Parte dos 555 bitcoins (R$ 48,3 milhões) roubados em 2020 de um empresário alemão em Anápolis (GO), foram parar em uma carteira do sócio da pirâmide financeira Valour Invest, o trader Edgar Acioli. As informações, divulgados no Fantástico no domingo (25), pioram a situação de Acioli, que já é acusado de intermediar um assassinato em 2019.
O Fantástico exibiu as imagens do dia do crime contra o empresário alemão, quando ele e sua esposa tiveram a casa invadida. De acordo com a reportagem, as vítimas pediram para não serem identificadas.
A ação durou poucos minutos, mas foi tempo suficiente para levar o casal e seus computadores para um lugar ermo há cerca de 20 minutos da residência. “Ele me disse:’ se fizer algo errado e se não digitar os códigos corretos, vou matá-lo na hora’”, disse a vítima ao Fantástico.
Quatro horas mais tarde, depois do empresário transferir os 555 bitcoins, eles foram libertados.
Para a polícia, a pessoa por trás do sequestro e roubo parecia conhecer o empresário, pois eles sabiam, por exemplo, a quantidade de BTC que a vítima possuía. “Se tratavam de pessoas que já tinham tido um relacionamento com essa vítima”, relatou o delegado de Jorge Bezerra.
As investigações mostraram que o bitcoin roubado foi transferido para duas carteiras e depois redistribuído para outras. Uma das carteiras mencionadas pertence a Acioli e outra aos sequestradores.
Segundo a reportagem, Acioli chegou a movimentar bitcoins para a vítima e, portanto, poderia estar a par do quanto ela possuía.
“Como foi um familiar nosso que o apresentou não fiz nenhuma pesquisa; amigos convidam amigos. Ele foi apresentado a nós como um grande trader”, disse o alemão. “Mas a única coisa que ele queria saber era quantas criptomoedas eu possuía”, ressaltou.
A polícia trabalha com dois núcleos de investigação: um em São Paulo e outro em Goiás. Em nota ao programa, a defesa de Edgar Acioli disse que desconhece os fatos e que vai se manifestar depois da conclusão do inquérito.
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Advogado assassinado
Edgar Acioli foi preso dois meses depois do assassinato do advogado Francisco de Assis Henrique em junho de 2019 em um posto de combustíveis no centro de São Paulo por conta de uma dívida de R$ 2,5 milhões. O crime repercutiu nos grandes jornais na época.
De acordo com o relatório da polícia, William Gonçalves Amaral e Danilo Afonso Pechin teriam contratado por R$ 500 mil Anderson da Silva Soares e Carlos Eduardo Fontes para executar o advogado, o credor.
A intermediação teria sido feita por Wilson Decaria Junior e Edgar Acioli, então donos da empresa de criptomoedas Valour Invest.
Conforme foi gravado por câmeras de segurança, os suspeitos fizeram diversos disparos dentro de um carro em um posto de gasolina, atearam fogo no carro e fugiram em seguida.
Em novembro daquele ano, Fontes foi preso no Paraguai, após ser reconhecido por autoridades em um shopping na Cidade do Leste. O caso foi enviado ao Fórum Criminal da Barra Funda (SP).
Valor Invest
A Valour Invest é uma empresa suspeita de pirâmide financeira que dizia fazer trade de criptomoedas para pagar um retorno entre 10% e 13% ao mês no valor aportado no grupo. Esse rendimento havia abaixado para 6% em 2019. No entanto, os clientes começaram a reclamar da falta de repasse.
Após questionamento sobre a falta de pagamento, os diretores da Valour Invest alegaram ter sofrido bloqueio da Bitfinex, dizendo que a corretora congelou todos os fundos. Os responsáveis pela empresa ameaçavam os clientes, dizendo que quem entrasse na justiça, correria o risco de não receber. Em fevereiro de 2020, a Justiça de São Paulo mandou bloquear as contas da empresa.
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