ceo da braiscompany antonio neto ais
CEO da Braiscompany Antonio Neto Ais (Foto: Reprodução/Instagram)

O fundador da pirâmide financeira Braiscompany, Antonio Inácio da Silva Neto, estaria na cidade de Tigre, na província de Buenos Aires, na Argentina. A informação é do advogado Artêmio Picanço, que defende vítimas do esquema criminoso e que conduziu uma investigação via redes sociais para achar o paradeiro do fugitivo.

Picanço identificou Antonio Neto em um vídeo de um personal trainer da academia Viken Gym, que fica na região de Rincón de Milberg, que faz parte da cidade de Tigre. O estabelecimento fica a 40 quilômetros da capital Buenos Aires.

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Veja abaixo o vídeo no qual a pessoa que é identificada como Antonio Neto aparece com uma camisa do time de basquete Los Angeles Lakers:

Artêmio afirma inclusive que identificou um novo perfil de Instagram no qual Antonio estaria publicando conteúdo. A página em questão apagou seus conteúdos, mas os registros ficaram: fotos de um homem jogando golf e uma ilustração que tudo indica ser de Antonio Neto.

Fuga para a Argentina

Uma denúncia do Ministério Público da Paraíba apresentou diversas capturas de tela que mostram as conversas que foram feitas por Antonio Neto e Fabrícia Campos, sua esposa, com seus subordinados para organizar a fuga da Polícia Federal do Brasil e sua viagem para a Argentina.

Tudo começou no dia 21 de janeiro, quando Fabrícia Campos tentou embarcar para Dubai a partir do Aeroporto de Guarulhos (SP). Não só ela não conseguiu embarcar como também teve o passaporte apreendido por conta de uma decisão judicial, já que ela e Antonio já estavam sob investigação. 

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Foi então que os criadores da Braiscompany organizaram, em menos de uma semana, uma viagem terrestre para a Argentina. Neto Ais e Fabrícia Campos conseguiram uma van da Mercedes-Benz, modelo Sprinter, e foram para o país vizinho. Ao todo, participaram da viagem cinco adultos e duas crianças. 

Nesse processo, Arthur Barbosa, o videomaker pessoal de Antonio Neto, teve papel fundamental: era o único habilitado para dirigir este tipo de veículo. Mais tarde, Barbosa voltaria ao Brasil e seria preso no dia 18 de maio. 

Além de Barbosa, os outros adultos que participaram da viagem entram Sabrina Lima e Victor Hugo. Os três, mais os menores de idade, entraram no veículo no dia 28 de janeiro. Já Antonio e Fabrícia desceram do veículo ainda no Brasil e depois pagaram um táxi para atravessar a fronteira. 

Os bastidores da fuga

Como já foi noticiado pelo Portal do Bitcoin, o casal usou os passaportes de Felipe Guilherme e Fernanda Farias, irmã de Fabrícia Campos. Agora, a denúncia mostra como foram as conversas que precederam o crime. 

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No dia 25 de janeiro, Antonio mandou mensagem para Felipe: “Fala cara. Manda foto do seu passaporte”. Depois, no mesmo dia, ordena: “Dá um pulinho aqui em casa, tragam os passaportes e RG que vou passar a estratégia para vocês”. 

No dia 27 de janeiro, Antonio manda um áudio dizendo: “A Fernanda deixou com a Fabrícia o documento dela. Eu estou precisando do teu passaporte. Tem como deixar em casa? Eu estou indo para lá agora”. 

Felipe responde: “Preciso pegar em casa. Vou buscar e levo”. O dono da Braiscompany faz a tréplica e diz que está aguardando. 

Desde o início do caso havia sinalizações que a Argentina era o destino do casal. Um dia após a Operação Halving, fez um post em sua conta no Instagram com a frase “Força para lutar, fé para vencer” – e a geolocalização do usuário mostrava exatamente o país vizinho, embora houvesse a possibilidade do uso de um VPN (uma rede privada virtual) para mascarar o local.

Condenado e alvo de CPI

A Justiça Federal condenou na última terça-feira (13) o casal dono da pirâmide financeira Braiscompany, Antônio Ais, que foi condenado a 88 anos e 7 meses de prisão, e Fabrícia Farias, condenada a 61 anos e 11 meses.

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Entre os crimes citados na sentença estão operar instituição financeira sem autorização, gestão fraudulenta, apropriação e lavagem de capitais. No total, o juiz estabeleceu uma multa de R$ 377 milhões, sendo R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em danos morais coletivos.

A Braiscompany era uma empresa que prometia retornos fixos aos seus clientes por meio do suposto investimento em criptomoedas. O esquema pedia que a pessoa comprasse valores em Bitcoin e os enviasse para uma wallet da empresa.

Em dezembro de 2022, a Braiscompany parou de pagar os clientes. Em fevereiro do ano passado, a pirâmide ruiu: o Ministério Público Federal abriu um processo penal contra Neto Ais e Fabrícia Campos e a Justiça autorizou pedidos de prisão preventiva que tentaram ser cumpridos na Operação Halving em fevereiro. O casal, no entanto, fugiu.

Em julho passado, um relatório de investigação emitido pela Polícia Federal apontou que Netos Ais e sua esposa fugiram para a Argentina usando passaporte de familiares.

Segundo a PF, nos últimos quatro anos, foram movimentados cerca de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas vinculadas aos sócios da Braiscompany.

A CPI das Pirâmides Financeiras solicitou ao Ministério Público em seu relatório final que oferte denúncia contra Antonio Neto por sua atuação na Braiscompany.

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