As criptomoedas retomam o rali nesta sexta-feira (17) enquanto mais rachaduras surgem no setor bancário dos EUA, onde outro banco, o First Republic, teve de ser resgatado.
O Bitcoin (BTC) dispara 6,6% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 26.499,88, segundo dados do Coingecko. Em reais, o BTC sobe 5,3%, negociado a R$ 137.051,77, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) avança 4,4%, para US$ 1.734,03.
Desenvolvedores da blockchain já confirmaram a data para a próxima atualização Shanghai, quando os cerca de US$ 30 bilhões em ETH travados poderão ser sacados: 12 de abril.
As principais altcoins também operam com ganhos, entre elas BNB (+5,3%), XRP (+2,2%), Cardano (+3%), Polygon (+5,3%), Dogecoin (+6,1%), Solana (+4%), Polkadot (+5%), Shiba Inu (+3,2%) e Avalanche (+5,3%).
Bitcoin hoje
A valorização do Bitcoin acompanha os ganhos no mercado global de criptomoedas, cujo valor aumentou mais de 4% no último dia, para US$ 1,17 trilhão.
Apesar da boa fase do Bitcoin, a 21Shares, gestora de produtos atrelados a criptoativos negociados em bolsa, decidiu fechar cinco fundos e cancelar o pedido de registro de outro. Segundo um porta-voz da empresa, a decisão foi motivada pela baixa demanda de investidores.
A 21Shares, com sede em Zug, na Suíça, vai encerrar cinco produtos: o 21Shares S&P Risk Controlled Bitcoin Index ETP (SPBTC); o 21Shares S&P Risk Controlled Ethereum Index ETP (SPETH); o 21Shares DeFi 10 Infrastructure ETP (DEFII); o 21Shares Crypto Layer 1 ETP (LAY1) e o 21Shares USD Yield ETP (USDY).
O último dia de negociação para os ETPs será em 6 de abril.
Enquanto isso, a ARK Investment Management, da gestora popostar Cathie Wood, captou mais de US$ 16 milhões de investidores para fundos focados em criptomoedas, de acordo com registros da SEC, a CVM dos EUA, divulgados pela Bloomberg.
Já a equipe da gestora Hashdex comemorou o aniversário de seis meses do fundo Hashdex Bitcoin Futures ETF tocando o sino de abertura do pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) na quarta-feira (15).
Crise bancária nos EUA
Em mais um capítulo da crise que atinge o setor financeiro nos EUA, os maiores bancos do país se uniram para resgatar o First Republic Bank com injeções de capital que totalizaram US$ 30 bilhões, em um esforço para impedir o pânico crescente com as recentes falências.
Os executivos do First Republic se reuniram nos últimos dias para elaborar o plano, que foi discutido com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e outras autoridades e reguladores em Washington, disseram pessoas a par do assunto ao Wall Street Journal.
Entre os bancos que participam da operação de resgate estão JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of America, Wells Fargo, Morgan Stanley, U.S. Bancorp, Truist Financial, segundo informações da Bloomberg.
O banco estuda opções estratégicas, incluindo uma possível venda. As ações do First Republic despencaram após reguladores assumirem o controle do Silicon Valley Bank e o Signature Bank na semana passada.
O Signature, aliás, está à venda, mas a FDIC, que supervisiona o setor bancário nos EUA, negou reportagem da Reuters segundo a qual o potencial comprador estaria impedido de trabalhar com a indústria cripto.
Um porta-voz da FDIC disse em e-mail ao CoinDesk que “a liquidação não termina até que todos os ativos do banco sejam vendidos”, todos os créditos pendentes do banco sejam cobertos e “o adquirente decida as condições de sua oferta”.
O comprador dirá à FDIC “quais ativos e passivos do banco falido está disposto a assumir”, disse o porta-voz, citando o manual de resolução da agência.
Resgastes de USDC
Traders resgataram US$ 3 bilhões líquidos da stablecoin USDC em três dias em meio ao impacto da falência do Silicon Valley Bank no mercado de ativos digitais.
Em seu blog, a Circle, que opera a USDC, disse que processou US$ 3,8 bilhões em resgates da stablecoin (investidores que trocaram seus tokens por dólar) e emitiu US$ 800 milhões a mais da moeda digital, o que explica as conversões de US$ 3 bilhões entre segunda e quarta-feira (15).
Nos últimos sete dias, os resgastes somam US$ 6 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko citados pela Reuters.
A USDC é a segunda maior stablecoin – cujo valor busca manter a paridade com o dólar – com capitalização em torno de US$ 37 bilhões.
O token chegou a cair para US$ 0,87 no domingo (12) após a Circle revelar que tinha US$ 3,3 bilhões em reservas da USDC presas no SVB.
Fontes disseram ao Wall Street Journal que o fundo Citadel, de Ken Griffin, se ofereceu para comprar com desconto os US$ 3,3 bilhões em depósitos que Circle tinha no banco californiano antes de ser assumido por reguladores.
Desde então, a USDC da Circle recuperou a paridade após a emissão e queima de tokens, mas a crise de confiança continua, com outras stablecoins como a líder Tether (USDT), cujo valor de mercado agora é o dobro do volume da USDC, Dai (DAI), TrueUSD (TUSD) e Liquidity USD (LUSD) ganhando espaço.
Apoio de grandes bancos
A crise que atinge instituições financeiras regionais e de pequeno porte nos EUA atrapalhou os planos da Circle de depositar suas reservas nos chamados bancos comunitários.
