Nesta terça-feira (17), a Robinhood se aprofunda ainda mais no mundo das criptomoedas ao anunciar está desenvolvendo uma carteira individual de autocustodia que dará aos clientes controle total sobre seus criptoativos.
Neste momento, a empresa está no processo de apresentar carteiras a milhões de usuários, mas essas carteiras — chamadas de “carteiras custodiais” — são gerenciadas pelo backend da Robinhood.
A diferença do novo produto é que será parecido com produtos focados em Web 3, como MetaMask e Coinbase Wallet, que dá aos usuários controle total, mas também exige que gerenciem suas próprias chaves privadas (senhas que desbloqueiam o acesso à sua reserva cripto).
Segundo a empresa, a futura carteira permitirá que usuários “negociem e convertam cripto sem taxas de rede”, acessem serviços de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês) e armazenem tokens não fungíveis (ou NFTs).
Taxa zero
Em entrevista ao Decrypt, Johann Kerbrat, diretor de tecnologia da Robinhood, afirmou que a nova carteira visa replicar o modelo de taxa zero que popularizou a empresa.
“Falamos com muitas pessoas [que disseram]: ‘Você começa com uma determinada quantia de dinheiro e, quando você obtém o NFT ou o ativo que você deseja, você fica com 50% de dinheiro a menos por conta das taxas de transação’”, disse Kerbrat, explicando que a Robinhood deseja reformular a experiência com carteiras.
Ainda não se sabe como a Robinhood irá conseguir isso dado que, no caso da blockchain Ethereum especialmente, usuários geralmente pagam taxas significativas — às vezes, de US$ 100 em momentos de alto congestionamento — para garantir que sua transação seja processada.
Segundo Kerbrat, parte da solução da Robinhood inclui associações “parceiros de liquidez para obter o melhor preço”, mas não deu mais detalhes.
Sobre a possibilidade de o plano de taxa zero da Robinhood depender da futura migração do Ethereum para uma rede proof of stake (ou PoS) — em que taxas serão bem menores —, um porta-voz da empresa respondeu: “Existem múltiplas soluções para atingir esse objetivo e estamos empolgados para mostrar a todos como iremos fazer isso”.
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Em relação à carteira em si, Kerbrat também mencionou que o design e uma interface mais simples — os tradicionais pontos fortes da Robinhood — serão um grande da Robinhood — serão um grande foco à medida que a empresa desenvolve a nova carteira.
Ele acrescentou que a Robinhood está trabalhando para garantir que existam “proteções” para novos usuários que têm mais risco de perder seus fundos devido à falta de familiaridade ao armazenar chaves privadas e outros elementos de uso na Web 3.
Tais recursos de design podem ajudar a Robinhood a se destacar próxima à MetaMask, que é amplamente usada, mas cuja interface é considerada, por muitos, como complicada.
Atraso
A Robinhood afirma que planeja apresentar versões beta da carteira nos próximos meses, com o objetivo de torná-la disponível até o fim do ano.
Porém, a empresa, cujo principal produto são ações, está atrasada para a festa cripto e pode ter dificuldade em competir no longo prazo com populares participantes, como a Coinbase.
Esse é exatamente o caso, dado que a Robinhood teve problemas financeiros em 2021 e, recentemente, demitiu 9% de seus funcionários — uma situação que coincidiu com a queda na febre de negociação das ações de meme liderada pela GameStop, que impulsionaram a empresa ao longo da pandemia.
Enquanto isso, a empresa também está perdendo grandes nomes, incluindo diversos membros de sua equipe de comunicações e Christine Brown, sua CEO cripto.
No entanto, existe um curinga que pode ajudar a moldar o futuro da Robinhood: Sam Bankman-Fried (ou SBF), bilionário e celebridade cripto, que recentemente adquiriu uma participação de 8% na empresa. Se SBF decidir adquirir uma aquisição completa ou usar sua participação atual para exercer uma alavancagem, as perspectivas da Robinhood podem mudar significativamente.
Enquanto isso, Kerbrat afirma que a empresa está a todo vapor com sua futura visão baseada em cripto. “Muitas pessoas estão fora da Web 3 por conta do custo”, explicou. “[Mas] a Web 3 está aqui para ficar e estamos desenvolvendo para o longo prazo. É uma aposta no futuro.”
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.