Desde criança, sempre me interessei muito pelo universo da arte em todas as suas modalidades, como pintura, escultura, dança, música, teatro, literatura e cinema. Quando adulta, então, tive a oportunidade de voltar a morar no país em que eu nasci, a Itália, e lá pude me encantar ainda mais com arquitetura divina de todas as épocas e a riqueza de museus em todo o continente europeu, de modo geral.
O que eu não poderia imaginar, contudo, é que, muitos anos depois da minha infância, seria criada uma nova forma de se criar arte, os NFTs (Non Fungible Tokens).
Para quem não conhece, em uma explicação simplificada, o NFT (termo que foi eleito palavra de 2021 pelo dicionário Collins) é um código que funciona como uma autenticação de um determinado arquivo (neste caso, uma obra de arte) e permite que sejam asseguradas sua autenticidade e originalidade.
Quando se pensa no universo de gestão de patrimônio, o investimento em obras de artes sempre se mostrou uma possibilidade interessante, uma vez que são ativos que podem se valorizar muito ao longo dos anos, especialmente se você for uma pessoa estudiosa do assunto ou se estiver bem assessorada nesse quesito.
Existem casos de pessoas que compram quadros de jovens artistas promissores, por exemplo, e, após esses pintores ganharem mais espaço e projeção, revendem essas peças por ótimos valores.
Como qualquer tipo de investimento, é importantíssimo que cuidados sejam tomados ao comprar uma obra de arte, como armazená-la com segurança (até mesmo com alarme na moldura, dependendo do caso), fazer um bom seguro contra roubo ou depredação do bem, além de sempre mantê-lo declarado para a Receita Federal.
E tudo isso que eu descrevi acima é absolutamente aplicável para quem quer investir em arte via NFT. Nas últimas semanas, chamou a atenção a venda da obra híbrida (física e digital) HUMAN ONE de autoria do artista Beeple por US$ 29 milhões.
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Este mesmo criador foi responsável pelo NFT mais caro vendido até hoje, a peça EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS, que foi negociada por US$ 69,3 milhões.
Cuidados com segurança dos NFTs e declaração à Receita
Porém, o investimento em NFTs também exige tomar cuidado com a segurança. É preciso que você escolha sua carteira e, especialmente caso ela seja conectada à internet, adote procedimentos rigorosos, com a autenticação de dois fatores e a criação de senhas fortes que não sejam disponibilizadas para outras pessoas e nem fiquem armazenadas na rede.
Além disso, é essencial que você declare suas compras e vendas de NFTs para a Receita Federal. Infelizmente, hoje ainda não existe um campo específico para isso na declaração de Imposto de Renda e, apesar desse tipo de bem se enquadrar muito mais próximo do campo “obra de arte”, ele deve entrar na seção de “criptomoedas” e sua venda está sujeita à mesma tributação que a compra e venda de bitcoins, por exemplo.
Pensando no lado do artista, também acho que a tecnologia blockchain pode oferecer ganhos sensacionais! Como o blockchain é público, o artista poderá receber seu quinhão toda vez que a obra for revendida ou reproduzida, garantindo assim o recebimento de seus direitos autorais.
Assim, eu acredito que da mesma forma que o mercado financeiro está passando por uma revolução sem precedentes com a chegada das criptomoedas, a arte também está em um cenário de muita mudança gigante com o desenvolvimento das NFTs e vejo isso de maneira extremamente positiva.
Sobre a autora
Annalisa Blando é planejadora financeira certificada pela Planejar (CFP) e fundadora e CEO da ParMais, a primeira Wealth Management Tech do Brasil. Também é líder do grupo Mulheres do Brasil em Florianópolis.