No mundo dominado pelos homens do mercado cripto global, a executiva chinesa Gracy Chen emerge como um ponto fora da curva ao ter assumido o papel de CEO da corretora Bitget em maio de 2024.
Formada em matemática e administração, sua jornada rumo ao topo da Bitget começou em 2014, quando, como apresentadora de televisão, ela cobriu de forma intensa o noticiário do mercado financeiro.
Seu contato com cripto começou ainda na faculdade, na primeira metade da década passada, como investidora: “Comprei um pouco de Bitcoin, Ethereum e XRP. Mas nada muito significativo, era estudante ainda”, relembra em entrevista ao Portal do Bitcoin.
Desde então, Chen não apenas mergulhou profundamente no mundo das criptomoedas, mas também investiu em startups como Bitkeep, hoje conhecida como Bitget Wallet, a maior carteira multi-cadeias da Ásia.
Em abril de 2022 entrou como diretora na Bitget e ajudou a empresa a se consolidar como uma das cinco principais plataformas de negociação de futuros e entre as dez principais em negociação à vista no cenário global de criptomoedas.
Em uma entrevista exclusiva, Chen discutiu não apenas sua jornada pessoal, mas também os desafios enfrentados pelas mulheres no setor de criptomoedas. “Na nossa indústria, as líderes femininas são mais medidas pelo seu desempenho, enquanto os líderes masculinos são mais medidos pelo seu potencial”, comentou Chen, refletindo sobre a disparidade de gênero predominante.
Ela enfatizou a importância de mudar essa mentalidade através de iniciativas como o projeto “Blockchain for Her”, lançado em parceria com o Fórum Econômico Mundial, que visa promover o empreendedorismo feminino na indústria de blockchain com um investimento inicial de US$ 10 milhões.
Sobre o Brasil, afirma que estabeleceu como prioridade olhar para a América Latina como uma prioridade e lembra que o país é a maior economia da região. Mas, por enquanto, sem planos concretos de uma presença mais forte por aqui.
Leia abaixo a entrevista:
O mercado financeiro já é notório por ser um meio extremamente desigual na questão de gênero. Na indústria cripto isso é ainda mais pronunciado. Você como uma mulher CEO de uma das maiores corretoras do mundo, como analisa essa disparidade tão grande?
Primeiro de tudo, quero dizer, sim, concordo que há muito mais líderes masculinos do que líderes femininos neste espaço, e provavelmente sou a única CEO feminina entre, por exemplo, as 10 principais exchanges de criptomoedas. No entanto, eu acho que isso não deveria ser o caso.
Na nossa indústria, as líderes femininas são mais medidas pelo seu desempenho, mas os líderes masculinos são mais medidos pelo seu potencial. Acho que todos deveriam ser medidos pelo potencial. Então, mudar essa mentalidade. Espero que possamos fazer isso juntos.
Quais ações práticas podem ser tomadas nesse sentido?
Pare de perguntar a uma líder feminina, como você equilibra trabalho e vida. Nunca vi nenhum líder masculino ser questionado sobre como ele equilibra trabalho e vida. Bem, eles não têm trabalho. Bem, eles não têm vida? Eles também têm uma família.
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Como líder da Bitget, você está criando ações de impacto para maior equidade de gênero na indústria?
Sim, por meio de um projeto chamado “Blockchain for Her”. Lançamos a iniciativa com o Fórum Econômico Mundial no início deste ano e reservamos 10 milhões de dólares para financiar projetos que financiem o empreendedorismo de mulheres na indústria cripto.
Agora falando um pouco de Brasil. Como a Bitget vê o mercado cripto daqui?
No começo do ano, estabeleci três pontos focais para o Biget, sendo que um deles é ser mais visível no chamado mercado emergente. Isso inclui o Sudeste Asiático e a América Latina. E o Brasil é o maior mercado entre todos os países da América Latina. Então é um mercado que queremos abordar. Mas também queremos garantir que estamos totalmente em conformidade com o mercado local.
Existem planos de abrir uma operação aqui, com escritório e time local?
Temos algumas equipes olhando para o mercado, ainda não temos um escritório, mas queremos descobrir a melhor maneira de entrar no mercado ou expandir. O Brasil é importante, mas acho que agora ainda é muito cedo para dizer se queremos ter um escritório lá, ou qual é a estratégia exata.
O mercado viveu um bull market este ano, com o Bitcoin atingindo uma máxima histórica. Agora o cenário esfriou. Qual sua análise de conjuntura para o mercado cripto em um futuro próximo?
Bem, eu não tenho uma bola de cristal. Eu gostaria de ter. Mas meu pensamento sobre a indústria de criptomoedas em termos de tendência, especialmente este ano para o segundo semestre de 2024, acho que três fatores irão influenciar. Um é o provável corte de juros pelo FED, resultando em uma melhoria da liquidez no mercado de ativos de risco, incluindo criptomoedas.
O segundo é a eleição presidencial dos EUA. Cerca de 20% da população dos EUA possui criptomoedas. E parece que ambos os partidos provavelmente sinalizarão mais apoio para a comunidade de criptomoedas na campanha.
E o terceiro motivo é o ETF spot de Ethereum. Um aumento no preço do Ethereum certamente impulsionará o aumento das altcoins, especialmente aquelas altcoins do ecossistema Ethereum.
Como a atitude extremamente combativa da SEC contra o mercado cripto nos EUA está afetando o mercado cripto na maior economia do mundo?
Tenho muitos amigos nos EUA que me disseram que estão mudando seus passaportes, ou estão se mudando para outros países como residentes. Um cara grande de cripto, não vou dizer quem, me disse que está se mudando para Porto Rico porque as regulamentações e impostos lá são muito mais amigáveis.
Então eu acho que com essa tendência, se o governo continuar fazendo o que tem feito, eles também estão perdendo talentos. Eles estão perdendo empresas. Eles estão perdendo participação de mercado.
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