Imagem da matéria: Mercado Bitcoin e Tropix lançam NFTs de impacto que beneficiam causa indígena no Brasil
Cosmovisão Tupinambá da Amazônia: Moara Tupinambá, colagem digital colaborativa feita por Vandria Borari, Nivia Borari e Milena Tupi

O Mercado Bitcoin, maior exchange de criptoativos da América Latina, e a Tropix, plataforma de criptoarte, lançam nesta quarta-feira (26) uma iniciativa inédita: NFTs de Impacto que serão leiloadas e terão até 95,5% dos ganhos revertidos ao Projeto de Gestão e Vigilância Territorial do Povo Indígena Paiter Suruí de Rondônia.

A iniciativa é um projeto pioneiro de governança territorial liderado pelo povo Paiter Suruí, com o objetivo de proteger, de forma autônoma, a comunidade Sete de Setembro, localizada entre os Estados de Rondônia e Mato Grosso.

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A região se encontra ameaçada por invasões, extração ilegal de madeira e desmatamento para pastagens e agricultura. A luta do Povo Paiter Suruí em defesa de seus territórios tem ganhado notoriedade internacional a partir da atuação de lideranças como o Cacique Almir Suruí e Walelasoetxeige Suruí (Txai Suruí), incluindo sua participação na última COP26.

A meta da iniciativa é conservar uma área de 13 mil hectares de floresta e evitar a emissão de cerca de 7 milhões de toneladas de CO2 até 2038. Para isso, 30 monitores percorrem o território Paiter Suruí, utilizando GPS e equipamentos fotográficos e alertam as autoridades de quaisquer irregularidades e invasões.

Parte dos valores da venda das NFTs serão utilizados para a manutenção desse contingente, para a compra de veículos e instrumentos necessários ao monitoramento.

Segundo o Cacique Almir Suruí, “este projeto com os parceiros Mercado Bitcoin e Tropix é muito importante para o povo Paiter Suruí e para a Associação Metareilá como associação implementadora porque vai ajudar a continuarmos protegendo e preservando nosso território, nossa cultura, e assim contribuir com o meio ambiente, sendo reconhecidos em nível nacional e internacional na sua importância para o equilíbrio climático, econômico. Usando instrumentos tecnológicos disponibilizados pelos nossos parceiros, podemos mostrar que esse tipo de solidariedade é muito importante para o fortalecimento de uma cultura e da autonomia de um povo”.

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“A blockchain vem revelando valor em aproximar pessoas a objetivos. Nesse sentido, nosso primeiro passo na oferta de NFTs em nossa plataforma está conectado à ESG. Criamos um ecossistema de atores engajados nesse propósito, facilitando o acesso dos apoiadores e permitindo que projetos como esse, da causa indígena, recebam o investimento que lhe é tão importante e urgente”, afirma Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin.

NFT carbono positivo e democratização do acesso à arte

O Mercado Bitcoin foi a primeira exchange do planeta a compensar toda sua emissão de gases poluentes desde a sua fundação em 2013 por meio da compra de créditos de carbono. Esse projeto tem auditoria e certificação da Green Domus Desenvolvimento Sustentável.

“Estamos felizes em poder ajudar uma causa tão nobre. Entendemos que a NFT por um lado é tecnologia, pelo outro é comunidade. Nós compensamos a emissão de gases da mintagem das ETFs com a compra de créditos de carbono, por isso, são consideradas carbono zero.  E estamos, junto com o Mercado Bitcoin, buscando maneiras mais avançadas de compensar nosso impacto”, comenta Daniel Peres Chor, Fundador & CEO da Tropix.

As NFTs ainda promovem a democratização do acesso à cultura e a sensibilização de públicos mais jovens ao universo da arte, em uma linguagem que eles se identificam que é o ambiente digital. 

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O projeto NFTs de Impacto inova ainda ao priorizar a introdução de artistas racializados no ambiente NFT, trazendo possibilidades para a comercialização de suas obras sem depender dos intermediários tradicionais existentes no mundo da arte.

