Quando Tom Brady subiu ao palco do evento Expert XP na capital paulista durante a noite de sábado (2), ele não estava sozinho. Ele foi acompanhado de uma espécie de “elefante na sala”, metaforicamente falando: as perdas de R$ 147 milhões que teve com a falência no ano passado da corretora de criptomoedas FTX.
Pois o elefante metafórico permaneceu por lá durante toda a cerca de uma hora em que o atleta – considerado o maior jogador de futebol americano de todos os tempos e ex-marido da supermodelo brasileira Gisele Bündchen – esteve no palco.
Durante esse hora, Brady respondeu a perguntas do CEO do banco XP, José Berenguer, e da apresentadora Glenda Kozlowski. Ele falou sobre lições de vida que aprendeu com o esporte, resiliência, motivação e a ligação desses temas com os negócios – mas não foi questionado ou citou uma única vez os problemas com a exchange, cujo criador Sam Bankman-Fried deve ser julgado nos EUA em outubro por fraude e uma série de outras acusações.
Em meio a conselhos do ex-atleta sobre gestão de negócios, o mais próximo que a palavra FTX esteve de aparecer no palco foi quando Brady foi perguntado sobre como lidava com as frustrações.
A reposta do ex-marido de Gisele Bündchen foi na linha da superação: “A vida não é perfeita, ela sempre vai trazer desafios. O que importa é quanto você trabalha para superar esses problemas”, disse ele, para logo em seguida completar: “Quando você falha em algo, seja nos negócios ou no esporte, isso te nocauteia ou te deixa motivado para dar a volta por cima? Essa é a escolha que você tem que fazer todo dia quando acorda”.
O elefante metafórico permaneceu em cima do palco até o final da apresentação, quando o ex-quarterback fez alguns lançamentos simulados de bolas de futebol americano para touchdowns não menos imaginários dos apresentadores.
Brady e Gisele têm prejuízos com a falência da FTX
Brady e Gisele, antes do divócio, ganharam papel de destaque na estratégia da FTX. Ele recebeu US$ 30 milhões para ser o embaixador da corretora. Ela embolsou US$ 18 milhões para fazer propaganda e chegou a aparecer em um painel em evento ao lado de Sam Bankman-Fried, criador da empresa. Os valores foram revelados em reportagem do The New York Times.
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A questão é que ambos foram pagos em ações da FTX e a empresa evaporou: em novembro do ano passado uma chuva de saques fez a corretora parar suas operações. Os papéis do ex-casal agora valem praticamente zero.
Os indícios apontam que companhia usava dinheiro dos clientes na Alameda Research, seu braço de investimentos, e agora a exchange está em recuperação judicial e sob controle de uma nova direção, que tem apontado erros e condutas criminosas de SBF e da antiga diretoria.
Segundo o jornal, o ex-casal não só não recebeu o dinheiro pela propaganda, como deve ter prejuízo: existem impostos para serem cobrados do bolo milionário, mesmo que ele nunca tenha chegado às contas das celebridades.
Celebridades no banco dos réus
Tom Brady e Gisele Bündchen também estão no meio de um grupo de várias celebridades que se tornaram rés em uma ação coletiva que busca responsabilizar as celebridades que fizeram propaganda da FTX. O caso está tramitando em um tribunal de Miami, na Flórida.
Além do ex-casal, são acusados o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal, o atual astro da NBA Stephen Curry, o comediante Larry David e a tenista Namori Osaka.
Conforme reportagem do The Washington Post, o caso é conduzido por David Boies, um dos mais notórios advogados dos Estados Unidos: foi responsável pela defesa do candidato Al Gore na disputa jurídica sobre a eleição de 2000 (vencida por Goerge W. Bush) e da empresária Elizabteh Holmes, condenada por fraude com a empresa Theranos.
As celebridades são acusadas de auxliaram a FTX na venda de valores mobiliários não registrados e induzirem pessoas a entrar em um esquema de pirâmide financeira.
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