Tanque durante combate
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Um embate entre titãs do mercado pesa sobre as negociações de criptoativos nesta segunda-feira (7). A notícia de que a corretora Binance vai vender todos os tokens nativos FTT da exchange FTX devido a dados preocupantes no balanço da Alameda Research, braço de investimentos da rival, joga o preço das principais criptomoedas para o vermelho. 

O Bitcoin (BTC), que no sábado (5) atingiu o maior patamar em sete semanas, recua 2,5%, para US$ 20.665,69, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) perde 3,8%, negociado a US$1.560,83. 

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Em reais, o Bitcoin mostra baixa de 2,2%, cotado a R$ 105.523,72, conforme o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).  

As principais altcoins também operam no vermelho nesta segunda, entre elas Binance Coin (-6,3%), XRP (-4,7%), Cardano (-4,1%), Polkadot (-4%), Shiba Inu (-4,1%) e Avalanche (-6,7%). 

Polygon (MATIC) se segura em terreno positivo com alta de 3,3%, ainda na esteira dos planos do Instagram de permitir a negociação e emissão de tokens não fungíveis (NFTs) baseados na rede. O token sobe 32% em sete dias e pode ser uma boa opção de compra a longo prazo, diz Markus Thielen, chefe de pesquisa e estratégia da provedora de serviços cripto Matrixport. 

FTX sob pressão 

O FTT, token nativo da corretora cripto FTX, recua 2,3% nas últimas 24 horas e já perde mais de 12% no acumulado de sete dias. A criptomoeda sofre uma pressão vendedora desde o fim de semana em meio a dúvidas sobre a saúde financeira da Alameda Research, empresa de trading cripto de Sam Bankman-Fried (SBF), que também é dono da FTX.  

Reportagens revelaram que grande parte do balanço da Alameda é composto por tokens FTT, que respondem por US$ 5,8 bilhões dos US$ 14,6 bilhões em ativos da empresa de investimentos – o que pode revelar uma vulnerabilidade da empresa e uma possível insolvência frente a uma queda acentuada desse token.

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O CEO da Binance, rival da FTX, não perdeu tempo e foi ao ataque. Pelo Twitter, Changpeng ‘CZ’ Zhao anunciou que pretende liquidar todo o estoque do token FTT: 

“Como parte da saída da Binance do capital da FTX no ano passado, a Binance recebeu cerca de US$ 2,1 bilhões equivalentes em dinheiro (BUSD e FTT). Devido às recentes revelações que vieram à tona, decidimos liquidar qualquer FTT remanescente em nossos livros”, segundo tuíte no domingo (6). Mas CZ ressaltou que pretende vender os tokens de forma a minimizar o impacto no mercado. 

Em resposta ao tuíte de CZ, a diretora-presidente da Alameda, Caroline Ellison, disse que, se ele está preocupado com o impacto das vendas, a empresa pode comprar todos os tokens agora ao preço de US$ 22 cada. 

Também no domingo, a executiva tuitou que as condições financeiras da Alameda são melhores do que as refletidas no balanço ao qual o  CoinDesk teve acesso

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Para arrematar a troca de chispas, Sam Bankman-Fried mandou um recado para CZ: “Faça amor e (blockchain), não a guerra”.  

Outro token afetado pela disputa é o Solana (SOL), que se desvaloriza 13% nas últimas 24 horas. O balanço da Alameda obtido pelo CoinDesk mostrou que a empresa tem o equivalente a US$ 292 milhões de SOL “desbloqueado”, US$ 863 milhões de SOL “bloqueado” e US$ 41 milhões de SOL como garantias. 

Dados da Nansen mostram que cerca de US$ 292 milhões em stablecoins foram retiradas da FTX na última semana, talvez devido a temores de problemas de liquidez na Alameda. 

A criptomoeda vinha de um rali embalado pela notícia de que o Google Cloud, divisão de computação em nuvem do gigante de buscas, está executando um validador na rede e em breve adicionará recursos destinados a receber desenvolvedores e executores de nodes da blockchain. 

Novo Twitter 

Musk e Mask podem ter mais em comum do que grafias parecidas. Depois de confirmada a aquisição do Twitter por Elon Musk, o desconhecido token MASK saltou mais de 300%, passando de US$ 1,36 em 27 de outubro para US$ 5,66 na quinta-feira (3). Além disso, o token, que opera na rede Mask Network, foi adicionado ao novo Bluebird Index da Binance, que também acompanha o desempenho de criptomoedas como sua BNB e Dogecoin. 