Outro avanço importante é que são os próprios projetos socioambientais beneficiados pela iniciativa que definem quais demandas de financiamento o projeto irá beneficiar, promovendo assim o protagonismo destas comunidades nas atuações de seus territórios.

O projeto está sendo assessorado pela empresa Nossa Terra Firme, consultoria estratégica especializada em projetos ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) voltados para a realidade de países em desenvolvimento.

“Estamos apostando na possibilidade do mercado de NFTs se converter em uma oportunidade de renovação para o financiamento filantrópico e de impacto no Brasil. A compra de NFTs de Impacto, além de seu inegável valor artístico, é também um caminho importante para que o setor cripto realize seu potencial de impacto ESG”, diz Iara Vicente, CEO da Nossa Terra Firme.

Os clientes do Mercado Bitcoin interessados poderão dar seus lances para adquirir obras de artistas como Paula Klien, Denilson Baniwa, Moara Tupinambá, Walelasoepilemãn Suruí, Renata Tupinambá, Marcos Vinícius Rego Barbosa, Sallisa Rosa e Nelson Porto. O leilão acontecerá entre os dias 26 de janeiro e 15 de fevereiro. Serão 12 obras com valores mínimos que vão de R$ 100 a R$ 5 mil a depender da obra.

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De olho no futuro das NFTs

A 2TM vem realizando investimentos importantes em NFTs. Antes de investir na Tropix, em outubro de 2021, a holding já havia fechado uma parceria com a empresa em agosto. Com o acordo, o Mercado Bitcoin passou a poder ofertar NFTs para os seus clientes.

Também no ano passado, a 2TM fez outros investimentos neste segmento: na Fingerprints, que faz curadoria de arte digital em blockchain; e na Block4, uma plataforma de colecionáveis digitais que trabalha com produtores de conteúdo do mundo do entretenimento, como esportes, música e influenciadores.

Segundo o executivo do Mercado Bitcoin, o mundo dos NFTs é muito promissor, e disponibilizar uma plataforma que inclua artes e causas sociais é um dos projetos mais aguardados pela empresa.

“O marketplace funciona como uma galeria online de arte da qual as pessoas podem participar por meio de leilões e ofertas. Dessa forma, proporcionamos um mercado mais acessível para quem deseja conhecer mais sobre o investimento em artes digitais. A gente vai conduzindo as pessoas para que elas não se percam nessa estrada”, explica Rabelo.

O que são os NFTs?

Os NFTs são tokens não fungíveis (non fungible tokens, na sigla em inglês), assim definidos porque são peças únicas; cada um deles tem um endereço diferente na blockchain. Fungível é qualquer bem que pode ser substituído por outro com as mesmas características. NFT é algo único e autêntico. O segmento passa por uma explosão no Brasil e no mundo, com várias personalidades e grandes empresas apostando nele.

Sobre os artistas e as obras:

Denilson Baniwa: Nascido em Mariuá, Rio Negro, Amazonas, sua trajetória como artista inicia-se nas referências culturais de seu povo já na infância. Na juventude, começou a luta pelos direitos dos povos indígenas e transitou pelo universo não indígena apreendendo referenciais que fortaleceram o palco dessa resistência.

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É um artista antropófago, pois se apropria de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Em sua trajetória contemporânea, consolida-se como referência, rompendo paradigmas e abrindo caminhos para o protagonismo dos indígenas no território nacional.

Protetores da Floresta (Série com 7 desenhos)
Protetores da Floresta — Peixe Mandy (Série com 7 desenhos)

A comida dos indígenas da Amazônia tem a selva como um grande “supermercado natural”, onde tudo se junta para a existência de vida. O peixe é uma das principais proteínas que mantêm os corpos indígenas energizados para viver suas culturas e identidades. Águas protegidas são essenciais para que a vida continue na floresta.

