O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou nesta sexta-feira (28) mais um pedido de habeas corpus feito por Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria e conhecido como “Faraó do Bitcoin”.
A decisão é do ministro Jorge Mussi, que destacou o que já foi dito por outros magistrados nas instâncias inferiores: Glaidson tem muitos recursos e grande possibilidade de fuga; mostrou-se violento e uma ameaça à sociedade; sua esposa, Mirelis Zarpa, foragida da Justiça, continua operando.
“Demonstrada a grande capacidade financeira do paciente [Glaidson], já contando com estrutura capaz de permitir que se estabeleça fora do Brasil; movimentações financeiras expressivas e constantes que podem ser replicadas através de simples acesso à rede mundial de computadores dificultando sobremaneira o rastreio e contenção; apreensão de significativo valor em espécie; reiteração próxima com movimentação de contas depois da deflagração das ações policiais; diálogos captados indiciando articulações para que o paciente deixasse o país e outros indicando ordens suas a agentes de segurança particular para que adotassem ação violenta em face de profissionais da mídia em geral, tem-se um contexto onde medidas cautelares alternativas se mostrariam, a princípio, insuficientes para estancar o risco à Ordem Pública e à Aplicação da Lei Penal”, afirma Mussi.
O ministro ressalta que cabe a outras instâncias julgar o mérito do caso (se Glaidson é culpado ou não), mas que no momento sua prisão é necessária.
Sinalização para a Justiça
Reportagem do jornal O Globo publicada na quinta-feira (27) informa que o advogado Ciro Chagas confirmou que a defesa da GAS Consultoria apresentou à juíza Rosália Figueira, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, um plano para pagar as vítimas da pirâmide.
Não foram revelados detalhes do plano: quantas pessoas irão receber, qual o valor total, como será o pagamento. Os advogados apenas disseram que há dinheiro suficiente para os pagamentos.
Chagas é o advogado da venezuelana Mirelis Zerpa, esposa de Glaidson Acácio dos Santos, que ficou famoso como o Faraó do Bitcoin.
A reportagem d’O Globo aponta que a defesa deve buscar um acordo de leniência: trata-se de uma ferramenta jurídica na qual um acusado coopera com a Justiça em troca de algum benefício (diminuição da pena e prisão domiciliar, por exemplo).
Este tipo de acordo foi muito utilizado na Operação “Lava Jato”.
O jornal conversou com alguns investigadores do caso – que pediram anonimato – e eles se disseram surpresos e incrédulos: acreditam ser só mais um meio de colocar pressão pela soltura de Glaidson.
Caso GAS Consultoria
Glaidson é suspeito de pirâmide financeira com criptomoedas e réu em processo que apura crimes contra o sistema financeiro nacional. Está preso desde agosto e agora também é acusado de encomendar um homicídio.
A Polícia Federal, a CVM e o Ministério Público, juntaram documentos apreendidos na operação Kryptos e a Justiça o tornou réu, juntamente com mais 16 acusados. Sua esposa Mirelis Zarpa, provável cabeça do negócio que prometia 10% de rendimentos ao mês, ainda está foragida.
Na ocasião da prisão de Glaidson e demais suspeitos, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, avaliados na cotação atual em cerca de R$ 195 milhões, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.
Tentativa de homicídio
A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou em outubro do ano passado o indiciamento de Glaidson Acácio dos Santos por tentativa de homicídio. O dono da GAS Consultoria, também conhecido como Faraó do Bitcoin, é suspeito de encomendar o assassinato de Nilson Alves da Silva em março deste ano.
Conforme aponta reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Nilson estaria espalhando pela cidade de Cabo Frio (RJ) que o dono da GAS seria preso e isso motivou a encomenda de seu assassinato por Glaidson.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro também acusa Glaidson de ter encomendado a morte de Wesley Pessano, que foi encontrado morto a tiros em 4 de agosto do ano passado em São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos.