Imagem da matéria: A popularização das criptomoedas e sua influência no mercado de turismo
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As criptomoedas já estão presentes no cotidiano das pessoas há pouco mais de 10 anos. Elas já somam uma capitalização de mercado total de alguns trilhões de reais, dos quais a maior parte está inserido nas redes Bitcoin e Ethereum. Após o desenrolar desta última década, não restam dúvidas quanto à persistência e ao impacto causado por essa nova categoria financeira. Contudo, os detentores de criptomoedas ainda enfrentam certos entraves quando decidem que é a hora de utilizá-la: as plataformas que aceitam criptomoedas como forma de pagamento ainda são pouco numerosas.

Contudo, há altas expectativas no mercado de turismo, e o otimismo tem sido fortalecido pelo bull market das criptomoedas. Veremos, a seguir, as tendências quanto à adoção das criptomoedas como forma de pagamento no mercado como um todo e, em particular, no setor de turismo.

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Como as criptomoedas poderão se tornar um meio de pagamento regular?

A consolidação efetiva das criptomoedas como uma representação de valor sólido demanda que três condições sejam satisfeitas:

1. É preciso haver um estado de concordância regulamentar entre os governos nacionais e as criptomoedas, com leis claras sobre uso e arrecadação fiscal;

2. É preciso que existam métodos para se fazer comércio diretamente com criptomoedas, cujo escopo inclua desde a compra itens básicos até artigos de luxo;

3. Deve haver uma confiança consolidada da população para com o valor representado pela criptomoeda, tal como acontece com o dinheiro de papel;

A primeira condição tem tido progresso gradual, contudo heterogêneo, na medida em que países assumem diferentes posturas perante o assunto. Alguns escolhem observar e esperar, enquanto outros optam por banir e criminalizar completamente o seu uso — caso notório é o da China. El Salvador, em contrapartida, adotou Bitcoin como moeda de curso legal, e o Paraguai caminha na mesma direção.

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O endosso ou a proibição de criptomoedas nos países são, sem dúvida, significativos no cenário internacional. Contudo, a maior importância está na existência de leis claras sobre o assunto, sejam elas favoráveis ou contrárias. Sem elas, os usuários, investidores e empresas têm a tomada de decisões dificultada, e o fator de risco intrínseco permanece alto.

A segunda condição também passa por evolução similar. Grandes empresas de e-commerce chinesas já aceitaram bitcoin no passado, mas tiveram de recuar diante da resolução proibitiva do governo do país.

A Tesla Motors gerou uma grande repercussão este ano, ao aceitar bitcoin como pagamento pelos seus carros elétricos e voltar atrás com a decisão apenas três meses depois. Gigantes como a Visa e a PayPal já implementam pagamentos em criptomoedas e, recentemente, tivemos rumores de que a Amazon também estaria prestes a entrar para o time.

Várias instituições do mercado de turismo já aceitam Bitcoin e outras criptomoedas como pagamento. Entre elas, temos os sites Cheapair.com e GetYourGuide, a companhia aérea Air Baltic, na Letônia, e até a empresa de voos espaciais Virgin Galactic. Novos aplicativos estão sendo lançados e, agora, os usuários que desejam evitar passar por corretoras e preferem gastar seus Bitcoins diretamente terão mais opções dentro do ramo.

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A terceira condição tem caráter cultural e, por conseguinte, é a de implementação mais difícil. Os seres humanos são naturalmente resistentes a mudanças e novidades, e ativamente colocam barreiras para proteger o que julgam ser “o tradicionalmente correto”, o que, neste caso, é o dinheiro convencional.

Assim, a aceitação de novidades tecnológicas passa por etapas graduais de aceitação e desbravamento, geralmente protagonizadas pelas gerações mais novas.

Especialistas e empreendedores do ramo de turismo acreditam que esse mercado terá um papel muito importante na popularização dos métodos de pagamento por criptomoedas. Dentro desse cenário, espera-se que os jovens exerçam a importante função de “early adopters” (ou seja, “os primeiros a aderir”).

De fato, as novas gerações costumam adotar esse papel durante a expansão de tecnologias disruptivas. Os empreendedores do mercado de turismo não apenas sabem disso, como têm focado seus esforços e investimentos no desenvolvimento de aplicações de viagens voltadas para os consumidores das Gerações Z e Alpha. Acredita-se que os jovens nascidos após 2010 — portanto dentro da era das criptomoedas — terão ainda mais facilidade para encarar o mundo cripto com naturalidade.

É difícil prever se as gerações anteriores seguirão esse exemplo. Pode ser necessário esperarmos 50 anos e um ciclo geracional completo do mercado para chegarmos a uma adesão efetiva, como também é possível que o dinheiro digital sequer substitua o dinheiro de papel.

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Por falar em dinheiro de papel, este também não foi aceito da noite para o dia. Ele foi inventado na China em 600 A.C, mas até o século XVI D.C. ainda se utilizavam moedas de metal na Europa. Por outro lado, percebemos que no mundo moderno as mudanças ocorrem com uma velocidade exponencialmente maior, e não é prudente esperarmos que o mesmo ritmo de transformação.

O desenvolvimento do mercado de turismo

Estamos presenciando um grande aumento do número de empresas que utilizam criptomoedas para agendamento de viagens, transportes e acomodações. Com a aproximação do fim da pandemia e a recuperação do mercado, os ânimos estão em alta: 

● Foi inaugurado nos EUA, em parceria com a corretora Gemini, o novo cassino Resorts World Las Vegas, no qual o usuário pode usar criptomoedas para jogar;

● Criptomoedas como bitcoin, dogecoin e outras são cada vez mais aceitas em redes de hotéis, incluindo a Pavilions Hotels & Resorts, a Bobby Hotel e a Kessler Collection, nos EUA. No Brasil, temos o Nobile Plaza Hotel em Brasília e o JS Hostel em SP;

● A parceria entre a empresa Viator e o site blockchain Travala.com oferece diversas opções de reserva para viagens e atividades de turismo, com pagamento na criptomoeda nativa e outras;

● A tecnologia blockchain também tem sido cada vez mais utilizada. Um exemplo é a plataforma Dtravel, ferramenta que permite um certo grau de descentralização e que é utilizada para gerenciamento e organização interna da Travala.

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A influência das criptomoedas nos líderes do mercado de turismo está muito evidente. Isso vem pressionar o restante do setor a também fazer parte do movimento, e espera-se que surjam ainda mais opções para que as pessoas possam gastar suas criptomoedas em viagens de férias.

Dessa forma, o hábito de utilização de criptomoedas será cada vez mais incentivado e reforçado culturalmente — o que, por sua vez, deverá gerar mais pressão popular para a implementação de criptomoedas pelo mercado.

Será que esse ciclo continuará se retroalimentando indefinidamente, até que as criptomoedas sejam globalmente aceitas por pressão dos próprios consumidores? Ainda restam muitos desafios a serem superados, como a discussão ética sobre o impacto ecológico do BTC e ETH. Contudo, os sinais têm sido positivos, e está cada vez mais claro que essa tecnologia veio para ficar.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.

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