Embora haja contaminação natural por mercúrio no Rio Negro, o mesmo não ocorre em outros rios amazônicos. Quando a contaminação de peixes por metais pesados como mercúrio, cobre, arsênio, chumbo e selênio são decorrentes da ação humana. Garimpos, lixões irregulares, lixões de fábricas ou do agronegócio correm pelos rios, passam por peixes e vão parar no estômago de milhares de indígenas.

Esse envenenamento está atingindo níveis cada vez mais alarmantes e, se não fizermos nada, chegaremos a um caminho sem volta. Segundo estudos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), cerca de 27 espécies de peixes mais consumidas pelas populações amazônicas estão contaminadas, e entre as doenças causadas pela ingestão desses peixes estão câncer, problemas neurológicos, disfunções intestinais, perda de visão e morte.

Peixes predadores como tucunaré, bagres, traíras e piranhas são contaminados com mercúrio em níveis acima do limite de 0,5 partes por milhão, ou 20 vezes mais do que os aceitáveis para o consumo humano. Embora urgentes, alguns estudos só agora estão sendo realizados e as soluções propostas continuam mal delineadas.

Ao contrário da Guiana Francesa, que proibiu o uso de mercúrio em 2006, o Brasil parece encorajar a mineração ilegal e o uso de mercúrio só está aumentando. Assim, os peixes dos rios que alimentam as populações do Pará, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre estão cada vez mais sob risco de intoxicação.

Este trabalho é uma chamada para refletir sobre como os povos indígenas estão protegidos em suas comunidades e terras demarcadas se não se trabalha para proteger todo o bioma e se proíbe os garimpos e a exploração ilegal de minerais e agrotóxicos no país.

A pergunta que devemos nos fazer é “o que comemos comida ou veneno?”. Inclusive os que não são indígenas, já que muitos peixes amazônicos chegam à mesa dos não indígenas e os alimentos contaminados com agrotóxicos chegam às grandes cidades brasileiras.

Paula Klien: A artista plástica é uma das pioneiras na arte contemporânea no Brasil e no uso do NFT. Inspirada na filosofia oriental milenar, a artista utiliza água e nanquim para pintar papéis e telas de grandes dimensões. Também atua em fotografia e digigrafia.

Seu trabalho já foi exposto de forma relevante diversas vezes no Brasil e no exterior. Em Berlim, além da individual e das coletivas na galeria que a representa na cidade, participou das principais feiras de arte contemporânea e de uma mostra no Deutsche Bank. Expôs também em Nova York, Buenos Aires, em Londres, na Saatchi Gallery, e na Itália, em Bienais.

No Brasil, duas de suas exposições individuais contaram com curadorias de ponta. “Extremos Líquidos” teve assinatura de Marcus de Lontra Costa, e “Fluvius”, de Denise Mattar. A exposição “Fluvius” contou com mais de cinquenta pinturas inéditas da artista, além das digigrafias, instalações e vídeo performance, rendendo recorde de público ao Centro Cultural Correios.

Além disso, expôs em importantes coletivas nacionais e nas maiores Feiras de Arte Contemporânea do País, como a SP-Arte, SP-Foto e a ArtRio. Obras de Paula Klien integram o acervo de dois importantes museus: o MON (Museu Oscar Niemeyer) abriga “O último retrato de Oscar Niemeyer”, e o MACS (Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba), “ZigZag” e “Para onde você for eu vou”.

Enquanto fotografa, a artista participou de laboratório com Steve McCurry, realizou campanhas e editoriais de moda, produziu quatro importantes exposições solo de caráter conceitual e publicou dois livros de retratos, intitulados “Pessoas Me Interessam” e “It’s Raining Men”. Fotografou muitos modelos e personalidades no Brasil e no exterior. É dela o último retrato de Oscar Niemeyer, em seu quarto, aos 104 anos. É representada pela Metaverse Agency.

