O Fundo Monetário Internacional (FMI), que monitora o sistema econômico global e distribui empréstimos e auxílios a seus países-membros pagantes, reforçou seus pedidos para que El Salvador abandone o bitcoin (BTC) como moeda corrente.
Como parte de reuniões regulares entre o FMI e países-membros individuais, a organização coleta dados econômicos e os informa para o comitê que, por sua vez, discute áreas problemáticas e possíveis soluções com o governo do país.
E o FMI acredita que o bitcoin é um problema para El Salvador.
Segundo relatos da organização internacional na conclusão da consulta, a economia do país da América Central está diminuindo enquanto sua dívida pública está se expandindo.
Argumenta ainda que usar o bitcoin como moeda nacional (desde setembro de 2021) arrisca a recuperação financeira: “A adoção de uma criptomoeda como moeda legal envolve grandes riscos à integridade financeira e de mercado, à estabilidade financeira e à proteção de consumidores. Também pode criar obrigações contingenciais”.
A objeção do FMI vem desde junho de 2021, logo após Nayib Bukele, presidente de El Salvador, anunciar, durante a Bitcoin Conference em Miami, que estava propondo uma lei que exigia que cidadãos e empresas aceitassem bitcoin como pagamento a menos que não haja acesso suficiente à internet para tal.
O país usa o dólar americano como sua moeda desde 2001.
Na época, um porta-voz do FMI insinuou que o país não estava pronto: “Criptoativos podem apresentar riscos significativos e medidas reguladoras efetivas são muito importantes ao lidar com eles”.
Contudo, a Assembleia Legislativa rapidamente aprovou o projeto de lei e, em setembro, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a usar o bitcoin como sua moeda oficial.
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Em novembro, no início do processo de consulta, o FMI novamente pediu que El Salvador largasse o bitcoin como moeda corrente, citando sua alta volatilidade de preço.
Isso entrou em jogo quando Bukele acrescentou cerca de 1,8 mil BTC ao tesouro do país, mesmo tendo comprado mais 410 BTC quando o mercado caiu esta semana. Entre setembro e agora, o preço do bitcoin disparou de US$ 50 mil para recordes US$ 69 mil e despencou abaixo de 40 mil.
Em 12 de janeiro, a Bloomberg projetou que El Salvador estava com US$ 12 milhões em prejuízos não realizados.
FMI e criptomoedas
O Fundo Monetário Internacional (FMI) dedicou um capítulo inteiro aos criptoativos na edição de outubro do “Relatório Global de Estabilidade Financeira“.
A entidade elogia inovações que as criptomoedas, tokens e stablecoins trouxeram, mas faz uma série de alertas para o que acredita serem riscos sistêmicos. Ao final, dá conselhos para os países navegarem no universo cripto.
As inovações tecnológicas dos criptoativos, afirma o FMI, estão possibilitando uma nova era nos métodos de pagamento: “mais baratos, rápidos, acessíveis e permitem o fluxo mais fácil entre países”, define o Fundo.
“DeFi (Finanças Descentralizadas) pode se tornar uma plataforma para mais inovação, inclusão e transparência nos serviços financeiros”, aponta o órgão.
Clique aqui para ler os 8 conselhos do FMI sobre criptomoedas.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.