech de pagamentos Bolt Financial está comprando a startup de serviços cripto Wyre Payments, ambas com sede em São Francisco. A aquisição está avaliada em US$ 1,5 bilhão, disseram fontes ao Wall Street Journal, o que marcaria a maior fusão no setor de criptomoedas sem a participação de uma empresa de cheque em branco, ou SPAC, de acordo com dados da Dealogic.
E o Mercado Bitcoin quer ir às compras no México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia. “Queremos entrar por meio de aquisição, não queremos começar do zero. Assim, a gente começa cumprindo a regulação de cada país. Por isso, as aquisições acabam sendo um caminho mais óbvio”, disse Reinado Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, em entrevista à Bloomberg Línea durante o Founders Tech Summit.
Também de olho em expansão, grandes mineradores de Bitcoin nos EUA buscam mercados como a Escandinávia, Oriente Médio e outras regiões. Esse é o plano de Mike Levitt, CEO da mineradora Core Scientific, com sede em Austin, Texas, noticiou a Bloomberg.
Brazil Conference
Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, será um dos palestrantes da oitava edição da Brazil Conference, tradicional encontro de líderes e representantes da sociedade organizado por estudantes brasileiros da Universidade Harvard. O evento acontece entre os dias 9 e 10 de abril, com transmissão ao vivo pelo Youtube. O executivo participará do painel “Instigando o pioneirismo em blockchain e criptomoedas”, ao lado de Marcelo Sampaio, da Hashdex; Fabio Araujo, do Banco Central; e André Portilho, do BTG Pactual.
Regulação, Segurança e CBDCs
Paralisação: Com a continuidade da greve dos servidores do Banco Central, a instituição decidiu suspender temporariamente o início dos trabalhos do “Lift Challenge”, umas das atividades realizadas pelo Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift) da autarquia, segundo o Estadão.
Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, disse em evento da American University na quinta-feira (7) que um dólar digital pode se tornar “confiável” e “comparável ao dinheiro físico”, mas que a implementação de uma moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês) teria que considerar seu impacto no sistema financeiro. Yellen afirmou que a tecnologia cripto é “transformativa”, mas também alertou sobre a falta de lastro das stablecoins, destacando que “ninguém pode garantir” que haverá recursos para a troca desses ativos por dólares.
Ainda nos EUA, a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência que supervisiona o setor bancário do país, pediu que os bancos divulguem atividades relacionadas a criptoativos. Em carta a CEO de instituições financeiras, o regulador citou possíveis “riscos de segurança e solidez, bem como preocupações de estabilidade financeira” resultantes da exposição a criptoativos, noticiou o CoinDesk.
Metaverso, Games e NFTs
A Epic Games, desenvolvedora do jogo Fortnite, anunciou na quinta-feira (7) uma parceria com a Lego para construir um metaverso voltado para crianças que, segundo as empresas, será seguro e divertido e garantirá a privacidade, informou o TechCrunch.
Até o começo de junho, a Smiley – empresa que criou a carinha feliz 😊 – lançará sua primeira coleção de NFTs, começando com uma peça única que será leiloada nos EUA. Em seguida, a próxima grande campanha será sobre sustentabilidade, segundo a Forbes.
O UFC (Ultimate Fighting Championship) — campeonato profissional de artes marciais mistas (ou MMA) — irá pagar bônus em bitcoin a seus lutadores por meio de uma parceria com a corretora de criptomoedas Crypto.com.