Error (vídeo)

Suponhamos que tudo seja uma simulação, um jogo, um experimento, uma farsa. Imaginemos que alguém esteja enganando nossos sentidos, que sejamos acertos, que sejamos erros. Suspeitamos que o espaço em nosso universo seja uma propriedade abstrata escrita em código e, partamos da hipótese de que a luz e sua velocidade máxima seja a caixa que vivemos cegamente para o propósito de alguém.

Imaginemos que somos algoritmos gerando qualia outputs e que, impotentes, não controlamos nada. Enquanto isso, o rio flui na linguagem da água. Caminho.

Moara Tupinambá: Artista e ativista das causas indígenas, natural de Mairi (Belém do Pará). Sua ancestralidade tupinambá origina-se da região do baixo Tapajós (Vila de Boim e Cucurunã). Atualmente, faz parte do coletivo de mulheres artistas paraense MAR, Nacional Trovoa, sócia do Colabirinto e vice-presidente da associação multiétnica Wyka Kwara.

Radicada em Campinas, é artista multiplataforma e utiliza: desenho, pintura, colagens, instalações, vídeo-entrevistas, fotografias e literatura. Sua poética percorre cartografias da memória, identidade, ancestralidade, resistência indígena e pensamento anticolonial.

Em 2022 foi selecionada para a residência “Pivô Pesquisa” com o projeto “Museu da silva para Museu de cucurunã”. Fez parte da residência de artistas do MAM RIO 2021. Foi finalista ao Prêmio Sim de Igualdade Racial, na categoria Arte em Movimento. Recentemente participou de exposição individual na Áustria, em Kunstraum Innsbruck com a exposição “Ressurgences of Amazon, junto com Emerson Uyra.

Em 2020 foi selecionada com o projeto “Museu da Silva” para a 30 edição do Programa de Exposições CCSP. Participou, com Janaú, da Bienal “Nirin” em Sidney (curador Brook Andrew) com o vídeo da Marcha das Mulheres Indígenas (2019); do Seminário de Histórias Indígenas do MASP (2019); da Exposição “Agosto indígena” (2019) — São Paulo; da Teko Porã, na exp.coletiva “Re-antropofagia” com curadoria de Denilson Baniwa e Pedro Gradella em Niterói — Centro de Artes da UFF (2019).

Foi indicada ao Prêmio de Arte e Educação da Revista Select, em 2018, pelo projeto II Bienal do Ouvidor 63, ocorrido na maior ocupação artística de São Paulo. Recentemente lançou o seu livro “O sonho da Buya-wasú”, da editora Miolo Mole.

Cosmovisão Tupinambá da Amazônia (colagem digital)
 Barbara Parawara (colagem digital)

Colagem digital da série Mirasawá, 2020. Esta série trata-se de uma produção de fotos com colagens e colagem com técnica mista que traz a força dos povos originários de de Abya Yala. Narrativas invisíveis de originárias, afirmação identitária, encantaria, indígenas urbanizados, memória ancestral, futurismo indígena compõem esta série. A artista retomou em Janeiro de 2020 a série de forma colaborativa, com co-autorias de indígenas retratados.

Pensando a partir do conceito de memória e identidade social de Michael Pollack (1992), que diz que a memória a princípio parece ser um fenômeno individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa, através de outras referências ele chega a conclusão de que a memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um fenômeno coletivo e social, ou seja, como um fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações e mudanças.

Mirasawá é um povo em nheengatu, uma língua de origem do tronco tupi que foi falada por quase todo o território brasileiro, nos aldeamentos das missões religiosas. Colagem Digital colaborativa feita com Vandria Borari, Nivia Borari e Milena Tupi. Nascimento de Vênus é uma releitura da obra de Sandro Botticelli, só que trazendo uma personagem indígena Yanomami (foto de Claudia Andujar).

25% será doado para o povo Yanomami de Roraima. 

Renata Tupinambá: Aratykyra, é jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, há 15 anos atua na difusão das culturas indígenas e etnocomunicação.

