Depois de bater sua máxima histórica acima de US$ 73 mil no dia 13 de março, o Bitcoin (BTC) de repente entrou em um forte movimento de queda, chegando a bater US$ 61 mil na sua maior perda diária desde o colapso da FTX, no final de 2022.
A queda, apesar de ser um movimento natural de mercado, pegou alguns investidores mais otimistas de surpresa, o que levou a quase US$ 600 milhões em liquidações entre terça-feira (19) e hoje, segundo dados da Coinglass.
Em geral, os dados agora mostram investidores mais divididos sobre o caminho dos preços. O índice de medo e ganância do Bitcoin chegou a cair para o nível “medo”, mas já voltou para “ganância”, acima de 70. Enquanto isso, no mercado de futuros, não há uma tendência e posições vendidas e compradas estão praticamente iguais.
Mas o que explica o recuo nesta semana e o que podemos esperar para a maior criptomoeda do mundo, principalmente com a chegada do halving?
O que fez o Bitcoin cair?
Na última semana, foi divulgado o índice de inflação da indústria dos Estados Unidos, PPI, acima do previsto, e segundo André Franco, head de research do Mercado Bitcoin, o mercado já começou a se preparar para o dado da inflação ao consumidor, CPI, que pode indicar que o país ainda está em dificuldade para controlar a inflação.
“Todo esse desenho de inflação fez com que o mercado começasse a identificar um cenário mais desafiador para os ativos de risco, o que inclui o Bitcoin”, explica. Com isso, a tendência é que as taxas de juros definidas pelo Federal Reserve permaneçam estáveis por mais tempo do que o previsto, o que tende a reduzir o apetite por risco, impactando o investimento nas criptomoedas.
“Essa duração maior de juros mais altos deve se estender até que seja estabelecido o controle da inflação. Esse é o desenho que se espera, e por isso o mercado está se antecipando nesse movimento – derrubando o preço do BTC”, afirma Franco.
Já Beto Fernandes, analista da Foxbit, destaca também que um dos gatilhos para a queda dos preços veio das retiradas de fundos dos ETFs de Bitcoin à vista nos EUA, em especial o da GrayScale, além de uma diminuição da euforia com o evento do lançamento dos fundos negociados em bolsa.
“De forma geral, os investidores não parecem muito animados com aplicações de risco. Afinal, são quatro dias seguidos de alta do índice dólar (DXY), somando mais de 1% de valorização”, afirma ele, destacando que com as taxas de juros nos EUA como estão, é natural que o dólar se fortaleça e ativos de maior risco percam espaço.
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O que esperar do Bitcoin agora?
Analistas não costumam se arriscar a projetar preços de criptomoedas, principalmente no curto prazo, mas o que se vê é uma tendência positiva mesmo com as quedas do Bitcoin. Inclusive, especialistas ressaltam que é importante que a criptomoeda recue às vezes para conseguir ter espaço para quebrar novas barreiras de preço para cima.
Para Julián Colombo, Diretor de Políticas Públicas da Bitso para a América Latina, esse recente queda do Bitcoin não deve preocupar os investidores: “Longe de ser um problema, essas correções de 15% ou até um pouco mais são saudáveis, e acontecem, justamente, para identificarmos onde estão os suportes de preços e para que entre nova liquidez no mercado”.
O impacto do halving
Outro fator que influencia o preço do Bitcoin neste momento é a expectativa para o halving, marcado para acontecer no fim de abril. O halving é evento que reduz a recompensa dos mineradores pela metade e, portanto, afeta a oferta de novos bitcoins no mercado, o que tende a puxar o preço para cima. Porém, com a disparada recente por conta dos ETFs, especialistas estavam questionando se o BTC seguirá o histórico dessa vez e subir também.
Leia também: Veja como o Bitcoin se comportou nos halvings passados e por que desta vez pode ser diferente
“O halving costuma ser o principal gatilho de um mercado de alta, que, na verdade, veio antes do que o esperado, por conta dos próprios ETFs. Mesmo assim, estamos falando de algo que afeta diretamente os mineradores, responsáveis por emitir novos BTCs no mercado. Ou seja, eles detém uma grande quantia da criptomoeda, podendo causar impactos significativos no desempenho do token”, afirma Fernandes.
Já Colombo reforça que “a entrada de investidores institucionais no mercado, através de ETFs, é uma novidade e seus efeitos a longo prazo ainda não foram determinados”. “No curto prazo, geraram um aumento considerável no preço, conseguindo romper o preço máximo antes mesmo do halving, fato que nos ciclos anteriores acontecia apenas meses após este evento”, lembra ele.
Mas mesmo com um otimismo pela frente, especialistas fazem alerta para os movimentos nas próximas semanas. Segundo Lucas Panisset, assessor de investimentos na Transfero Prime, “sob uma ótica de curto prazo, percebemos que houve uma rejeição da continuação da movimentação de alta quando o Bitcoin alcançou o patamar de US$ 70 mil. Isso demonstra uma força vendedora nesse mesmo patamar”.
Ele alerta que essa realização favorece um movimento de correção de preços, “que pode levar o BTC a uma queda de 20% a 40% no curto prazo”. Por outro lado, o analista lembra que o BTC costuma cair antes do halving para depois disparar, o que dessa vez pode levar seu preço para os US$ 100 mil.
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