Para entender como o Ethereum funciona, é preciso aprender sobre três conceitos: ether (ETH), gas e tokens ERC-20. Juntos, eles ajudam a operar, incentivar e permitir que outros criem seus próprios tokens na blockchain do Ethereum.
O que é ether (ETH)?
Ether pode ser considerado como o combustível digital do Ethereum. Para fazer o seu carro se mover, você precisa comprar combustível. Para operar transações no Ethereum, você precisa comprar ether.
No Ethereum, esse ether é a quantidade de poder computacional necessária para fazer suas transações funcionarem.
Voltando à analogia do carro, é a quantidade de combustível necessário para fazer o motor funcionar e fazer o carro chegar ao destino que você quer chegar.
Para calcular quanto ether é necessário para fazer um transação funcionar, os desenvolvedores responsáveis pelo Ethereum criaram “gas”.
O que é gas?
“Gas” é o custo que a rede cobra para processar sua transação.
Na analogia do carro, é quanto um posto de gasolina irá te cobrar para abastecer seu carro — normalmente, uma parte do custo por galão ou litro.
Se você quer enviar ether, interagir com um contrato autônomo ou qualquer outra coisa que precise ser registrada na blockchain, você precisa pagar.
O pagamento é calculado em gas e é pago em ether.
Mineradores de bitcoin (BTC) cobram taxas de transação para processar as transações das pessoas. O mesmo acontece no Ethereum. Um incentivo é criado para encorajar mineradores de ether a processarem suas transações rapidamente.
O preço do gas sobe e desce, dependendo de quão congestionada está a rede Ethereum, ou seja, quantas transações precisam ser verificadas.
O que são tokens ERC-20?
O Ethereum não é apenas uma blockchain, como o Bitcoin, e sim uma plataforma. Significa que outros tokens podem ser operados e aplicações descentralizadas (ou dapps, na abreviatura em inglês) podem ser desenvolvidos nela, usando contratos autônomos.
À medida que a popularidade do Ethereum cresceu e muitas pessoas começaram a criar seus próprios contratos autônomos, um problema surgiu: como esses diferentes contratos autônomos podem interagir entre si?
A resposta foi o padrão ERC-20, um conjunto de regras que facilita a interação entre contratos.
O padrão de tokens ERC-20 permite que desenvolvedores criem seus próprios tokens na rede do Ethereum. Forneceu um caminho mais fácil de empresas desenvolverem produtos blockchain em vez de desenvolverem suas próprias criptomoedas.
Alguns tokens, como UNI da Uniswap, vão continuar sendo tokens ERC-20. Já outros, como a binance coin (BNB), migraram para suas próprias blockchains, assim como EOS, Tron e VeChain.
Quais são as características dos tokens ERC-20?
Tokens ERC-20 são os ativos mais usados na rede Ethereum. Foram criados para serem usados em pagamentos por tarefas (“utility tokens”). Também podem ser usados no pagamento por bens e serviços. Tokens ERC-20 são:
– fungíveis: O código de cada token é o mesmo que qualquer outro, apesar de o histórico de transações poder ser usado para identificar e segregar tokens;
– transferíveis: Podem ser enviados de um endereço cripto para outro;
– oferta fixa: Um número fixo de tokens deve ser criado para que desenvolvedores não possam emitir mais tokens e aumentar o fornecimento.
Como comprar e armazenar tokens ERC-20?
Muitos tokens ERC-20 podem ser negociados em corretoras de criptomoedas, como Mercado Bitcoin, Coinbase e Binance.
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Também será necessário criar uma carteira de criptomoedas que possa armazenar tokens do Ethereum, seja ela uma carteira de software, como a MetaMask, ou uma carteira de hardware.
Quais criptomoedas foram usadas com o padrão ERC-20?
Desde que o padrão ERC-20 foi finalizado, mais de 500 mil tokens compatíveis foram criados. Alguns dos principais incluem:
– Uniswap (UNI): Corretora descentralizada (ou DEX), que permite que usuários convertam tokens de ponto a ponto, sem depender de um intermediário centralizado.
– Decentraland (MANA): Token da plataforma de metaverso Decentraland, queimado para adquirir tokens não fungíveis (ou NFTs) que representam lotes de terrenos virtuais.
– ApeCoin (APE): O utility token e token de governança do ecossistema Bored Ape Yacht Club (ou BAYC), baseado na popular coleção de NFTs de fotos de perfil (ou PFP).
– Aave (AAVE): O token nativo da plataforma de empréstimos do setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi) Aave.
– Wrapped bitcoin (WBTC): Um token com paridade ao bitcoin, que pode ser usado como garantia, gerando liquidez em aplicações DeFi.
Quais são as desvantagens de tokens ERC-20?
– Baixa taxa de processamento: A rede Ethereum está congestionada com dapps que passaram por alta demanda, como CryptoKitties (que migraram para sua própria blockchain na Flow). Quando isso acontece, a rede fica lenta e as transações ficam mais caras.
– Lentas transações: O intervalo entre blocos é de cerca de 14 segundos, então transações podem demorar até um minuto para serem processadas. Pode ser o tempo adequado para alguns usuários ou muito demorado para outros.
– Ether: Quando transações são feitas, uma segunda criptomoeda, chamada ether, é necessária para o pagamento das taxas de transação. Isso pode demorar mais tempo e gerar mais custos, além de atrapalhar diferentes plataformas.
“É um fato esperado que 90% das startups vão fracassar. E também deve ser um fato esperado que 90% desses tokens ERC-20 no CoinMarketCap cheguem a zero” (Vitalik Buterin).
Existem outros padrões de tokens do Ethereum?
Outros padrões do Ethereum foram criados para diferentes propósitos:
– ERC-721: O padrão dos NFTs. Cada token é único e possui seu próprio código, o que resultou em um crescente mercado para colecionáveis cripto, incluindo cards negociáveis e artes digitais.
– ERC-1400: Security tokens, que são vendidos como valores mobiliários. Exigem mais controle sobre quem pode acessar as moedas e apresenta medidas de identificação de clientes (ou KYC).
– ERC-223: Quando você faz uma transação, taxas são pagas em ether. Esse padrão permite que taxas de transação sejam pagas usando os tokens envolvidos. Assim, uma transferência na Augur seria paga em tokens REP.
– ERC-777: Visa ser uma melhoria ao padrão ERC-20 ao diminuir despesas gerais e acrescentar novos recursos. É retrocompatível, ou seja, pode ser mais amplamente implementado.
– ERC-4626: Padrão recém-aprovado que classifica “vaults” (conjunto de contratos autônomos que unem fundos de usuários e otimizam seus retornos) em transferíveis (token representativo e entregue ao usuário que depositou fundos) e não transferíveis (token dentro do pool do ativo, que está gerando rendimentos).
O futuro dos tokens ERC-20
Muitas plataformas blockchain são chamadas de “a próxima Ethereum Killer”, mas o Ethereum conseguiu manter seu lugar logo atrás do Bitcoin.
Tokens ERC-20 são amplamente usados e sua força vai continuar enquanto o Ethereum mantiver seu status. No mínimo, a ameaça virá de dentro: dos novos padrões do Ethereum. Se considerarmos a seleção natural, o mais forte irá sobreviver.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.