Gosta de por meio das suas obras poéticas, visuais ou sonoras trazer cosmovisões, críticas sociais e temas como ancestralidade. Atualmente é fundadora da produtora indígena Originárias Produções e criadora do Podcast Originárias.

Roteirista da série “Sou Moderno, Sou Índio”. É colaboradora do Visibilidade Indígena e membro do Levanta Zabelê, localizado em Una, na Bahia. Foi curadora do Festival Corpos da Terra(2021), Festival de Música Indígena no Indígenas BR 2021 (CCVM), Escuta Festival 2021 (IMS-RJ), Mostra de Etnomídia Indígena e Slam Coalkan (slam indígena mundial realizado pela FLUP)(2021).

Sua trajetória tem sido marcada por uma dedicação inspiradora pela arte feita por artistas originários, comunicação e também pelo envolvimento em projetos transformadores nesse cenário.

Iasy Tatá

Fotografia da série Oráculo Tupi. Encantaria junto do oráculo Tupi que remete uma conexão atemporal com a memória de povos do tronco Tupi em um passeio pela subjetividade cosmológica de conexão com o todo por meio de elementos naturais, desenhos, grafismos, maracá e objetos encantados no diálogo com a terra junto das constelações.

Walelasoepilemãn Suruí: Pí Suruí. Ativista Indígena do Povo Paiter Suruí e primeira mulher Suruí a se tornar fotógrafa profissional. É comunicadora do coletivo Mídia Índia, membro da Associação de Defesa Etnoambiental — Kanindé  e Coordenadora de Cultura da Associação Metareilá do Povo Indígena Paiter Suruí. É também Conselheira do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – CEPIR.

Liberdade de sentir

Foto tirada em um momento de lazer de uma jovem Paiter Surui, aproveitando e sentindo a natureza.

Pescaria

Foto tirada em uma pescaria realizada junto com o povo Uru Eu Wau Wau.

Marcos Vinícius Rego Barbosa – galeria PUPTI: Natural de Belém do Pará, passou os últimos três anos estudando a produção artesanal amazônica, o que o levou a criar a Pupti (primeira marca de artes e design amazônico de alto luxo), empresa onde também atua como curador e crítico de arte, tendo textos publicados internacionalmente para apresentar e avaliar trabalhos de artistas nativos.

Foi imerso no meio da arte que resolveu assumir seu talento para a fotografia e montar seu primeiro trabalho como artista, intitulado “Amazônia Humanizada”, do qual a obra “Feirante Abaetetubense” faz parte.

Feirante Abaetetubense

Fotografia da série Amazônia Humanizada. Às margens do rio Maratauíra (afluente do rio Tocantins), a feira de Abaetetuba é reconhecida mundialmente pela diversidade e fartura, nela os moradores da Pérola do Tocantins (como Abaetetuba é conhecida), diariamente interagem com fornecedores ribeirinhos que ali comercializam os produtos cultivados na floresta e que garantem a subsistência de numerosas famílias espalhadas pelas ilhas que circundam a cidade.

A obra “Feirante Abaetetubense” retrata, por meio da imagem do vendedor de cestos, o papel importante que o artesanato tradicional desempenha na cultura, economia e história da região, produzido por meio de um conhecimento repassado por gerações integrantes de comunidades tradicionais que têm como principal missão garantir a preservação da floresta Amazônica.

Sallisa Rosa: Atua com a arte como caminho a partir de experiências intuitivas ligadas à ficção, ao território e à natureza. Além disso, debruça-se sobre imagens relacionadas a temáticas como memória e identidade; narrativas de descolonização e estratégias de criação de futuro.

Circula entre fotografia e vídeo, instalações e obras participativas. Em sua trajetória, é central o comprometimento com práticas artísticas voltadas para construções coletivas, no sentido de desdobrar obras em atividades artístico-pedagógicas, formular conversas, partilhar saberes.

