A popular coleção de tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) Bored Ape Yacht Club é vista em todos os lugares, desde histórias em quadrinhos a hamburguerias.
Agora, ela está se expandindo para o mundo virtual, com o lançamento de Otherside — uma plataforma de metaverso dos desenvolvedores da coleção, o Yuga Labs.
O que é o Bored Ape Yacht Club (BAYC)?
Bored Ape Yacht Club (ou BAYC) é uma coleção de dez mil NFTs com desenhos de primatas que possuem características e traços exclusivos.
Criados pelos desenvolvedores Yuga Labs, com sede em Miami, BAYC se tornou, ao longo do tempo, uma das coleções de fotos de perfil (ou PFP) em NFT mais conhecidas e valiosas a existir no setor cripto desde seu lançamento em abril de 2021.
A coleção BAYC está avaliada em US$ 1,4 bilhão e seu preço mínimo é de aproximadamente US$ 149 mil, de acordo com o site CoinGecko.
O Yuga Labs também criou a coleção Mutant Ape Yacht Club (ou MAYC), equivalente a US$ 534 milhões, e detém os direitos de outros projetos, incluindo CryptoPunks, uma série de avatares no estilo oito bits, equivalente a US$ 1,3 bilhão.
Agora, Yuga Labs está alavancando suas marcas para criar uma plataforma de metaverso chamada Otherside. O metaverso é um mundo virtual compartilhado e imersivo, onde participantes interagem usando avatares.
O Otherside é apenas uma dentre diversas plataformas de metaverso que brigam pela atenção de usuários. Difere-se de experiências de videogames, pois sua estrutura não será linear e jogadores serão capazes de explorar mundos virtuais imersivos livremente e por vontade própria.
Como o Otherside vai funcionar?
O Otherside irá focar em comunidades digitais e oportunidades de propriedade impulsionadas pela tecnologia blockchain, com terrenos virtuais e uma moeda nativa, apecoin (APE), que será usada economicamente no ecossistema do Otherside.
Otherside está sendo desenvolvido em colaboração com a empresa de tecnologia de metaverso Improbable e com a Animoca Brands, uma companhia de desenvolvimento especialista em tecnologia Web3 para entretenimento e videogames, dona de The Sandbox, outra plataforma de metaverso.
Mais de dez mil jogadores serão capazes de interagir entre si de forma simultânea no Otherside usando MSquared (M²), uma rede desenvolvida especificamente pela Improbable para projetos de metaverso em grande escala.
A tecnologia também irá facilitar um chat natural de voz que permitirá que milhares de jogadores conversem entre si ao mesmo tempo, segundo o site do Otherside.
A plataforma M² também possui uma funcionalidade de streaming de jogos integrada, ou seja, usuários não vão precisar ter computadores de última geração para interagir com o Otherside via navegadores de internet e dispositivos móveis.
O que foi divulgado até agora?
Em março de 2022, o público teve um “primeiro gostinho” do Otherside quando o Yuga Labs divulgou um trailer.
No curta de animação, com a trilha sonora de “Break on through (to the Other Side)” da banda The Doors, um Bored Ape é abduzido por uma criatura voadora após beber uma substância azul obtida do fundo de um pântano.
O trailer também faz referência a outros projetos NFTs: o derivado MAYC, Cool Cats, CryptoPunks, CrypToadz, Meebits, Nouns e World of Women.
See you on the Otherside in April. Powered by @apecoin pic.twitter.com/1cnSk1CjXS
— Yuga Labs (@yugalabs) March 19, 2022
A divulgação do trailer aconteceu após o lançamento de apecoin (APE), uma criptomoeda do ecossistema dos Bored Apes. Donos de NFTs das coleções BAYC e MAYC tinham direito de resgatar gratuitamente 10.094 e 2.042 do token, respectivamente.
APE pode ser negociada como qualquer outra criptomoeda e possui uma capitalização de mercado total de US$ 2,1 bilhões, segundo o site CoinMarketCap.
