As bolsas globais reverteram os ganhos da madrugada e operam com volatilidade nesta segunda-feira (31) e o movimento é acompanhado pelas criptomoedas.
Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições brasileiras, os investidores acompanham a transição do governo para buscar pistas sobre o marco regulatório dos criptoativos – apesar do silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a derrota.
Em reais, o preço do Bitcoin mostra um pequeno recuo de 0,2%, para R$ 109.927,75, conforme o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Bitcoin (BTC) tem leve alta de 0,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 20.776, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) também mostra estabilidade, com queda de 0,1%, para US$ 1.615.
As altcoins são negociadas entre perdas e ganhos, como Binance Coin (+4,1%), XRP (-0,8%), Cardano (-1%), Solana (+3,8%), Polygon (-0,9%), Polkadot (+2,4%), Shiba Inu (-1,3%) e Alavanche (+1,6%).
Eleições 2022
O resultado das eleições presidenciais no Brasil não afeta o preço do Bitcoin e de outras criptomoedas – que oscilam de acordo com a percepção global para investimentos em ativos de risco – mas a agenda política e econômica do novo presidente será acompanhada de perto por investidores do setor no país.
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela terceira vez para a presidência da República em uma disputa acirrada com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que obteve 49,1% dos votos válidos contra 50,9% do candidato do PT. Foi a vitória mais apertada desde a redemocratização. Com 60,3 milhões de votos, Lula superou o próprio recorde do segundo turno de 2006, quando recebeu 58,2 milhões. Bolsonaro também conseguiu mais votos do que em 2018 (58,2 milhões agora contra 57,7 milhões quando foi eleito presidente).
Bolsonaro ganhou força na corrida do segundo turno, com 7 milhões de votos a mais do que no primeiro, enquanto Lula atraiu 3 milhões acima do obtido em 2 de outubro.
O mandatário ainda não se pronunciou sobre a derrota. Segundo a Folha de S. Paulo, o presidente não quis receber seus ministros no domingo (30) e foi dormir. Quem não poderá dormir no ponto será Lula, de acordo com aliados, que esperam uma transição difícil e sonegação de informações, aponta análise do Estadão.
Meirelles na Binance
Análise do portal Seu Dinheiro diz que Lula pode ter um forte aliado com uma visão favorável ao mercado de criptoativos: Henrique Meirelles. O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central passou a ocupar em setembro um dos assentos do conselho consultivo da maior corretora de criptomoedas do mundo, a Binance.
Outro ponto é o papel do Banco Central no novo governo. Por enquanto, nada muda, já que a autoridade monetária tem independência e Roberto Campos Neto vai continuar no comando até 2024. Depois disso, o chefe do Executivo deve indicar um novo presidente para o BC nos próximos anos. Campos Neto, que tem adotado políticas favoráveis à digitalização da economia, já avisou que não pretende se apresentar para um segundo mandato.
Um dos segmentos da indústria cripto que poderia deslanchar no mercado brasileiro com a regulação é a mineração de Bitcoin, diz John Blount, CEO da FMI Minecraft Management. Em artigo no Portal do Bitcoin, Blount afirma que o Brasil tem grande potencial para a atividade, mas precisa se adequar às condições necessárias para concorrer com outros países.
Lei das criptomoedas
A expectativa do mercado também se volta para a aprovação ou não neste ano do Projeto de Lei nº 4.401, conhecido como Lei das Criptomoedas, que ainda aguarda o sinal verde da Câmara dos Deputados. Reportagem do portal Livecoins afirma que há um novo PL em tramitação no Senado que serviria de complemento e que planeja regularizar a emissão, intermediação, custódia e liquidação de criptomoedas no Brasil, de autoria da senadora Soraya Thronicke (UNIÃO/MS).
Mesmo se a Câmara não votar o PL neste ano, especialistas acreditam que a essência do projeto não será alterada, já que ambos os candidatos tinham propostas econômicas parecidas, como destacou Juliana Facklmann, diretora global de regulação da 2TM, dona do MB, no podcast Papo Cripto do portal Seu Dinheiro.
Para Facklmann, o investidor deve acompanhar, principalmente, os projetos de lei que estão em debate nos Estados Unidos e na União Europeia, como no âmbito de diretrizes para a prevenção à lavagem de dinheiro.
“As regras de PLDFT [Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo] que estão no PL de criptomoedas são uma tradução da determinação do G20. A gente já percebe que o regulador leu esse documento”, diz Facklmann.
Família Bolsonaro no metaverso
Mesmo com o fim da batalha eleitoral no mundo físico, a disputa segue no espaço virtual. Renan, o filho mais novo de Jair Bolsonaro, lançou seu próprio metaverso, chamado Myla, que promove como embaixador nas redes sociais e é sócio, segundo a empresa que criou o projeto.
O metaverso, que engloba um jogo baseado em tokens não fungíveis (NFTs) e uma criptomoeda própria suspeita chamada MYLA, já arrecadou pelo menos R$ 266 mil desde quarta-feira (26), quando o token começou a ser vendido, de acordo com reportagem do Portal do Bitcoin.
