Após o Conselho de Estado da China falar em reprimir a mineração e o trade de bitcoin na última sexta-feira (21), as empresas de mineração HashCow e BTC.TOP suspenderam suas atividades. Algo parecido ocorreu na Huobi, que nesta segunda-feira (24) já não está mais aceitando novos clientes e interrompeu temporariamente os contratos futuros. As informações são da Reuters em publicação no mesmo dia.
É a primeira vez que um alto órgão do governo chinês defende coibir a atividade de mineração como parte dos esforços para evitar riscos financeiros — a proteção ao investidor e a lavagem de dinheiro são preocupações específicas dos reguladores financeiros globais.
A notícia intensificou a queda no mercado cripto que já vinha caindo em decorrência de comentários do Departamento do Tesouro dos EUA sobre a tributação de criptomoedas. O mercado também já vinha indicando uma correção. O bitcoin, por exemplo, já estava abaixo dos US$ 40 mil pela primeira vez desde início de fevereiro.
Riscos regulatórios
A partir da nova realidade, tanto as empresas de mineração quanto as exchanges de criptomoedas começaram a se movimentar para não perder o controle dos ativos. Isso porque há bilhões de contratos futuros nas exchanges e milhares de milhões investidos em equipamento de mineração por parte das grandes empresas do setor. Estima-se que 70% da mineração do bitcoin é oriunda da China.
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À Reuters, a Huobi disse que sempre se esforça para cumprir as políticas e regulamentos em evolução de cada jurisdição.A HashCow não hesitou em afirmar que vai parar de comprar novas plataformas de mineração de bitcoin. A BTC.TOP também anunciou a suspensão de seus negócios na China alegando riscos regulatórios. Segundo a Reuters, seu fundador, Jiang Zhuoer, disse em um microblog via Weibo que seu negócio de mineração não estará mais aberto à China continental.
Zhuoer disse também que, eventualmente, a China perderá poder de mineração nos mercados estrangeiros, prevendo o aumento dos pools de mineração nos Estados Unidos e na Europa.
Pessimismo na China
Chen Jiahe, diretor de investimentos do family office Novem Arcae Technologies, com sede em Pequim, disse que se a onda das criptomoedas não for contida, o mercado pode ter o mesmo desfecho da febre das tulipas que correu no século XVII, considerada a primeira bolha financeira registrada na história.
“A única diferença é que depois que a bolha das tulipas estourou, ainda havia algumas lindas flores. Mas se a bolha das moedas virtuais estourar, restaria apenas alguns códigos de computador”, comentou ao jornal Chen.