Fundador da FTX, Sam Bankman-Fried (SBF) negou ter cometido fraude na exchange durante seu depoimento como testemunha de defesa na manhã desta sexta-feira (27) no Tribunal Federal de Nova York. Ele também enfatizou seus esforços para transformar a empresa em um negócio de sucesso, mas reconheceu que cometeu erros.
Segundo o jornal The New York Times, SBF teria citado “descuidos significativos” que prejudicaram os clientes da FTX, durante uma audiência de mais de duas horas. Ele disse que cometeu “uma série de pequenos erros e uma outra de erros maiores”, ressalta a publicação.
“A FTX deveria fazer avançar o ecossistema [cripto] mas aconteceu o oposto disso”, disse SBF ao tribunal lotado – segundo o jornal, demonstrando pouca emoção. Sobre erros cometidos, quando questionado se a FTX tinha um departamento de gestão de risco, ele disse: “Claro que deveríamos ter, mas não, não tínhamos”.
Sua decisão de testemunhar foi um risco enorme, comenta o jornal. Isso porque os advogados geralmente aconselham os réus a não tomar posição, para que os promotores não tenham a chance de pegá-los em contradições. Contudo, SBF deu à defesa uma oportunidade de contar a sua versão da história, explica.
Mas Sam só resolveu testemunhar porque viu que as testemunhas já ouvidas pela Justiça trouxeram testemunhos prejudiciais a ele, o que a publicação descreve como “obstáculos significativos” para empresário.
Em resumo, “ele não teve outra escolha senão fazer uma tentativa remota de mudar o curso do julgamento”, comenta o jornal, ressaltando que parte da estratégia foi focar em sua biografia — desde sua criação em Palo Alto, na Califórnia, até sua graduação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Sam Bankman-Fried falou sobre as operações da FTX
Sam Bankman-Fried falou também sobre as operações da FTX e como via os privilégios que a Alameda Research, braço de investimentos da empresa.
Segundo publicação do site The Block, em algum momento a equipe da FTX percebeu que o algoritmo que liquidava automaticamente posições underwater alavancadas poderia ficar descontrolado devido ao atraso na função de atualização do saldo da conta.
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Isso, descreve o site, poderia desencadear liquidações “errôneas” em cascata de posições que deveriam estar bem, incluindo as da Alameda.
Como a Alameda era o principal formador de mercado na FTX, essas liquidações por engano poderiam destruir suas posições e, como resultado, deixar a carteira de pedidos da exchange destruída, segundo SBF, “de modo que os usuários não teriam uma contraparte com quem negociar e o algoritmo de precificação mostraria números inadequados”.
“Se houvesse liquidações equivocadas da Alameda, isso teria consequências desastrosas para os usuários”, acrescentou, recorrendo em seguida aos seus principais executivos, Gary Wang e Nishad Singh, que testemunharam neste caso anteriormente.
Em suas próprias palavras, relata o The Block, Bankman-Fried disse a Wang e Singh que a FTX precisa ter alguns mecanismos em vigor para evitar liquidações errôneas, como um alerta ao usuário afetado ou um atraso na liquidação.
Depois disso, continua a publicação, Wang e Singh disseram ao chefe que implementaram algum recurso para corrigir o problema. Bankman-Fried afirma que na época não sabia exatamente o que era.
Só agora, disse ele, depois de ouvir todos os depoimentos, percebeu que estava essencialmente permitindo que a Alameda fizesse pedidos sem garantias e ficasse com saldo negativo sem que suas posições fossem liquidadas, finaliza.
Julgamento do Sam Bankman-Fried
Promotores federais dos EUA acusam Sam Bankman-Fried de ser o mentor de uma das fraudes financeiras mais significativas da história do país.
Ele, que já foi celebrado como um bilionário das criptomoedas, é acusado de ter cometido fraude eletrônica, fraude em valores mobiliários e lavagem de dinheiro enquanto era CEO da FTX.
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