A Binance contribuiu com US$ 500 milhões para o financiamento da compra do Twitter, mas a corretora disse que o índice, cujo nome “Bluebird” significa pássaro azul, justo o símbolo da rede social, não tem a ver com o investimento. Ainda assim, analistas do mercado se perguntam se os três tokens podem ser usados futuramente em pagamentos via Twitter.  

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Na primeira grande mudança sob o comando de Musk, no sábado (5) a plataforma atualizou o aplicativo na App Store para começar a cobrança de US$ 8 mensais pelo selo de verificação de conta da rede social. 

E como prova de como o processo de demissão de 3.700 funcionários do Twitter – metade da força de trabalho – foi apressado e caótico, a rede social agora está pedindo que dezenas de demitidos voltem a trabalhar na empresa, disseram duas pessoas à Bloomberg.  

Alguns foram dispensados por engano, enquanto outros foram mandados embora antes que a companhia percebesse que sua experiência poderia ser necessária para criar as ferramentas nos planos de Musk. No sábado (5), Jack Dorsey, cofundador do Twitter, pediu desculpas por ter expandido a empresa de forma muito rápida. 

Mais demissões 

E outra gigante que começa a demitir milhares de funcionários esta semana é a Meta, apurou o Wall Street Journal. A dona do Facebook e do Instagram enfrenta crescentes perdas e tem investido pesado em seu metaverso. No fim de setembro, a empresa empregava 87 mil pessoas. 

Quem também está cortando empregos é a Mythical Games, empresa de videogames blockchain que levantou mais de US$ 270 milhões em capital de risco. A Mythical demitiu 10% da equipe e perdeu três altos executivos na semana passada, informou a Bloomberg. 

E sob o impacto do inverno cripto, São Paulo foi a 7ª cidade com o maior número de demissões na indústria global de criptoativos entre 1º de janeiro e 1º de novembro de 2022, segundo levantamento do CoinGecko publicado pelo InfoMoney.  

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Nesse período, empresas cripto da maior cidade do Brasil demitiram 190 funcionários. São Francisco liderou os cortes, com 1.142 demissões, seguida de Dubai (609), Nova York (463), Singapura (368), Viena (270) e Jersey City (250). 

Bitcoin hoje 

No mercado internacional, as negociações são marcadas por volatilidade nesta segunda. Investidores analisam os resultados corporativos e tentam confirmar se a China de fato vai reverter sua política de Covid Zero. 

Após os fortes dados conflitantes do mercado de trabalho americano na sexta-feira (4), a atenção dos investidores se volta para o relatório do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI), que sai na quinta acompanhado dos pedidos de seguro-desemprego. 

Na sexta, o medo de perder uma boa oportunidade de compra impulsionou o Bitcoin, que conseguiu romper a marca de US$ 21 mil. 

Para Lucas Passarini, especialista em criptoativos do MB, uma das grandes novidades na semana passada foi a confirmação de que o mercado cripto se “descorrelacionou” do desempenho das bolsas de valores dos EUA.

“Esta sexta-feira foi um dia em que as criptomoedas recuperaram toda a queda que aconteceu entre segunda e quarta-feira. Não há uma narrativa majoritária que justifique a descorrelação, mas estamos vendo um alívio neste mercado”, destaca em artigo no Valor.  

Outros destaques das criptomoedas 

A oferta de tokens de precatórios como alternativa de investimento tem crescido em linha com a migração de investidores para produtos de renda fixa em um cenário de juros elevados, destaca a Folha de S. Paulo. Mas a incerteza jurídica e política gerada pela falta de definição sobre as regras para precatórios levou a MB Tokens a suspender o lançamento desse tipo de ativo neste ano. A expectativa é voltar a ofertar o produto em 2023, diz Vitor Delduque, diretor de Novos Negócios da plataforma. 

O braço de fundos de investimento do Itaú planeja lançar um fundo de índice (ETF) para seguir o preço do Bitcoin. O produto está em fase pré-operacional e foi constituído no dia 18 de outubro, conforme o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O fundo foi batizado como “It Now Bloomberg Galaxy Bitcoin Fundo de Índice”. A It Now é o provedor de ETFs do Itaú, cuja prateleira é extensa em produtos tradicionais, mas inexistente em criptomoedas. Procurado pelo Portal do Bitcoin, o Itaú não quis comentar. 

A fintech argentina Uala lançou uma ferramenta de negociação de Bitcoin e Ethereum para seus clientes no país. A princípio, o novo serviço estará disponível para alguns milhares de usuários, disse ao CoinDesk Andrés Rodriguez Ledermann, vice-presidente de Wealth Management da Uala, mas será lançado para todos os 4,5 milhões de clientes argentinos nas próximas semanas. 

