Imagem da matéria: Advogada quer novo pedido de prisão contra Dubaiano, criador da pirâmide D9 que ostenta vida de luxo em Dubai
Dubaiano está desde 2017 refugiado em Dubai (Foto: Reprodução)

A decisão dos Emirados Árabes Unidos de acolher o pedido de extradição do empresário brasileiro acusado de estupro e agressão, Thiago Brennand, anunciada esta semana, pode abrir precedente para um dos casos envolvendo um dos acusados de formar uma das maiores pirâmides financeiras do Brasil: Danilo Dubaiano, criador da D9 Clube Empreendedores, que usava como isca o Bitcoin.

O acordo entre Brasil e as autoridades do emirado de Dubai – parte dos Emirados Árabes Unidos – para extradição de Brennand veio pouco após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país no último sábado (15).

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As autoridades brasileiras haviam pedido a extradição de Brennand em 2022, após ele ter cinco mandos de prisão decretados no Brasil. Os Emirados Árabes disseram que precisavam de uma garantia de que haveria reciprocidade em caso de via inversa, já que os países não têm acordo de extradição. 

Todo esse cenário deve tirar a tranquilidade de outro brasileiro que reside em Dubai. Danilo Dubaiano foi para o Oriente Médio em 2017, com um pedido de prisão preventiva nas costas em solo brasileiro. Chegou a ficar em prisão domiciliar e na lista da Interpol. 

Mas como Brasil e Emirados Árabes ainda não tinham acordo nenhum de extradição, o suspeito nunca foi forçado a deixar o país. Em 2021, sua defesa informou um endereço fixo e um telefone no país árabe e o pedido de prisão preventiva foi derrubado. O réu agora responde aos processos gerados por sua pirâmide financeira em liberdade.

A advogada Caroline Baratz, que representa cerca de 400 vítimas da D9, afirma que a eminente extradição de Brennand é um fato novo e que irá entrar na Justiça para pedir que seja decretada uma nova prisão preventiva contra Dubaiano – o primeiro passo para ele responder no Brasil pelos crimes dos quais é acusado. 

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“Isso [a extradição de Brennand] impacta, claro, a gente vai levar essa decisão aos autos, ao processo criminal para determinar uma nova análise do juízo do pedido de prisão preventiva. Agora temos um precedente, que era o que os governos antes não tinham”, disse Baratz em entrevista ao Portal do Bitcoin

A advogada estima que a D9 tenha deixado na época um prejuízo de R$ 400 milhões e suspeita que esse número tenha sido decuplicado: na ocasião, o Bitcoin valia US$ 3 mil e agora vale cerca de US$ 30 mil. As suspeitas são que Dubaiano usou o dinheiro dos clientes para comprar BTC. 

O Portal do Bitcoin tentou entrar em contato com Danilo Dubaiano, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.

Vida de luxo

Dubaiano foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia em 2018 por crimes contra a economia popular, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele teve a prisão decretada, mas fugiu para Dubai.

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Lá virou cantor e até lançou uma música chamada ‘Estelionato de Amor’. Na cidade dos Emirados Árabes, Dubaiano vive uma vida de luxo e ostentação, que pode ser vista em fotos publicadas em seu perfil no Instagram.

Mentor de pirâmides

Dubaiano ocupa o papel de alicerce fundamental das pirâmides financeiras que assolaram o Brasil nos últimos anos. Investigações dão a suspeita que o criador da D9 teria aprendido a montar operações desse tipo na Telexfree e depois criado uma espécie de “escola de pirâmides”.

Danter Navar da Silva, um dos diretores da pirâmide Unick Forex, por exemplo, participou antes da D9, supostamente captando clintes para Dubaiano.

A Unick Forex é investigada por captar até R$ 29 bilhões de 1,5 milhão de pessoas. Na operação Lamanai, a PF encontrou e apreendeu 1500 bitcoins, milhões de reais, carros e imóveis.

Homicídio suspeito

Em junho de 2020, dois homens confessaram o assassinato de Maurício Antônio Pastorio Dalpiaz. O motivo é fato de terem investido um total de R$ 200 mil na One Seven Company, empresa que tinha Dalpiaz como proprietário e que era acusada de ser uma pirâmide financeira.

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Dalpiaz já possuía histórico de participação em outro esquema de pirâmide financeira, acrescido de sangue. Ele estava envolvido na morte de Márcio Rodrigues dos Santos, líder da D9 assassinado em Balneário Camboriú (SC) em agosto de 2018.

Santos foi encontrado carbonizado dentro de um carro de luxo, um Audi A4.

Além desses casos, há a Braiscompany. A empresa acusada de ser pirâmide foi criada pelo casal Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos. Antes de abrir o negócio, o casal já se envolveu com outras pirâmides financeiras no passado. Eles são conhecidos principalmente por captar clientes para a D9 Club, pirâmide criada por Danilo Dubaiano.

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