tela mostra moeda de bitcoin em meio a chuva de dados a la matrix
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Nos últimos anos, bilhões de dólares foram roubados em ataques a protocolos de criptomoedas, especialmente os que rodam na rede Ethereum na modalidade finanças descentralizadas (DeFi).

De acordo com a empresa de inteligência de blockchain TRM Labs, mais de US$ 2,2 bilhões foram roubados em hacks de criptomoedas somente em 2024; em 2023 foram US$ 1,8 bilhão e 2022, US$ 20 bilhões. Casos como o hacks milionários da Ronin e da Wormhole demonstram como a complexidade pode gerar brechas exploráveis.

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Em fevereiro deste ano, apesar de não ter sido vulnerabilidade de protocolo, vale lembrar que a Bybit perdeu US$ 1,4 bilhão no maior hack da história das criptomoedas, provavelmente por hackers que também miram redes blockchain. Mas nesse caso, a exchange Bybit também revelou como a assinatura cega de transações na rede Ethereum pode ser manipulada.

Enquanto isso, a rede do Bitcoin permanece impenetrável há 16 anos — desde sua criação — e continua sendo o protocolo de criptomoedas mais seguro do mundo. Mas, afinal, o que torna o Bitcoin uma rede tão resistente a hacks?

A rede do Bitcoin — simplicidade é amiga da segurança

Vamos relembrar como e para que o Bitcoin foi projetado, de acordo com seu criador, o pseudônimo Satoshi Nakamoto.

Diferente de outras blockchains, que adicionaram funcionalidades complexas como contratos inteligentes avançados e DeFi, o Bitcoin mantém sua estrutura quase enxuta. E essa simplicidade é que pode ter contribuído até hoje com sua segurança, de acordo com Bruno Garcia, colaborador do Bitcoin Core, que falou ao Portal do Bitcoin:

“Quanto mais complexidade no protocolo, mais suscetível a vulnerabilidades. A simplicidade é amiga da segurança. Por isso é muito difícil ter uma mudança radical no Bitcoin”.

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Vetores de ataque

Sobre os principais vetores de ataque, Garcia aponta algoritmos de consenso e ataques de negação de serviço. “O Proof of Work [Prova de Trabalho] sólido e a simplicidade do protocolo do Bitcoin resolvem esses problemas. Ao invés de se preocupar em ter um milhão de features, o Bitcoin se preocupa em ser sólido, seguro e confiável”, ressaltou.

Vale lembrar que no consenso de Prova de Trabalho (PoW) a mineração exige alto poder computacional para validar transações, tornando ataques economicamente inviáveis.

Mas e a Lightning Network (LN), uma rede de segunda camada do Bitcoin?

A reportagem perguntou ao especialista se ela introduz alguma vulnerabilidade à rede. Segundo ele, nenhuma vulnerabilidade na LN afetaria o protocolo do BTC em si.

“A LN é construída em cima do protocolo do Bitcoin, uma segunda camada. Aliás, segunda camada é uma forma de termos novas features no Bitcoin sem precisar mexer no protocolo base a ponto de afetar sua segurança”, explicou.

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Na visão do especialistas, epísodios de hacks como o caso da Bybit nos mostram a importância da autocustódia. “Se você não tem suas chaves, você não é dono de suas moedas. Simples”, enfatizou.

Garcia descartou a hipótese de o Bitcoin, por ser mais seguro, perder competitividade em relação a redes que oferecem mais funcionalidades. Segundo ele, “essas ‘funcionalidades’ são, em geral, inúteis e, quando úteis, acabam sendo ou já são adotadas em segundas camadas do BTC”.

E quanto ao ataque de 51%?

Um ataque de 51% ocorre quando um grupo controla mais da metade da capacidade de processamento de uma rede blockchain, permitindo manipular transações e fazer gastos duplos de criptomoedas. Isso não viola as regras da rede, mas explora sua lógica. O alvo mais comum são criptomoedas menores e tokens recém-lançados (ICOs), por terem menos segurança e mineradores. Embora o custo para realizar o ataque possa ser alto, os lucros potenciais são ainda maiores. 

De acordo com Garcia, um ataque de 51% ao Bitcoin é “improvável, mas não impossível”. Ele reconhece que a mineração da rede é um pouco centralizada, mas destaca que esse tipo de ataque é extremamente improvável — principalmente por conta da Teoria dos Jogos e da complexidade envolvida em alcançar e manter esse domínio de 51%.

“No nível e na relevância atual do Bitcoin, os mineradores têm mais a ganhar sendo honestos do que sendo desonestos. A  gente vê muito ataque desse [51%] em outras criptomoedas shitcoins, onde fazer o ataque acaba sendo mais vantajoso porque simplesmente essa rede vai desaparecer e não vai valer mais nada. Então, às vezes acontecem esses ataques, os atacantes vendem as moedas no hype e basicamente acabam com a rede e com a confiança. Mas atacar o Bitcoin é realmente muito improvável”.

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Questionado sobre o custo de um ataque desse tipo, Garcia afirmou que é difícil estimar, já que a mensuração é complexa, mas o valor seria extremamente alto.

O Portal do Bitcoin constatou que alguns sites como o Crypto51 estimam esses custos. No caso do Bitcoin, por exemplo, apenas uma hora de ataque custaria teoricamente cerca de US$ 1,6 milhão; e hackear toda a rede logo custariam muitos bilhões aos exploradores.

(Fonte: crypto51)

Descentralização extrema

Em resumo, a descentralização da rede do Bitcoin é extrema: Nenhuma entidade controla o Bitcoin, eliminando pontos únicos de falha. As chaves privadas e assinaturas também são simples: diferente do Ethereum, onde scripts complexos podem levar a assinaturas cegas. No Bitcoin tudo pode ser verificado diretamente pelo usuário.

O Bitcoin prova então que, em tecnologia financeira, menos pode ser mais. Sua abordagem conservadora mantém os fundos dos usuários protegidos e reafirma sua posição como a rede blockchain mais segura do mundo. Enquanto outras redes enfrentam desafios com segurança, o Bitcoin segue firme como a base confiável sobre a qual o futuro financeiro descentralizado pode ser construído.

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