Promessas não cumpridas, calotes em investidores, planos de uma nova empresa no exterior e até chacota sobre as suspeitas de ser uma pirâmide financeira. A Midas Trend, que tem Deivanir Santos como criador, vem cumprindo à risca o roteiro dos esquemas fraudulentos que entram em colapso.
Outro elemento comum a esses negócios e seus chefes é a mudança de discurso em um curto espaço de tempo. E esse fato também é notado com facilidade na trajetória da Midas e de seu criador.
Em agosto de 2019, em um vídeo preparado por líderes da Midas Trend, Deivanir mostrava entusiasmo com os resultados da empresa.
“Sou surpreendido todos os dias com os resultados da Midas. Em um dia chegaram a entrar 1.200 clientes. Estamos prontos para 100 mil clientes”, dizia.
“Você entende a longevidade de um negócio quando a aceitação e o uso do produto é continuo e visível”, completou.
No mesmo vídeo, endossando o discurso entusiasta, ele afirmou que somente duas coisas poderiam parar a empresa.
“Só Deus. Contra Ele nada há, em primeiro lugar. Em segundo lugar, eu, como presidente da empresa”, ironizou o CEO da Midas.
‘Deus Mercado’?
Bastaram poucos meses, no entanto, para a Midas sucumbir, sem a necessidade de intervenção divina.
Desde outubro de 2019 a empresa vinha retendo saques dos clientes. Na época, Deivanir havia culpado a empresa Urpay pelos atrasos. Além disso, também ameaçava os clientes que reclamavam. Ele dizia que os prejudicados seriam eles mesmos caso a Midas parasse de pagar.
Os problemas só pioraram desde então. Para tentar amenizar o caos, Santos fazia novas lives e promessas a cada nova semana.
Na última live de 2019, o presidente disse que todos os clientes iriam receber até 31 de dezembro. Com a promessa quebrada novamente, Santos voltou a vender seu robô de arbitragem já na semana seguinte para continuar levantando dinheiro.
Em 13 de janeiro, veio o golpe final na Midas Trend. Deivanir anunciou que a empresa encerrará as atividades no Brasil. Também disse que os pagamentos continuariam retidos por pelo menos mais 90 dias.
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Para o CEO da Midas Trend, os culpados pelo fim da empresa no Brasil são o mercado e a falta de uma regulamentação do setor cripto no país.
“O nosso setor não tem regulamentação no Brasil. Os bancos estão boicotando a Midas Trend”, disse ele na última live, realizada em 13 de janeiro.
Midas Trend, o fracasso do retorno
Segundo outro elemento clássico de esquemas fraudulentos que colapsam, Deivanir enfatizou durante a live de 13 de janeiro os planos para a criação da “Midas Internacional”.
“Estamos estudando o país em que nós vamos sediar a nossa empresa e nossa exchange, para de lá poder pagar os clientes do Brasil e do mundo inteiro”, disse o presidente.
No vídeo de agosto, no entanto, o CEO da empresa já citava a existência de uma sede da Midas no Paraguai.
Aos clientes que viraram de 2019 para 2020 com dinheiro preso na Midas, o CEO ofereceu duas saídas típicas de anos passados.
A primeira é continuar investindo na empresa enquanto ela se recupera. O novo prazo dado é de 90 dias.
A segunda opção é o cancelamento do plano com a empresa. Nessa caso, porém, não é dado prazo. Deivanir cita um suposto limite determinado pelas exchanges brasileiras de 0,2 BTC por dia para saque, que não foi confirmado pelo Portal do Bitcoin.
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