A artista foi indicada ao Prêmio PIPA 2020 e participou na a Trienal do SESC em Sorocaba (2021), na exposição Histórias feministas: artistas após 2000, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) (2019), VAIVEM, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro (2019), São Paulo (2019) e Belo Horizonte (2020); na Bienal do Barro, Caruaru (2019), Estratégias do feminino, Farol Santander, Porto Alegre (2019), Bolsa Pampulha 2018/2019, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2019) e Dja Guata Porã: Rio de Janeiro indígena, Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) (2017-18). Participou das Residências MAM 2020.

Da série Facas feitas

Facas feitas é uma série de fotografias que, desde 2018, registra utensílios cortantes, em sua maioria, feitos pela família da artista e pessoas próximas a ela, uma prática tradicional adaptada à contemporaneidade. Nas lâminas das facas estão registradas que o corte garante a sobrevivência.

Nelson Porto: sempre se mostrou fascinado com a distância entre a realidade e o que nós percebemos dela. Ao longo dos últimos 20 anos, Nelson vem utilizando ferramentas como o desenho realista, a fotografia e o timelapse para desafiar a sua própria percepção a respeito do que é real, e essa investigação é um dos pilares do seu trabalho artístico.

Esse treino de observação mais profunda e atemporal da realidade acaba por revelar que estamos cercados de algo infinitamente mais complexo e interessante do que aquilo que (mal) enxergamos no dia a dia.

Filho de um professor de desenho e uma psicóloga, Nelson sempre se interessou pela forma como o cérebro decodifica os volumes através de luz e sombra, criando realidades onde só existe ilusão. A fotografia é o espaço-base, de onde ele continuamente extrai suas percepções e onde re-projeta significados em uma experimentação que é tanto sensível quanto complexa.

Da fotografia como matéria prima, surgem desenhos, duplas-exposições, panoramas, timelapses, hyperlapses, fotogrametrias e até mesmo bases de imagens para machine learning. Essa é uma característica marcante do seu trabalho: a mistura de processos profundamente artesanais com tecnologia contemporânea.

Outro tema recorrente e transversal ao trabalho de Nelson é o tempo, dimensão que ele explora através de vídeo-artes e timelapses que conduzem o olhar pelo fascínio de observar o imperceptível movimento das sombras e da luz, das nuvens e das cores no céu, preenchendo os vazios eloqüentes dos espaços com os longos tempos de exposição das fotografias.

Em 2018, a exposição “Ruína Carioca” misturou fotografia e realidade virtual: ao visitar um prédio de luxo abandonado em frente ao cartão postal do Pão de Açúcar, as imagens evocam a decadência e o vazio deixado de outras eras. A exposição contou com a imersão solitária em um dos ambientes do prédio em ruínas, e foi um dos destaques da SPFoto 2018, na análise dos curadores Giacoppo Crivelli e Fabio Faisal.

Em 2019, levou novamente a Realidade Virtual para o SP Foto, com o trabalho Liquenscape, que unia uma peça de vídeo imersiva em 360º 3D, um giga panorama do Parque Nacional de Itatiaia, e uma imersão macro na complexidade fractal da natureza, novamente representado pela Bianca Boeckel Galeria. A fotografia “Água é Ouro” foi destacada na mídia pela relação com o meio-ambiente.

Em sua primeira exposição individual, “Raiz” de 2013, na Bianca Boeckel galeria, revisitou o material colhido de viagens a Etiópia, Índia e Amazônia em busca de um precioso fio humano ancestral compartilhado, de traços de uma cultura milenar que se torna fragmentada e distante em nossos tempos acelerados.

“Raiz: Amazônia”, de 2021, Nelson revisita esse acervo com olhar contemporâneo, gerando mandalas caleidoscópicas que evocam a arte dos povos Yawanawa, suas experiências ritualísticas com Ayahuasca e sua relação com a floresta e sua cultura, em uma coleção de NFTs de arte digital, e foi apresentado na SP Arte 2021 pela Bianca Boeckel Galeria.