No Reino Unido, o Santander confirmou que vai bloquear pagamentos em tempo real de clientes para exchanges de criptomoedas em 2023 como parte de medidas para proteger usuários de golpes, disse o banco em comunicado enviado por e-mail na sexta-feira (4) e divulgado pela Reuters. O banco espanhol já havia anunciado um limite de 1.000 libras esterlinas (US$ 1.123) para transações cripto de clientes a partir do dia 15. 

Quando a blockchain Ethereum passar por sua próxima grande atualização em 2023, chamada de Shangai, alguns participantes importantes devem se beneficiar da redução das taxas, enquanto outros usuários da rede ficarão de fora, de acordo com a Bloomberg

Aproveitando a proximidade da Copa do Mundo do Catar, que começa em 20 de novembro, a BetDEX, uma bolsa de apostas esportivas baseada em blockchain, será lançada na mainnet da rede Solana no dia 17, disse Varun Sudhakar, CEO da empresa, em entrevista ao The Block. 

Regulação, CBDCs e Cibersegurança 

O Banco Central tem acompanhado a volatilidade do mercado de criptoativos e verificado se essa turbulência pode causar algum estremecimento no cenário macroeconômico. A informação foi divulgada na última quinta-feira (3) no Relatório de Estabilidade Financeira

Investigações da Polícia Federal revelaram que Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, recebeu ajuda de outro acusado de golpes com criptomoedas, Vinicius Zampieri Marinho, para lavar R$ 100 milhões em recursos de clientes lesados, informou o jornal O Globo. 

Promotores sul-coreanos indicaram que Do Kwon, criador do token LUNA, poderia estar na Europa, de acordo com a Bloomberg. A localização do cofundador da Terraform Labs segue desconhecida depois que promotores em Seul pediram sua prisão por acusações que incluem violações da lei do mercado de capitais e manipulação de preços de tokens. Kwon está na lista de procurados pela Interpol. 

A Binance teria processado US$ 8 bilhões em transferências de criptomoedas para o Irã desde 2018, segundo reportagem da Reuters. O Irã está na lista de sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos. Quase o valor total – US$ 7,8 bilhões – foi transferido da Binance para a Nobitex, a maior corretora cripto do Irã. 

Procurada pelo Portal do Bitcoin, a corretora enviou nota dizendo que “embora a Binance.com não seja uma empresa americana, nós bloqueamos proativamente os usuários de regiões sancionadas, exigindo KYC (ou conheça seu cliente, procedimentos que exigem diversas informações) completo para todos os nossos usuários”. 

Metaverso, Games e NFTs 

A escola de samba Mangueira vai ganhar um espaço próprio no metaverso, de acordo com a coluna Anselmo Gois, do jornal O Globo. A experiência virtual é desenvolvida pela agência MetaMundi em parceria com o Upland. A novidade será apresentada durante a Rio Innovation Week, que acontece entre 8 e 11 de novembro, no Rio de Janeiro. 

E por falar na cidade maravilhosa, o brasileiro Jhoniker Braulio busca captar R$ 20 milhões para o desenvolvimento do game RIO – Raised In Oblivion, um jogo eletrônico com tecnologia blockchain que deve ser lançado no primeiro semestre de 2023, segundo o Valor.

Ambientado no Rio de Janeiro, o game é um FPS (jogo de tiro em primeira pessoa), com jogabilidade de sobrevivência que combina conflito com rivais e coleta de suprimentos. Gratuito para jogar, a expectativa é de que o RIO fature R$ 12 milhões com publicidade no primeiro ano e R$ 2,5 milhões com a venda de NFTs em dezembro. 

Apesar da cor roxo neon, a primeira máquina de venda automática de NFTs na Europa não chamou muito a atenção de transeuntes em Londres. O aparelho, que vendia um NFT por 10 libras esterlinas (US$ 11,18), foi exposto como parte da conferência NFT.London, encerrada na sexta-feira (4).  Hugo McDonaugh, cofundador da myNFT, plataforma por trás da máquina, disse à Bloomberg que agora os organizadores buscam um lugar mais permanente para o dispositivo. “Estamos analisando alguns bares.” 

As novidades no mercado de NFTs contrastam com a queda dos volumes de negociação, que despencaram 97% entre janeiro e setembro, mostram dados da Dune Analytics. Mas emartigo no Portal do Bitcoin, Isabela Rossa, country manager da CoinCloud no Brasil, diz que a queda na demanda por NFTs em 2022 “pode ser uma grande oportunidade para quem deseja entrar no mercado antes que a economia global se estabilize, os investimentos em inovação sejam retomados a todo vapor e o valor dos tokens atinjam novos patamares”. 

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