No domingo (6), a Coinbase disse ter bloqueado mais de 25 mil endereços relacionados a entidades ou cidadãos russos que acredita estarem envolvidas em atividades ilícitas.
A corretora acrescentou que essas contas foram identificadas por meio de suas próprias investigações e que os endereços foram compartilhados com o governo americano para “impulsionar mais execução de sanções”.
“Nas últimas semanas, governos ao redor do mundo implementaram uma variedade de sanções para pessoas e territórios em resposta à invasão da Rússia à Ucrânia. Sanções têm um papel vital em promover a segurança nacional e reprimir agressões ilegais e a Coinbase apoia completamente essas iniciativas por autoridades governamentais”, disse Paul Grewal, diretor-jurídico da Coinbase, em uma publicação.
O enfoque da Coinbase às sanções à Rússia
A publicação de Grewal afirma que a Coinbase planeja desempenhar seu papel ao apoiar as “sanções econômicas essenciais” implementadas contra entidades ou cidadãos russos em meio à invasão à Ucrânia.
Para fornecer esse suporte, a corretora disse que está tomando medidas para bloquear o acesso a agentes sancionados, impedir tentativas de evasão de sanções e antecipar ameaças.
Isso envolve procedimentos que incluem a verificação de possíveis clientes contra listas de pessoas ou entidades sancionadas e o rastreio de endereços de protocolo de internet (ou IP, na sigla em inglês) que pertencem a locais sancionados do mundo, como a Coreia do Norte.
Na semana passada, um porta-voz da Coinbase havia dito ao Decrypt que a corretora está trabalhando com fornecedores que focam no monitoramento de riscos emergentes ao redor do mundo.
A publicação de Grewal também defendeu a tecnologia cripto na intensificação de iniciativas de cumprimento a sanções.
Segundo a Coinbase, “ativos digitais têm propriedades que naturalmente detêm abordagens comuns para a evasão de sanções”.
Essas propriedades alegadamente incluem a natureza pública dos blockchains, que “oferecem uma visibilidade inigualável aos detalhes de transações”.
A Coinbase também aproveitou para destacar a rastreabilidade de sistemas blockchain e o fato de que transações são permanentes e imutáveis quando são registradas em uma blockchain.
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“Além dessas vantagens técnicas, a adesão de ativos digitais ainda é nascente, tornando improvável o seu uso para amplas evasões fiscais – o tipo que priva sanções de seu impacto –, um fato recentemente notado por um especialista de segurança nacional.”
Criptomoedas podem ser usadas para prejudicar sanções?
Existem diversos motivos pelos quais criptomoedas podem ser usadas para evadir sanções econômicas – um risco que o Tesouro Americano explorou em um relatório publicado em outubro de 2021.
Um exemplo é ransomware (um tipo de software malicioso, criado para suspender um computador ou uma rede até o pagamento ser recebido, geralmente em bitcoin ou monero).
Crane Hassold, ex-agente do Departamento Federal de Investigações (ou FBI) e atual diretor de inteligência contra ameaças na Abnormal Security, contou ao Decrypt recentemente que criptomoedas são o “principal elemento” no atual ambiente de ransomware liderado pela Rússia.
“[Criptomoedas] basicamente autorizam que pagamentos de ransomware vistos anteriormente escalem para números que são bastante insanos.”
Segundo uma pesquisa da Chainalysis, quase ¾ da receita global de ransomware em 2021 foram de fontes provavelmente afiliadas à Rússia.
Pesquisas anteriores realizadas pela Organização das Nações Unidas (ou ONU) também descobriram que a Coreia do Norte financiou parcialmente seus programas nucleares e de mísseis balísticos usando criptomoedas.
Em seguida, existe a mineração de bitcoin, uma indústria da qual o presidente russo Vladimir Putin garantiu que o país possui uma “vantagem competitiva”.
Além disso, também existe o risco de que entidades e indivíduos sancionados recorram a corretoras cripto não reguladas, algo já feito por criminosos afiliados à Rússia no passado.
“Já vimos exemplos de serviços de corretoras de criptoativos que permitiram que criminosos russos lavassem altas quantias de dinheiro… Um era chamado SUEX”, disse David Carlisle, diretor de assuntos políticos e regulatórios na empresa de análise em blockchain Elliptic, durante uma videoconferência recente.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.