Já a série “Tempos Difusos” trouxe o contraste claro entre as imagens e vídeos das praias vazias e cheias do Rio de Janeiro, unindo fotografia e vídeo-arte. A série foi apresentada na ArtRio 2021 com a vídeo-arte “Altinha”, e foi a primeira série de NFTs do artista.

Atualmente pesquisando arte generativa e machine learning, seus próximos trabalhos prometem tecer uma relação ainda mais profunda entre arte e tecnologia, realidade e percepção.

Mandala Yawanawa (Vídeo da série #RAIZ/AMAZÔNIA)

No coração da Floresta Amazônica, no extremo oeste do Brasil, no estado do Acre e muito próximo à fronteira com o Peru, existe e resiste o povo Yawanawá. Espalhados por sete aldeias ao longo da cabeceira do rio Gregório, os cerca de mil Yawanawa são sobreviventes da colonização, das missões religiosas e dos seringueiros que quase extinguiram o “povo da Queixada”.

Há alguns anos, o povo Yawanawa elegeu o caminho de abrir suas aldeias e sua convivência para a presença do homem branco, em determinados momentos de encontro e confraternização. A oportunidade de conhecer o povo Yawanawa de perto, vivenciar os seus rituais e observar de perto a ligação desse povo com a floresta é uma experiência quase indescritível, e uma forma de entender e ajudar a preservar essa rica cultura e tradição.

As minhas vivências junto aos Yawanawa constituíram um ponto de profunda inflexão em minha trajetória, e em minha forma de me perceber no mundo. Ao longo de dez anos, meu contato com as medicinas e rituais tradicionais dos povos Yawanawa provocou uma longa jornada de descoberta interior, que resultou em profunda transformação da minha percepção.

O impacto dessas vivências se faz muito presente nesse trabalho, que é todo baseado em sequências de imagens fotográficas captadas durante o Mariri, na Aldeia Nova Esperança, em 2011.

O “mariri” ou “saiti” é a grande festa Yawanawa, a celebração das suas tradições e costumes, e dura diversos dias de convivência entre diferentes grupos sociais. É um período de rica troca e vivência cultural, em que seus corpos são pintados para participar de muitas rodas, danças e brincadeiras, e os mais diversos artesanatos, de roupas feitas de tecelagem a pulseiras e colares feitos de miçangas, são trocados e vendidos.

A estética artística Yawanawa está muito baseada nos desenhos dos kenés, que são coleções infinitas de padrões geométricos coloridos e únicos, recebidos na força dos rituais de Ayahuasca, e que são onipresentes em seu artesanato e em suas pinturas corporais. Para além da estética, os kenés representam determinados animais e entidades da floresta, como o macaco, a jiboia ou determinadas plantas.

Nessa série, busco criar um claro diálogo estético entre as suas imagens fotográficas captadas no Mariri, e a geometria e cores dos Kenés — para isso usando do espelhamento duplo e quádruplo das imagens. O resultado são as Mandalas Yawanawa, compostas de 60 imagens estáticas, e 12 Mandalas Animadas, em vídeo-loops criados a partir das sequências de imagens.

Esteticamente, o espelhamento resulta em geometrias psicodélicas que remetem diretamente aos Kenés, mas compostos de elementos de pintura corporal, penas, cocares, colares, corpos em roda, jenipapo e urucum.

Em movimento, evocam visões, reflexões e sensações de um ritual de Ayahuasca. Os corpos pintados nas rodas de Mariri se apresentam ora como matéria, ora como pura vibração no meio da floresta. As rodas e brincadeiras se desdobram em caleidoscópios que desafiam a nossa percepção a se perceber como apenas mais uma entre infinitas possibilidades de visualização da realidade.

Em gratidão a tantos aprendizados, e em busca de ajudar o Povo Yawanawa a resistir e prosperar, preservando sua área de floresta Amazônica em tempos tão desafiadores, este projeto dedicará 10% de todas as vendas, presentes e futuras, a projetos comunitários desenvolvidos pelas lideranças do povo Yawanawa.