No jogo, que tem Renan Bolsonaro como garoto-propaganda, os personagens “do bem” representados pelo presidente Bolsonaro e seu filho caçula, além de Fernando Holiday e Donald Trump, combatem os inimigos do time “vermelho”, que caminham “como zumbis” tentando atacá-los.
Bitcoin hoje
De volta ao cenário internacional, o Bitcoin acompanha a volatilidade dos índices futuros dos EUA e das bolsas europeias, onde investidores aguardam mais resultados corporativos e decisões-chave de política monetária.
Ainda assim, a maior criptomoeda pode fechar outubro com o primeiro ganho mensal desde julho, de acordo com o CoinDesk. Mas o desempenho do BTC não se compara ao forte histórico tradicional do mês de outubro. E analistas da Coinbase Institutional alertam que gráficos de preço enviam sinais contraditórios.
O Morgan Stanley diz que uma porcentagem recorde de bitcoins (78%) não tem sido usada em transações há seis meses. Em quase um ano de inverno cripto, a maioria dos investidores que comprou o token em 2021 enfrenta fortes perdas e parece esperar por ralis para fechar posições.
Nesta terça-feira (1), começa a reunião de política monetária do banco central americano. A decisão sai na quarta-feira (2), feriado no Brasil, e a expectativa é de um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica. De qualquer forma, alguns economistas, como a equipe da Yardeni Research, esperam um tom mais suave do Federal Reserve em relação ao rumo dos juros.
Na sexta-feira (4) sai outro número importante, o relatório do mercado de trabalho nos EUA em outubro, que deve mostrar até que ponto os juros mais altos estão desacelerando a maior economia do mundo.
Futuro do Twitter
Dogecoin, o token preferido do novo dono do Twitter, recua 1,1% nas últimas 24 horas. Os contratos futuros da criptomoeda registraram liquidações de quase US$ 90 milhões no fim de semana após a confirmação da compra da rede social por Elon Musk. Cerca de US$ 52 milhões desse total eram relativos a apostas de investidores na queda do preço do token, segundo o CoinDesk.
Sam Bankman-Fried, fundador e CEO da exchange FTX, pode embolsar até US$ 100 milhões com a aquisição do Twitter. O executivo possuía entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões em ações da rede social antes da aquisição ser concluída na quinta-feira (27), disse uma fonte com conhecimento direto do assunto ao The Block.
O mercado agora busca pistas dos planos de Musk para o Twitter, especialmente por meio de parcerias com a indústria cripto, de acordo com a Bloomberg.
Uma delas parece já estar a caminho. A Binance quer trabalhar com o Twitter para combater contas usadas por bots com a ajuda das tecnologias blockchain e cripto. “A Binance está criando uma equipe interna para se concentrar em maneiras pelas quais blockchain e cripto podem ser úteis para o Twitter e debater ativamente planos e estratégias que possam ajudar Elon Musk a realizar sua visão”, disse um porta-voz da Binance ao Decrypt na sexta-feira (28).
Outros destaques
A corretora Coinext vai lançar no Brasil um serviço que permite o empréstimo de criptomoedas, no qual usuários cedem seus tokens a startups de finanças descentralizadas (DeFi) em troca de remuneração. Segundo o Valor Econômico, o serviço ainda é inédito no Brasil e coincide com o lançamento das ofertas do chamado “staking”, um produto cripto que lembra a renda fixa. A Coinext pretende trazer tanto o “staking” quanto empréstimos para o país.
Um dia antes de a Binance anunciar a listagem da criptomoeda Osmosis (OSMO), um endereço na blockchain comprou dois milhões de unidades do token. Segundo o jornalista Colin Wu, de Hong Kong, a operação pode consistir em suposto uso de informações privilegiadas. A corretora confirmou ao Portal do Bitcoin que está investigando o caso.
“Finalmente consegui lucrar só com as mãos”. A frase é do ex-craque da seleção Ronaldinho Gaúcho, que recentemente passou a promover a controversa plataforma de negociação de opções binárias Olymp Trade. Assim como a IQ Option, a Olymp Trade já recebeu alertas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por atuação irregular no mercado brasileiro.
A primeira contadora de criptoativos do Brasil, Ana Paula Rabello, lança nesta segunda-feira (31) a primeira edição do e-book gratuito “Como Contabilizar Bitcoins e Outros Criptoativos”, uma publicação voltada especialmente aos profissionais da área. Baixe aqui o e-book.
Em evento recente em Londres, a fabricante de smartphones Vertu revelou seu mais novo aparelho: Metavertu, um “telefone Web3” que pode executar seu próprio node (nó) blockchain e transformar fotos e vídeos em NFTs com um único clique. O modelo básico, com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno, sai por US$ 3,6 mil. Já a versão top de linha, com 18 GB de RAM e 1 TB de armazenamento, vem envolta em “couro de jacaré himalaya”, ouro 18K e diamantes. O preço é bem mais salgado: US$ 41 mil.
Em 2017, o fracasso do Festival Fyre—dirigido pelo criminoso condenado Billy McFarland—foi um drama que se transformou no documentário Fyre Festival – Fiasco no Caribe, um grande sucesso na Netflix. Agora, uma nova empresa quer colocar a ilha nas Bahamas que serviu de palco para o fracassado evento de música de volta no mapa, com vilas de luxo vendidas por meio de tokens não fungíveis.