Embora a imagem do token seja igual ao logo do BAYC e o Yuga Labs afirme que usará a criptomoeda em produtos e serviços no futuro, APE não está oficialmente afiliada aos NFTs nem ao Yuga Labs, e sim à ApeCoin DAO, uma organização autônoma descentralizada.
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Em um comunicado durante o lançamento do token, a DAO informou: “Talvez seja tentador afirmar que a apecoin é do Bored Ape Yacht Club para simplifcar as coisas, mas não é bem assim”.
Como adquirir um “Otherdeed”?
Naquele mês, o Yuga Labs lançou um site misterioso que permitiu que pessoas registrassem carteiras Ethereum na empresa e finalizassem uma verificação de identidade (ou KYC). Tanto a apecoin como esse site seriam fundamentais quando o Yuga Labs anunciou a emissão de Otherdeeds.
Otherdeeds são NFTs que representam uma escritura de um terreno virtual no universo Otherside e como um token de acesso para participar de testes do produto, segundo o “litepaper” — documento que resume as futuras pretensões — do Otherside.
Afirma que cada lote virtual também terá sua própria “composição de elementos naturais, recursos, atributos naturais” e outras qualidades.
Pessoas se apressaram para garantir essas escrituras virtuais quando a venda foi iniciada no fim de abril pelo site do Otherside, cujo fornecimento era limitado a 55 mil e o preço da emissão era de 305 APE (cerca de US$ 5,8 mil na época).
As pessoas que compraram o NFT também precisaram do Ethereum para pagar pelas taxas de gas. Donos de NFTs BAYC e MAYC podiam emitir Otherdeeds gratuitamente em até 21 dias após o início da venda.
Em 24 horas, mais de US$ 500 milhões em APE foi gasto na emissão de Otherdeeds, congestionando a rede Ethereum e fazendo as taxas de transação da blockchain dispararem.
Como consequência, mais de US$ 147 milhões em ether (ETH) foram queimados no processamento de transações e o Yuga Labs concordou em reembolsar taxas de gas para transações que não foram processadas durante a emissão.
No futuro, o Otherside terá 200 mil terrenos virtuais, que serão lançados ao longo do tempo, de acordo com o site do projeto. Até agora, o projeto ultrapassou US$ 1 bilhão em vendas, segundo o site CryptoSlam.
Otherside é lar a milhares de “Koda”, criaturas alienígenas distribuídos aleatoriamente por todos os dez mil Otherdeeds.
Neste momento, ainda não se sabe como eles estarão presentes no projeto de metaverso, mas suas origens serão explicadas durante “The Voyager’s Journey”, uma experiência de jogo com narrativa dividida em 11 partes, disponível a jogadores com NFTs Otherdeeds, que irá apresentar os aspectos fundamentais do projeto de metaverso.
“First Trip” e além
Em julho de 2022, o mundo deu sua primeira “olhadinha” no Otherside quando 4,3 mil “Voyagers” participaram da “First Trip”.
Essa primeira demonstração tecnológica do projeto de metaverso apresentou um passeio de seu local central chamado de “Biogenic Swamp” (ou “Pântano Biogênico”, em tradução livre), que resultou em uma luta contra um Koda.
No futuro, o Otherside quer fazer parte de um metaverso aberto, onde usuários e ativos possam transicionar livremente entre plataformas diferentes. A plataforma M², onde está sendo desenvolvido, tem um design com foco na interoperabilidade para criar um metaverso completamente integrado.
O anônimo cofundador do Yuga Labs, Gordon Goner, argumenta que “o futuro irá pender para o metaverso aberto e interoperável”, onde ativos são “pertencentes a usuários (e não alugados) e capazes de saírem da plataforma”.
When it comes to web2, we’re competing with giants. But we think the future will bend towards the open, interoperable metaverse, with assets that are user-owned (not rented) and able to move off the platform.
— GordonGoner.eth (@GordonGoner) July 15, 2022
Por enquanto, unir-se aos Voyagers em seus passeios pode custar bem caro e o projeto BAYC é conhecido por seu status de exclusividade.
Conforme o projeto vai progredindo, o equilíbrio entre acessibilidade e exclusividade ligado às iniciativas anteriores do Yuga Labs irão definir sua contribuição à Web3.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.
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