Sobre Mercado Bitcoin

O Mercado Bitcoin é a maior plataforma de negociação de criptomoedas e ativos alternativos da América Latina, além de ser o primeiro unicórnio cripto no Brasil. A empresa é associada da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) e adepta ao Código de Conduta e Autorregulação na Prevenção à Lavagem de Dinheiro desenvolvido pela associação e que garante que as empresas signatárias cumpram as melhores práticas de compliance.

Com 3,2 milhões de clientes, o Mercado Bitcoin está transformando a relação das pessoas com seu próprio dinheiro e democratizando o acesso a ativos alternativos com liquidez e segurança.

Sobre Tropix

A Tropix veio para empoderar a arte com tecnologia, conectando propriedades com proprietários usando blockchain.

Na contramão de outras plataformas de NFT, a Tropix investe na colaboração com as galerias de arte. Por isso, exibimos uma curadoria minuciosa de artistas brasileiros já consagrados, agora com os seus trabalhos de Crypto Art.

Sobre Projeto Suruí de Rondônia

A Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, foi fundada em 14 de fevereiro de 1989 no Município de Cacoal-RO e atua na defesa e preservação do patrimônio cultural e territorial, buscando promover a garantia da biodiversidade e a formação dos povos e lideranças indígenas no intuito de construir e fortalecer a sua autonomia.

As diversas atividades desenvolvidas pela Metareilá buscam envolver toda a comunidade indígena assegurando assim o respeito da organização social, seus costumes, línguas, crenças, tradições e todas as demais formas de manifestações culturais na Terra Indígena Sete de Setembro, situada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso com oito aldeias de famílias indígenas associadas.

A Terra Indígena Sete de Setembro abrange os Municípios de Cacoal, Ministro Andreazza e Espigão do Oeste no Estado de Rondônia e o município de Rondolândia no Mato Grosso em uma área de 247.869, sendo a única área remanescente de cobertura com vegetação nativa e com isso é alvo de retiradas ilegais de madeira, caça e pesca por não indígenas e mineração, afetando diretamente a vida, a cultura, os costumes e tradições, a caça e pesca de subsistência aos Paiter e o extrativismo da castanhas, plantas medicinais e outras fontes da floresta utilizadas por eles.

Com o projeto, pretendemos fortalecer a vigilância territorial capacitando e pagando ajuda de custo para 30 indígenas Paiter Suruí para as atividades de vigilância.

Para isso, precisamos de equipamentos como drones, GPS, câmeras fotográficas, notebooks, veículo para transporte e logística para as expedições de vigilância e gestão do território.  O projeto também deve apoiar as articulações de governança e reuniões no território nas 30 aldeias com o povo e lideranças.

Pretende-se beneficiar com esse projeto, a Associação Metareilá com apoio institucional para gestão administrativa, financeira e execução de atividades em 30 aldeias na Terra Indígena Sete de Setembro.

Sobre Almir Suruí

Almir Narayamoga Suruí é o Cacique Geral da Terra Indígena 07 de Setembro, representante do Povo Paiter Suruí. Original de Rondônia, seu papel como liderança indígena ganhou notoriedade internacional por sua atuação pioneira na gestão sustentável, monitoramento e em defesa de seus territórios.

Por suas contribuições, recebeu importantes reconhecimentos como a premiação da Sociedade Internacional de Direitos Humanos e o título de “Herói da Florestas”, concedido a ele pelas Nações Unidas em 2013.

Sobre Nossa Terra Firme

A Nossa Terra Firme é uma empresa de consultoria estratégica em growth hacking, investimento e implementação de projetos ESG, e assessoria técnica para projetos socioambientais realizados em países em desenvolvimento.

Em sua atuação, preza por trazer o público beneficiário de projetos ESG para a mesa de decisão, enriquecendo assim o potencial de impacto destas iniciativas.

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