Em entrevista à Bloomberg, o CEO da Circle, Jeremy Allaire, disse que a empresa planeja manter todo o dinheiro que garante sua stablecoin nos maiores bancos globais.
“Vamos precisar depender mais dos bancos sistemicamente importantes, que têm esse apoio estrutural e um perfil ligeiramente diferente agora”, afirmou Allaire. “Vemos isso como um fenômeno geral do mercado.”
Todas as reservas em dinheiro da USDC estão depositadas no Bank of New York Mellon, disse Allaire. O valor representa cerca de 20% dos ativos que garantem a USDC, ou cerca de US$ 9,7 bilhões, segundo dados na segunda-feira (13).
O restante das garantias consiste em títulos de curto prazo do Tesouro dos EUA, que são administrados pela BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, explicou o executivo.
No caso da TUSD, a Archblock, emissora da stablecoin, transferiu US$ 1 bilhão para o Capital Union Bank, nas Bahamas, após a quebradeira de bancos nos EUA.
Crédito privado
A falência do Silicon Valley Bank e a turbulência em outros bancos regionais dos EUA abriram as portas para firmas de crédito privado fecharem acordos rentáveis de empréstimos com empreendedores e capitalistas de risco, de acordo com a Bloomberg.
Enquanto bancos como o SVB dependem em grande parte de depósitos para empréstimos, empresas de crédito privado assinam contratos com investidores institucionais, como fundos de pensão, que se comprometem a fornecer capital em busca de retornos acima do mercado, normalmente por vários anos.
Impacto no Brasil
Com a quebra do Signature Bank e do Silvergate Capital nos EUA, empresas cripto perderam uma importante ponte com o sistema financeiro tradicional.
Especialistas ouvidos pelo InfoMoney acreditam que o Brasil está em uma posição diferente e que os reguladores não mostram a mesma postura hostil em relação à indústria cripto vista recentemente entre autoridades nos EUA.
“O Banco Central está trabalhando em seu projeto de Real Digital, enquanto a CVM tem exercido seu papel de guardiã do mercado de capitais e tem se envolvido em discussões acerca de valores mobiliários tokenizados, por exemplo”, disse Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do MB.
“É importante lembrar que, em geral, as autoridades brasileiras têm sido abertas ao diálogo com o mercado cripto e têm se mostrado interessadas em fomentar a inovação financeira”, afirmou Tota.
Esse estímulo à inovação, aliás, foi destacado pelo CEO da BlackRock, Larry Fink, em sua carta anual aos acionistas.
“Em muitos mercados, como Índia, Brasil e partes da África, estamos testemunhando um avanço gigante em pagamentos digitais e na redução de custos e inclusão financeira. Em contraste, muitos mercados desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, estão ficando para trás em inovação, deixando os custos dos sistemas de pagamento muito mais altos”, disse Fink.
Mea culpa da Braiscompany
Enquanto o mercado cripto brasileiro avança projetos inovadores, consumidores ainda sofrem as consequências de golpes de empresas em busca de lucro fácil.
Foragido da polícia, o empresário Antônio Neto Ais, fundador da Braiscompany, foi ao Instagram para enviar um recado em caixa alta: “A RESPONSABILIDADE É TOTALMENTE MINHA!
É o principal comunicado de Ais desde que sua empresa, suspeita de criar uma pirâmide financeira de R$ 1,5 bilhão usando Bitcoin, foi alvo de uma operação policial que derrubou o esquema, exatamente um mês atrás.
Apesar da frase bombástica, o empresário usou o texto para se isentar de culpa pelo desfalque nos clientes. Ele não diz onde está nem se planeja se entregar.
Enquanto isso, outra companhia de Campina Grande (PB) é suspeita de dar um calote de R$ 420 milhões com criptomoedas, segundo o InfoMoney.
Na quinta-feira (16), o Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio do MP-Procon, confirmou que há um procedimento administrativo aberto para acompanhar supostos problemas na Fiji Solutions, que afirma trabalhar com cripto. Fundada no fim de 2021, a empresa não libera saques dos investidores desde o mês passado.
Outros destaques das criptomoedas
O braço mexicano do Banco Santander planeja lançar o banco digital Openbank até o final de março de 2024 para oferecer contas correntes, cartões de crédito e outros serviços ao longo do tempo, disse o chefe da unidade local na quinta-feira (16).
“Precisamos ‘tropicalizá-lo’ e adequá-lo ao mercado e à regulamentação mexicanos”, disse o responsável pelo Santander no México, Felipe Garcia, em entrevista à Reuters, acrescentando que, como o banco digital já opera na Argentina e em alguns países europeus, a operação não vai começar do zero.
Um grupo de investidores decidiu levantar US$ 100 milhões para um fundo focado em Bitcoin, mesmo com a crise no mercado de criptomoedas. Chamado de Bitcoin Opportunity Fund, o veículo atende a investidores de alta renda que procuram diversificar o portfólio com a maior criptomoeda do mundo, de acordo com a Bloomberg.
O Rio de Janeiro vai sediar em maio o Web Summit 2023, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, conforme o jornal O Globo. O evento é visto pela prefeitura como um passo importante para transformar o município em uma grande capital da tecnologia. Realizado anualmente desde 2009 em Dublin até 2015 e depois em Lisboa a partir de 2016, nesta edição o evento ocorre fora da Europa pela primeira vez. O Rio será o palco do evento pelos próximos seis anos, até 2028.
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